AgroConsciente uma nova visão na agropecuária catarinense
Após a polêmica dos agrotóxicos, surgida pela decisão do governador do Estado que resolveu taxar os defensivos agrícolas, sob o argumento de reduzir o consumo para proteger os consumidores, agricultores e o meio ambiente, surge uma nova proposta intermediária para tratar do assunto.
O secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa e a presidente da Epagri Edilene Steinwandter lançaram um programa de estímulo a novas formas de produção agropecuária em SC. Embora tenha ficado claro que a iniciativa foi para tentar mediar as intenções do governador com a realidade do agronegócio catarinense, não deixa de ser importante a proposta de começar um trabalho de consciência de novas formas de produção agrícola.
As propostas apresentadas para as entidades do agronegócio e para a área técnica do setor mostraram uma série de providências que deverão ser adotadas pela Epagri, Cidasc e Ceasa, visando implementar sistema de produção que no final demandem menor utilização de produtos químicos para agricultura.
O secretario foi enfático em dizer que o programa não tem a intenção de tratar dos defensivos agrícolas como o vilão da história. Ponderou que não é possível parar de utilizar defensivos nos dias atuais diante dos avanços tecnológicos que a agropecuária teve e que precisa dos produtos para se defender de pragas e ervas daninhas, especialmente nas culturas de grandes extensões e que são matéria prima para outras áreas do agronegócio.
Todas as entidades concordam que é importante cultivar sem produtos químicos, mas também reconhecem que isso só é possível em pequenas áreas ou produtos hortigranjeiros não em culturas como de soja, milho, trigo, feijão, etc.
O AgroConsciente lançado diz que o Estado vai investir R$ 40 milhões para desenvolver novos métodos de produção, mas não podemos desconhecer e reconhecer que isso já faz parte do plano de trabalho da Epagri em seus diversos programas que vem desenvolvendo há muitos anos.
Da mesma forma as atribuições da Cidasc no programa, também já vem sendo executadas regularmente, isto é fiscalizar o uso adequado dos defensivos agrícolas, o que, aliás, o faz com rigidez e reconhecido como o melhor sistema do país.
Como a intenção não é proibir o uso de produtos químicos, justificativa do próprio governador sempre que foi questionado sobre o assunto, há que se compreender que tributar produtos que até agora nunca tiveram imposto, é uma forma de proibição. A radical intenção inicial do governador de tributar os defensivos vem sendo amenizada pelo governante em suas últimas declarações. Não voltou atrás por enquanto, mas já amenizou o discurso. E isso tem facilitado o diálogo com o setor produtivo. Esse deve ser o comportamento de qualquer governante: diálogo.
Os deputados da Assembleia Legislativa já fizeram sua parte em rejeitar a tributação, embora ainda haja espaço para o governador vetar. A expectativa é que isso não ocorra, e que o problema seja repartido com os demais Estados brasileiros através do Confaz, isso só acontecerá em abril próximo.
O AgroConsciente veio na intenção de amenizar essa rixa, embora todos nós saibamos que os resultados desse programa deve ser de longo prazo, mas não deixa de ser uma iniciativa positiva, mas que precisa o envolvimento do setor produtivo e da conscientização dos produtores.
Nem tudo vai ser possível evitar o uso dos defensivos agrícolas, mas em qualquer volume que se possa reduzir não deixa de ser um avanço. Com diálogo entre entidades do setor agropecuário, políticos e administradores, certamente ficará mais fácil avançar. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro