Certificação é essencial para a pecuária do futuro, diz ABA

Cada vez mais, os consumidores exigem saber a procedência e as condições de produção daquilo que consomem. Com a proteína animal não é diferente e, por isso, os programas de certificação são fundamentais. Essa foi a tônica do Seminário Angus, evento promovido pela Associação Brasileira de Angus nesta quinta-feira (29), durante a Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). O evento ocorreu na Arena Rural e teve transmissão ao vivo pelo Canal Rural.

O ponto de partida do debate entre os painelistas foi a necessidade de dar garantias ao consumidor sobre a sustentabilidade da produção. Um exemplo citado é o selo Angus Sustentabilidade, recentemente lançado em Minas Gerais e validado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Somos a única associação de raça que tem um selo como esse”, afirmou o presidente da Angus, Nivaldo Dzyekanski, na abertura do seminário. Segundo o presidente, os trabalhos da Associação caminham no sentido de dar aos consumidores mais informações sobre os produtos que adquirem.

“Não é só atestar a qualidade da carne. É atestar os processos da porteira para dentro”, citou Dzyekanski sobre os pré-requisitos do selo, que integram questões de cunho ambiental e de responsabilidade social nas propriedades. Nessa lógica, para a gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes, mediadora do evento, é necessário avançar nas questões de aproximação com o consumidor. “Buscamos entendê-lo para que possamos atendê-lo. Trabalhamos numa cadeia produtiva em que quem manda é o consumidor”, destacou.

Segundo a diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Ufrgs, Márcia Barcellos, é preciso entender que os hábitos de consumo mudaram rapidamente ao longo dos anos e, hoje, não há maneiras de produzir sem ser visto pelos consumidores. “É um momento de desafios para a carne. Os consumidores estão cada vez mais conscientes”, afirmou. Para Márcia, a Angus possui importante protagonismo no assunto, pois trabalha com “a visão do início ao fim” da produção. A opinião foi compartilhada pelo diretor-geral do Varanda Grill, Sylvio Lanzzarini, que ressaltou a importância da bonificação gerada do programa aos produtores. “Não é uma vantagem. É uma obrigação para valorizar, antes de tudo, o produtor”, frisou.

Pioneiro do selo Angus Sustentabilidade, o Grupo ARG esteve presente no evento por meio do gerente Vitoriano Dornas Neto, que contou a história do grupo no cenário da pecuária e agronegócios. Neto sinalizou que a expectativa do grupo é terminar o ano com a média de 30 mil abates certificados. “Fomos atrás de uma genética que trouxesse consistência, padronização e qualidade”, destacou sobre os passos do grupo para avançar na pecuária.

Como forma de validar os argumentos apresentados para fomentar o consumo de carne de qualidade, o professor no Curso de Pós-Graduação da Fundação Universitária de Cardiologia Iran Castro levou ao debate os benefícios da carne na dieta. “A carne vermelha, do ponto de vista cardiovascular, é praticamente neutra”, afirmou o especialista, lembrando que é necessário manter uma dieta balanceada, entre grãos, vegetais e proteínas. Castro mostrou estudo internacional, patrocinado por Bill Gates, que mostra o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares em mais de 90 países, liderado pelo consumo excessivo de sódio. O consumo de carne bovina fresca aparece em último lugar do ranking. “Quem tem histórico de infartos e AVC precoces está propenso a essas doenças independentemente da dieta que consome”, disse.

Para fechar o debate, o chefe adjunto de Pesquisa na Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso, destacou os avanços genômicos da raça Angus na cadeia produtiva, as provas de eficiência alimentar e as avaliações de carcaça por meio do Índice Bioeconômico de Carcaça (IBC). “A partir dos testes genômicos, podemos determinar graus de resistência de animais aos parasitismos”, evidenciou.

O pesquisador citou, também, a consolidação da raça Ultrablack, que teve seu primeiro julgamento na Expointer e, para ele, é um dos passos que a raça está dando para garantir a produção de carne de qualidade com maior eficiência. Nesse sentido, Cardoso afirmou que é possível produzir com total sustentabilidade nos mais diversos sistemas de produção. “É garantia ao consumidor e rentabilidade ao produtor”, finalizou.


Fonte: Associação Brasileira de Angus (ABA) 

Foto: Gabriel Olivera / ABA

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