Curso ensina a selecionar reprodutores Angus
Uma das tarefas mais difíceis para quem trabalha com gado de elite é aprimorar a seleção de reprodutores e saber o que observar para acertar em cada acasalamento. Para orientar os criadores e novos investidores na raça, o inspetor técnico e criador Flávio Montenegro Alves ministrará, durante a Expointer 2019, o curso de Seleção e Julgamento na sexta-feira (30), 15h, no estande da Associação Brasileira de Angus.
Segundo ele, essa é uma oportunidade de conhecer mais a fundo as características fenotípicas e genotípicas da raça e seus usos em diferentes rebanhos. No curso, serão abordados ainda o processo de registro e seleção dos animais, além da apresentação do Programa Carne Angus Certificada.
Veja aqui 10 dicas para acertar na seleção
1. NASCIMENTO:
O animal tem que nascer. Por isso, é essencial observar a DEP ao Nascimento ao escolher um reprodutor para acasalar as novilhas. Uma recomendação é dar preferência a DEPs negativas ou muito próximas de zero. Isso porque é cada vez mais comum ver fêmeas muito jovens prenhas que ainda não atingiram o desenvolvimento corporal adulto, o que pode ocasionar sérios danos à mãe e ao filho devido ao tamanho incompatível do terneiro em relação à área pélvica da novilha.
2. HABILIDADE MATERNA
A habilidade materna traduz o potencial que uma vaca tem de alimentar seus terneiros e é uma característica hereditária. A fêmea que apresenta baixa produção leiteira deve ser eliminada do rebanho já na primeira cria para que essa característica não se prolifere em seus descendentes. Esse fator é essencial para a seleção do rebanho porque, mesmo que um terneiro tenha alto potencial genético, ele não se sobressairá se a mãe não tiver leite suficiente para alimentá-lo. Recomenda-se uso de animais com DEP de habilidade materna elevada, dado que está disponível nos sumários da raça
3. PESO AO DESMAME
É essencial que o criador mensure o peso dos terneiros ao desmame para aferir tanto o potencial genético do animal para ganho de peso quando a habilidade materna da mãe. Além disso, é um indexador importante para quem negocia seus animais em feiras e, inclusive, para chancelar o potencial de reprodutores em relação a sua progênie.
4. PESO AO SOBREANO
O peso ao sobreano (18 meses) está atrelado diretamente à precocidade e rentabilidade do rebanho. No caso dos machos, quanto mais pesados mais valorizados serão na hora do abate. No caso das fêmeas, o indicativo garante entrada antecipada no período reprodutivo.
5. CONFORMAÇÃO
A conformação de um animal é o resultado do equilíbrio entre estrutura óssea e muscular, comprimento e profundidade. Um dos mais importantes aspectos a serem analisado é a condição de aprumo. A má correção de aprumos interfere diretamente na articulação dos animais, prejudicando o seu caminhar e, consequentemente, seu desempenho sexual. Se a correção de aprumos não for boa, há grande chance de o touro se tornar um fracasso reprodutivo.
6.TAMANHO
Quando o assunto é tamanho, deve-se ter consciência que os extremos são indesejáveis. Um animal com tamanho mediano consegue se adaptar mais facilmente ao campo, e vacas nessa condição têm uma boa recuperação de peso no pós-parto e conseguem ingressar em um novo ciclo rapidamente. Animais muito pequenos podem apresentar limitação na expansão do peso, enquanto os muito grandes exigem mais alimentação para manutenção, o que pode afetar sua condição corporal. O ideal é buscar touros com frame entre 5,5 e 6,5.
7.POTENCIAL GENÉTICO
Não basta ter bons reprodutores, é necessário que o criador saiba explorar o potencial genético do rebanho. Uma alternativa é usar o chamado acasalamento dirigido, processo no qual o inspetor técnico fica responsável por avaliar as características de genótipo e fenótipo de cada animal para sugerir um casamento perfeito. Vale ressaltar que não existe um touro coringa que possa ser usado em todas as vacas.
8. PRECOCIDADE SEXUAL
Precocidade sexual é a rapidez com que o bovino alcança a maturidade sexual. Para que o criador possa tirar o máximo proveito financeiro de um animal, o recomendável é que ele entre em serviço o mais rápido possível. Quanto mais cedo reproduzir, mais rápido será o ciclo produtivo e mais rentável o modelo de pecuária da propriedade.
9.RENDIMENTO DE CARCAÇA
O uso da ultrassonografia de carcaça otimiza a seleção para rendimento e acabamento de carcaça. Essas características são observadas ainda no campo, por meio do exame que é capaz de identificar as potencialidades do animal antes mesmo do abate. Com a ultrassonografia, o produtor obtém informações como Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS), Gordura da Picanha (P8) e Gordura Intramuscular (GIM).
10. RUSTICIDADE
A rusticidade é a capacidade de um animal se adaptar a um determinado ambiente. Selecionar um rebanho para rusticidade é importante porque determina a capacidade que os animais terão de desenvolver seu máximo potencial no local onde estiverem.
Angus na Expointer 2019
A Associação Brasileira de Angus participa da Expointer 2019 com 192 animais inscritos (103 exemplares de argola e 75 rústicos Angus e 14 rústicos Ultrablack) e uma vasta programação que inclui julgamentos, eventos gastronômicos e debates técnicos. Neste ano, a programação da Associação Brasileira de Angus conta com a parceria da Genex, o patrocínio do Banco Sicredi e da empresa AgroBella e apoio da Allflex e da Solução Genética.
Fonte: Associação Brasileira de Angus (ABA)
Foto: Vitorya Paulo / ABA