Brasil amplia liderança e tem 56% das exportações mundiais de soja em 2018, diz OMC

Organização Mundial do Comércio mostrou que vendas do principal produto do agronegócio brasileiro cresceram 29% em um ano. Analistas apontam reflexos da guerra comercial entre China e Estados Unidos.

O Brasil ampliou a liderança das exportações mundiais de soja em 2018. No período, saíram do país 56% dos grãos negociado em todo o planeta, crescimento de 29% na comparação com 2017, informou a Organização Mundial do Comércio (OMC), em relatório divulgado nesta terça-feira (30).

Segundo a OMC, as vendas mundiais de soja movimentaram US$ 60 bilhões em 2018, resultado próximo dos US$ 58 bilhões registrados em 2017.

A soja é o principal produto do agronegócio brasileiro. Os Estados Unidos, segundo maior exportador do mundo, tiveram 29% da participação de mercado, uma queda de 20% em relação ao período anterior.

Mercado mundial de soja

Participação de cada país nas exportações de 2018

Brasil: 56 %
Estados Unidos: 29 %
Paraguai: 4 %
Canada: 4 %
Outros: 7 %

Fonte: OMC

Reflexos da guerra comercial

Para Luiz Gutierrez, analista da consultoria Safras&Mercado, a guerra comercial entre China e Estados Unidos foi determinante para o aumento da diferença. Isso porque os chineses são os maiores compradores mundiais do grão e mudaram o foco de suas importações.

Segundo cálculos da consultoria, a China importou em 2018 em torno de 94 milhões de toneladas de soja, sendo 85% desse total do Brasil e 10% dos americanos. Em 2017, o grão brasileiro detinha 60% das vendas contra 35% dos Estados Unidos.

“O mercado da soja está distorcido pela guerra comercial. A China diminuiu muito o volume de soja americana priorizando o Brasil”, afirma Gutierrez, que alerta que um acordo entre as potências tende a equilibrar novamente as vendas de cada país.

O consultor Aedson Pereira, da Informa Economics, acredita que a guerra comercial apenas acelerou uma tendência que seria natural.

Ele não acredita que a diferença será reduzida nos próximos anos por dois motivos: a característica da produção americana e a crise de peste suína africana na China.

“Os Estados Unidos variam muito a produção entre soja e milho, eles priorizam o que está com melhor preço, e o Brasil é um grande fornecedor da China. É difícil no curto prazo os Estados Unidos diminuírem essa diferença”, explica.

“Mesmo se o governo chinês for atrás da soja americana após a guerra comercial, a necessidade está limitada por causa da peste suína africana, que matou parte do rebanho deles. A demanda da China deve cair para 84 milhões de toneladas”, continua Pereira.

Terceiro maior exportador agrícola

Na soma de todos os produtos agrícolas, o Brasil está em terceiro lugar no ranking de exportações da OMC, movimentando US$ 93 bilhões, 6% a mais que em 2017. O país ficou atrás da União Europeia, que registrou receita de US$ 681 bilhões (+6%) e Estados Unidos (+1%).

Fonte: OMC

Foto: Fábio Scremim/APPA

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