Banco Central aposta em cooperativas como aliadas da Agenda BC

Menos de um mês após o Banco Central anunciar os quatro eixos de sua Agenda BC, o presidente da autarquia, Roberto de Oliveira Campos Neto, esteve na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras, em Brasília, nesta terça-feira (25), para explicar como o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (Sncc) pode contribuir com as ações da chamada democratização financeira, foco da Agenda. O cooperativismo, conforme anunciado, faz parte do eixo Inclusão.

Campos Neto, que, durante o evento, estava acompanhado por diversos diretores do Banco Central, fez questão de destacar o crescimento das cooperativas de crédito em tempos de crise, com índices superiores ao desempenhado pelos demais integrantes do Sistema Financeiro Nacional. Segundo ele, as cooperativas possuem diferenciais muito estratégicos. Dentre eles: o atendimento diferenciado, o foco no cooperado, o estímulo à poupança e a democratização do acesso ao crédito, sobretudo entre os pequenos investidores.

Sobre a participação das cooperativas de crédito nesse grande projeto de retomada econômica nacional, Campos Neto disse que pretende ouvir, ainda mais, o setor para saber o que pode ser melhorado. Como exemplo, o presidente do Banco Central disse que pretende aprimorar a Lei Complementar nº 130/2009, tida como marco legal do Sncc e que acaba de completar 10 anos.


INCLUSÃO

A dimensão Inclusão, que engloba as cooperativas de crédito, pode ser traduzida na facilidade de acesso ao mercado para todos: pequenos e grandes, investidores e tomadores, nacionais e estrangeiros. Entre as medidas para alcançar esse objetivo, estão plataformas digitais, menos burocracia e simplificação de procedimentos.

O objetivo desse eixo é expandir o cooperativismo de crédito. Para isso, o Banco Central atuará, em conjunto com as cooperativas, em três grandes vetores: 1) Fomento de atividades e negócios; 2) Aprimoramento da organização sistêmica e promoção do aumento da eficiência do segmento; e 3) Aprimoramento da gestão e da governança.

Um dos desafios lançados pelo presidente do Banco Central é ampliar a presença do cooperativismo de crédito nas regiões Norte e Nordeste. “Precisamos de um projeto de expansão”, comenta Campos Neto, informando que gostaria de ver os primeiros resultados dessa ação ainda no segundo semestre deste ano. “Sei que é um trabalho conjunto e, por isso, irei acompanhar esse projeto pessoalmente”, declara.

Por fim, o presidente do Banco Central afirmou que já está na hora de todos trabalharem por um país melhor para todos: “Precisamos crescer a torta. Chega de nos preocuparmos apenas com o nosso pedaço”.


DESAFIO

O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, disse que os desafios são enormes, mas que nessa tarefa de contribuir com o Banco Central, contará com a participação de cada cooperativa, dirigente ou cooperado do país. “É a oportunidade de nos tornarmos uma expressão cada vez maior na economia do país e de mostrarmos o nosso trabalho. Aquilo que fazemos de melhor: cuidar do nosso cooperado”.

Segundo Márcio Freitas, o cooperativismo é ideal para incluir mais brasileiros no Sistema Financeiro Nacional (SFN), por isso, é uma das estratégias do Banco. De acordo com o Ibge, ainda há cerca de 60 milhões de pessoas ‘desbancarizadas’ no país, ou seja, cerca de ¼ da população ainda é considerada “sem-instituição financeira”.

O coordenador do Conselho Consultivo do Ramo Crédito (Ceco), Manfred Dasenbrock, destacou que a proposta do Banco Central é, de fato, desafiadora, mas exequível. “Nosso propósito é servir as pessoas, oferecendo serviços financeiros de qualidade, com preço justo e atendimento personalizado. Somos apaixonados por inclusão financeira. Tanto é verdade que, em centenas de municípios do país, as cooperativas de crédito são as únicas instituições financeiras presentes”, avalia Manfred.


VANTAGENS

Presentes em praticamente todo o território brasileiro, as cooperativas de crédito possuem, juntas, a maior rede de atendimento bancário do país e um portfólio de produtos e serviços (tais como: conta corrente, empréstimos, financiamentos, investimentos, planos de previdência e seguros) similar à dos demais integrantes do SFN, mas com taxas e tarifas cerca de 30% menores.

Além de economia, as cooperativas oferecem inclusão e educação financeira a mais de 10 milhões de brasileiros, muitos deles moradores de uma das dezenas de cidades onde elas são as únicas instituições financeiras presentes. Só na última década, o número de pessoas que se vincularam à uma cooperativa de crédito cresceu praticamente 180%.

Outro aspecto que torna uma cooperativa de crédito a alternativa mais viável para cidadãos e empreendedores que buscam opções mais vantajosas no Sistema Financeiro Nacional, é o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop). Criado para assegurar valores de até R$ 250 mil, por depositante, em casos de intervenção ou liquidação extrajudicial, o fundo trouxe mais segurança institucional, credibilidade e competitividade para todo o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (Sncc).


COMPROMETIMENTO

O evento também contou com a participação de deputados e senadores, integrantes da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), que manifestaram seu comprometimento com a causa cooperativista especialmente no que diz respeito ao estímulo ao desenvolvimento do setor, visando o fortalecimento de toda a economia brasileira. Representando toda a diretoria da OCB, esteve Edivaldo Del Grande, presidente do Sistema Ocesp.

Estiveram presentes prestigiando o evento da Agenda BC os parlamentares:

Deputado Evair de Melo (ES) – presidente da Frencoop
Senador Luis Carlos Heinze (RS)
Deputado Domingos Sávio (MG)
Deputado Arnaldo Jardim (SP)
Deputado Zé Silva (MG)
Deputado Celso Maldaner (SC)
Deputada Aline Sleutjes (PR)
Deputada Caroline de Toni (SC)


QUATRO DIMENSÕES

A reformulação da agenda foca em quatro aspectos:

Inclusão: Facilidade de acesso ao mercado para todos: pequenos e grandes, investidores e tomadores, nacionais e estrangeiros.

Competitividade: Adequada precificação por meio de instrumentos de acesso competitivo aos mercados.

Transparência: No processo de formação de preço e nas informações de mercado e do BC.

Educação: Conscientização do cidadão para que todos participem do mercado e cultivem o hábito de poupar.


Fonte: OCB 

Foto: Divulgação / OCB

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