Top 100 “Os Maiores Vendedores de Touros do Brasil” Edição 2019

O Top 100 é um projeto único no Brasil, pois é uma das poucas estatísticas disponíveis do mercado de touros, que, antes da iniciativa, praticamente inexistia. Também é uma ótima oportunidade de marketing para associações, raças e selecionadores. Muitos dos criadores ranqueados estão sendo apresentados para todo o Brasil por meio deste trabalho. 

Para as associações promocionais, o Top 100 é uma oportunidade ímpar de mostrar ao mercado que suas raças e seus reprodutores têm demanda aquecida, e, para o criatório, independentemente da posição que figura, oferece a chance de estar entre os maiores vendedores de touros do País. E o melhor de tudo: de forma gratuita. Mesmo que a propriedade não tenha ofertado um volume expressivo de touros, decerto demonstra seu papel na evolução da pecuária brasileira. 

“As associações são informadas do levantamento a cada ano, e a divulgação do trabalho vem sendo ampliada a cada edição. O objetivo do Top 100 é auxiliar o mercado de reprodutores, mapeando e informando quais são os maiores vendedores de touros de raças europeias, britânicas e sintéticas. Pois, o principal insumo que o levantamento irá dispor ao mercado é informação”, explica o médico-veterinário Fernando Furtado Velloso, um dos organizadores do projeto. 

Segundo ele, os participantes em todas as edições têm enviado, além de informações acerca de sua oferta de animais, sugestões, críticas e elogios ao trabalho. A maioria das mensagens recebidas são de estímulo, parabenizando a iniciativa e agradecendo este canal gratuito de divulgação de seu trabalho e raças. Quem ficou de fora neste ano pode ajudar a fortalecer a pecuária nacional ainda mais ingressando na 5ª edição, em 2020.

Vamos aos números
A média do número de touros vendidos pelos participantes ficou em 137 animais em 2018, partindo de 45 animais e chegando a 699, a forma de venda adotada ficou dividida entre venda na fazenda e leilões. Aproximadamente 53% dos touros foram comercializados diretamente na propriedade, e 47% dos touros foram negociados em remates (próprios ou de terceiros). 

Apenas três fazendas participantes do Top 100 informaram não participar de nenhum programa de melhoramento genético. A raça Brangus lidera o levantamento em 2019 com 1.527 touros vendidos de um total de 5.620 entre todas as raças taurinas e sintéticas, representando 27% do total. Já a raça Angus é a segunda mais representativa, com a venda de 1.376 touros, equivalente a 24,5% do total, enquanto a raça Braford é a terceira mais citada, com a comercialização de 1.153 touros, equivalente a 20,5% do total. 

O grupo Angus/Brangus totalizou 2.903 animais, representando 51,6% do todo; o grupo Hereford/Braford totalizou 1.430 touros, representando 25,5% de tudo; os dois grupos somados representam 77,1% dos animais vendidos pelos participantes do levantamento, demonstrando a grande importância dessas raças no mercado de taurinos e por que não dizer para a pecuária nacional. 

“O Rio Grande do Sul é o estado com maior número de vendedores no Top 100 – Taurinos, com 26 das 41 fazendas participantes (63%). No número total de touros, a proporção é quase a mesma, 65% ou 3.663 reprodutores. São Paulo é o segundo estado mais representativo, com o comércio de 773 touros, representando 13,75% da amostragem total. Não esquecendo os estados de PR, SC, MS e GO, que também participam do levantamento”, frisa Velloso. 

Os Top 5
A tetracampeã consecutiva do Top 100 – Taurinos, a Gap Genética, do selecionador Eduardo Macedo Linhares, de Uruguaiana/ RS, fomentou o mercado, em 2018, com 699 touros das raças Angus, Braford e Brangus. De 2015 a 2018, o criatório gaúcho informou a negociação de 2.878 reprodutores taurinos. 

“Estamos festejando esta conquista junto à nossa equipe, verdadeira responsável pela manutenção desta liderança. Nos manter no topo será, daqui em diante, uma cobrança interna saudável, porque vem na direção do nosso verdadeiro propósito de produzir com qualidade, que é satisfazer o nosso cliente, contribuindo para o crescimento da pecuária e respeitando sempre o meio ambiente. Somos cientes do nosso papel nesta cadeia, que tem na produção de alimentos saudáveis uma tarefa árdua, porém nobre”, diz o diretor comercial da Gap Genética, João Paulo Schneider da Silva – o Kaju.

Indagado sobre um leve recuo nas comercializações da última safra, Kaju informa que a pequena redução de 6% decorreu do atendimento interno de touros para o incremento dos ventres em cria na fazenda. 

“De acordo com nosso planejamento estratégico, optamos em produzir mais terneiros, pois encurtar o ciclo da invernada (por meio do confinamento pós- -desmame dos novilhos) acarretou uma reposição maior de gado, e depender de compras externas fica arriscado para esta atividade de recria e terminação, que representa cerca de 60% do nosso faturamento.

” No balanço das médias de touros vendidos, o criatório considera duas situações: nos leilões, eles reservam a melhor genética para esses eventos, onde, além de receberem muitos clientes, os promovem transmitindo a todo o Brasil. 

“Nesse caso, o valor flutua entre R$ 9 e R$ 10 mil; contudo, precisamos considerar os descontos por fidelidade, que chegam a 10%. Nas vendas diretas, os preços médios ficam entre R$ 7 mil e R$ 8 mil, dependendo do volume negociado. Não nos interessa afugentar clientes por preços. Nossa missão prevê a satisfação plena dos pecuaristas, e a relação custo-benefício se enquadra nesse objetivo”, afirma o diretor comercial da Gap Genética. 

Também consolidado na segunda colocação geral do Top 100, mas imbatível nas ofertas de reprodutores da raça Braford, o criador do Grupo Pitangueira, Pedro Monteiro Lopes, já vendeu, nessas quatro edições, 2.003 exemplares de raçadores cara branca. Entretanto, no ano passado, o criatório de Itaqui/RS sentiu os efeitos da crise econômica brasileira, tanto que, em 2017, a fazenda comercializou 500 reprodutores Braford, e, na última safra, fechou as vendas com 366 animais, uma queda de 27%. 

“Neste ano, achei que perderíamos a liderança na comercialização de touros Braford, dado que a crise econômica nos atingiu em cheio. Assim, foi necessário vender uma fazenda e enxugar o plantel. O lado bom de tudo isso é que estamos com as contas em dia e já adquirimos outra propriedade no Rio Grande do Sul. Logo, a previsão de produção de reprodutores para a safra 2019 supera 450 exemplares no RS e cerca de 200 no Brasil Central. Nossa meta ainda é de disponibilizar ao mercado mil animais nos próximos anos”, calcula o proprietário do Grupo Pitangueira. 

Apesar dos impactos da crise, o selecionador ressalta que o valor médio dos touros Braford arrematados pelos clientes do criatório ficou em patamares satisfatórios: R$ 9.300, sendo algo bem próximo do registrado nos últimos anos. 

“Durante o ano, entraremos forte com dois remates de 100 touros em cada evento, o restante será negociado por meio de parcerias em leilões na região central do País, explorando bem o marketing do Grupo Pitangueira para fomentar as vendas diretas”, adianta Lopes. 

Para tanto, o pecuarista planeja o apoio de mídia de uma das principais revistas especializadas do setor no Brasil, a Revista AG, e grande investimento em comunicação. 

Em terceiro lugar na lista, a Cia Azul Agropecuária, de Reynaldo Titoff Salvador, abasteceu a pecuária nacional com 334 reprodutores das raças Angus (195), Braford (92) e Brangus (47). 

“O grande segredo nosso para ampliar as vendas de touros das raças Angus, Brangus e Braford, em 2018, foi a facilitação das condições de pagamento e também o valor médio dos animais, que baixou em torno de 5%, em relação a 2017. Nós sentimos que o setor continua ávido por bovinos avaliados, com dados de DEPs, de produtividade, e as raças sintéticas continuam com muita liquidez. Já o Angus foi um pouco mais devagar”, avalia Salvador.

A Cia Azul de Uruguaiana e demais criatórios gaúchos participam há dois anos do Centro de Referência Angus (CRA), na Verdana Agropecuária, localizada no município de Itatinga/SP. Na propriedade do interior paulista, é realizada uma prova de desempenho que busca identificar e fomentar o uso da melhor genética de touros nacionais da raça Aberdeen Angus. 

Por volta de 100 reprodutores participam do programa de desempenho, avaliados individualmente por meio do sistema Integrado, equipamento instalado na fazenda que identifica os animais superiores em eficiência e conversão alimentar. 

“Essas provas demostram que a raça Angus é uma realidade, em termos de genética, no Brasil. A raça via inseminação artificial rompeu todas as barreiras que havia no passado, porque os produtores utilizaram e viram os benefícios do rebanho nos resultados da fazenda”, frisa Salvador. 

Segundo ele, o grande desafio ainda é levar animais europeus aos trópicos. Isso só é possível em locais onde as pessoas estejam acostumadas a manejar o taurino britânico. “Um estado que vem surpreendendo muito em termos de crescimento é Minas Gerais, com muitos dos nossos clientes adquirindo animais e genética Angus.

” Na quarta colocação, pela segunda vez no Top 100 – Taurinos, a raça Senepol é bem representada através do trabalho do criador Sebastião Neto Garcia, de Barretos/SP, que vendeu 276 reprodutores adaptados. A média geral dos exemplares negociados, em 2018, ficou em torno de R$ 9.500. Neste ano, a família Garcia celebra dez anos de seleção. 

O selecionador do criatório Senepol 3G explica que, para impulsionar a oferta de reprodutores avaliados aos clientes, a estratégia foi aumentar em larga escala o volume de produção. “Nós trabalhamos com duas fazendas: uma em Minas Gerais e outra em Goiás, para fazer a produção desses animais, utilizando sêmen sexado com o intuito de conseguir mil prenhezes efetivadas no ano.” 

O pecuarista paulista declara que a fazenda ainda não trabalha com o Programa de Melhoramento Genético Senepol (PMGS). Entretanto, realiza provas intrarrebanho dos animais. “Lá é feito toda parte de EPMURAS, desmama, sobreano. Feita essa seleção, descartamos os machos que não são aptos para o trabalho a campo. Já os tourinhos que passaram dessa etapa vão para o Instituto de Zootecnia de Sertãozinho/SP, onde passam por uma avaliação de ganho de peso, desempenho e eficiência alimentar. Todos esses dados são disponibilizamos para o Geneplus/Embrapa montar a base genética da raça Senepol”. 

A grande novidade do Top 100 – Taurinos 2019 ficou por conta da RPK Genética, do pecuarista Reno Paulo Kunz, do município de Cascavel/PR, figurando na quinta colocação do levantamento, com a venda de 264 animais melhoradores das raças Angus (52), Braford (73) e Brangus (139). A média registrada dos touros arrematados pelos compradores ficou acima de R$ 8 mil. Além disso, a propriedade cresceu o volume comercializado em 38%, no comparativo com a edição anterior do Top 100. 

“Faz quatro anos que assumi a gerência da fazenda e percebi que antes não havia um serviço expressivo de divulgação da marca. Então, minha ideia foi levar a RPK Genética para participar de exposições, leilões, Dia de Campo etc. Dessa maneira, os pecuaristas puderam observar a qualidade dos animais e começaram a adquirir os nossos reprodutores taurinos, e as vendas estouraram, principalmente em 2018”, comemora Álvaro Palavacini, gerente do criatório paranaense. 

Conforme Palavacini, a maioria dos clientes da RPK Genética está localizada no Paraná. “Mas, temos compradores do Mato Grosso de São Paulo, que abriu, recentemente, um mercado forte, tanto que apenas um cliente buscou uma carreta cheia. Tivemos também demandas de touros Angus para Piauí, Bahia e, agora no início do ano, vendemos alguns exemplares para o Rio de Janeiro, para um produtor que possui uma churrascaria e está realizando testes com vacas Brahman.” Para o próximo ano, Kunz vai abrir o leque de touros taurinos à disposição do mercado com a incorporação da raça Hereford. Outra ação da fazenda, para se manter no topo, será a realização do 1º Leilão RGK Genética Sudoeste, em Dois Vizinhos/PR, no dia 22 de junho. O evento acontece na Sociedade Rural do Vale do Iguaçu, com a oferta de 60 reprodutores das raças Angus, Brangus, Braford, Nelore e Brahman e 60 fêmeas.

“Durante o remate, haverá uma oferta de pacotes de sêmen Angus, Braford e Brangus, e 100 machos e 100 fêmeas meio-sangue para engorda, filhos de reprodutores RPK Genética. Além desse pregão, a propriedade comercializará o seu rebanho em parcerias com outros selecionadores em feiras e eventos da região”, conclui Palavacini.

Baixe a versão em pdf aqui. 

* Publicado na Revista AG (Junho, 2019)

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