Acamamento das plantas nas lavouras reduz produtividade do arroz

Faltando menos de 30% da área plantada com arroz a serem colhidos no Rio Grande do Sul, surge um desafio adicional. As chuvas e os ventos fortes ocorridos nos últimos dias sobre todas as regiões produtoras têm provocado o acamamento dos cachos.

Com isso, as máquinas têm maior dificuldade para trabalhar nas lavouras, provocando atraso na colheita e reduzindo a produtividade e a qualidade dos grãos. A quebra já chega a 5% no rendimento médio em comparação com o resultado verificado nas áreas já colhidas, diz o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz), Alexandre Velho.

“Estávamos com uma média geral de 9 mil quilos por hectare. E agora estamos obtendo cerca de 500 quilos a menos. Não chega a comprometer a safra, que vinha muito bem, mas gera uma perda importante“, avalia. 

Produtor em Mostardas, o dirigente tem ainda 10% de sua área cultivada por colher. E todos os cachos foram deitados pela força dos ventos e a intensidade das chuvas. O trabalho que levaria uma semana para retirada dos grãos da lavoura levará, no fim, cerca de 15 dias, projeta Velho.

Conforme a Federarroz, a situação, somada ao período de frio que tomou conta do Estado nos últimos dias, também trazendo danos às lavouras, são fatores que irão, provavelmente, alterar para menor os números finais da safra.

No Estado, cerca de 605 mil hectares já foram colhidos. A Planície Costeira Externa é a região mais avançada, com 87% da área. Na sequência vêm a Fronteira Oeste (83%), Planície Costeira Interna (78%), Campanha (64%), Zona Sul (56%) e Região Central (54%). Os dados são referentes à última quinta-feira (10), de acordo com levantamento feito pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Enquanto isso, o mercado do cereal segue em compasso de espera, procurando avaliar os impactos da guerra tarifária entre EUA e China, que ainda não respingaram sobre a safra brasileira do cereal. Alexandre Velho vê potencial ganho de competitividade para o arroz nacional, uma vez que a tarifa imposta ao País, de 10%, é menor que a indicada pelo presidente americano Donald Trump para a América Central e o México, por exemplo.

Ainda assim, temos de observar e esperar estabilidade política e no dólar“.

No cenário interno, as cotações estão na casa dos R$ 76,00 pela saca de 50 quilos, enquanto o custo médio de produção é acima dos R$ 90,00. A situação preocupa o dirigente, que teme um desestímulo aos produtores – boa parte lidando com o endividamento – e a redução da área semeada nas próximas safras.

Por isso, é importante aproveitar as oportunidades e exportar entre 10% e 20% da produção, trazendo uma referência melhor para o mercado interno e a valorização do produto. Precisamos que haja equilíbrio. (Preço) nem muito acima, para não prejudicar o consumidor, nem muito abaixo, penalizando o produtor“, conclui o dirigente.

Fonte: Jornal do Comércio

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