Safra gaúcha de trigo será a maior do País, com 4 milhões de toneladas
A safra de trigo do Rio Grande do Sul, cuja colheita se iniciou oficialmente no final de semana, em Cruz Alta, deverá ser a maior do País. A projeção é de que o Estado obtenha entre 4 milhões e 4,2 milhões de toneladas, enquanto o volume total nacional está estimado em 8 milhões de toneladas.
Essa performance, combinada com a redução importante na produção dos demais estados produtores e pode render boas oportunidades de negócios para os agricultores gaúchos. Afinal, o Rio Grande do Sul será o único com estoque excedente para comercialização – cerca de 2 milhões de toneladas -, depois de atender a demanda interna.
No sábado, durante a abertura oficial da colheita, o secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Clair Kuhn, traduziu a esperança dos produtores gaúchos. “Ano passado, o plantio do trigo apresentou algumas dificuldades, depois de uma grande safra em 2022. E agora espera-se novamente uma boa safra, com mais de 4 milhões de toneladas. O trigo é, numa rotação de cultura e plantio de inverno, o cereal mais plantado no Rio Grande do Sul“, afirmou.
Conforme Élcio Bento, analista de trigo da Safras & Mercado, a forte seca que atingiu as lavouras do norte do Paraná e os demais estados produtores – São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Bahia – reduziu drasticamente a produtividade. Some-se a isso a perda de área da cultura para o milho safrinha, amplificando os efeitos sobre a colheita.
E o Paraná teve ainda outro revés, com a ocorrência de geadas, que derrubaram ainda mais o rendimento da cultura. “Só para ter uma ideia, em decorrência das geadas, uma estimativa de produção inicial de 3,8 milhões de toneladas naquele estado acabou fechando no total de 2,6 milhões. Então, o Paraná vai precisar comprar, provavelmente, o maior volume de trigo da história para atender a necessidade dos seus moinhos. Por outro lado, Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda apresentam um potencial de produção cheio”, observa o analista.
Em 2022, o RS foi o maior produtor do cereal no Brasil, com a produção de 5,7 milhões de toneladas. Mas no ano passado, em função das chuvas abundantes no período de colheita, obteve apenas 2,9 milhões de toneladas, perdendo espaço para os paranaenses, que colheram 3,6 milhões de toneladas.
A expectativa positiva nos dois estados mais ao sul do Brasil depende ainda do comportamento do clima ao longo desta semana, quando há preocupação quanto à possibilidade de precipitação no Norte e no Noroeste – as principais regiões produtoras do RS.
“Como já tem trigo pronto para colher no Rio Grande do Sul, existe o receio de que essas chuvas possam estragar a qualidade do grão, de forma semelhante ao que aconteceu no passado. E na ocasião 80% da safra do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foram prejudicados”, acrescenta Bento.
Esse cenário climático ainda indefinido vira uma incógnita sobre a qualidade do trigo produzido no Brasil nesta safra. De modo geral, o cereal que resistiu à seca e à geada, do Paraná para cima, tem mostrado boa qualidade. Resta saber como será o desempenho do trigo gaúcho e catarinense.
E, nesse contexto, as exportações brasileiras do cereal, que nos últimos anos foi em torno de 3 milhões de toneladas, devem cair significativamente. Bento estima que o Paraná pode ser o destino de boa parte do trigo gaúcho.
“Basicamente, vai ser o preço mais atrativo a determinar para onde o produtor vai vender. No caso do produtor gaúcho, que tem trigo excedente, ele pode vender no mercado internacional, pode vender para os moinhos do Rio Grande do Sul, ou pode vender para outros moinhos internos. Mas temos visto nesse início de safra que muitos moinhos do Paraná estão interessados no trigo gaúcho”, observa o analista.
A questão será observar a que preço o trigo argentino pode chegar ao Paraná. Será esse o parâmetro do produtor gaúcho. Se o cereal argentino for mais barato, o trigo do Rio Grande do Sul terá de se ajustar para ser competitivo.
A lógica será a mesma para vendas no mercado internacional. Aliás, há outros fatores a dificultar as exportações, como a guerra entre Israel e o Hamas, que cria obstáculos de logística. Mas a Rússia já está taxando as suas exportação, porque vendeu muito.
“Essas situações podem tornar o mercado internacional mais agressivo para comprar trigo do Mercosul, o que traria benefícios aos produtores. E, subindo os preços na Argentina para colocar seu produto no Paraná, mais uma vez ganharia vantagem o trigo gaúcho”, finaliza o analista da Safras & Mercado.
Estiagem reduziu previsão do Paraná, líder tradicional na colheita
Conforme Élcio Bento, analista de trigo da Safras & Mercado, a forte seca que atingiu as lavouras do norte do Paraná e os de mais estados produtores – São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Bahia – reduziu drasticamente a produtividade. Some-se a isso a perda de área da cultura para o milho safrinha, amplificando os efeitos sobre a colheita.
E o Paraná teve ainda outro revés, com a ocorrência de geadas, que derrubaram ainda mais o rendimento da cultura. “Só para ter uma ideia, em decorrência das geadas, uma estimativa de produção inicial de 3,8 milhões de toneladas naquele estado acabou fechando no total de 2,6 milhões. Então, o Paraná vai precisar comprar, provavelmente, o maior volume de trigo da história para atender a necessidade dos seus moinhos. Por outro lado, Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda apresentam um potencial de produção cheio”, observa o analista.
Em 2022, o RS foi o maior produtor do cereal no Brasil, com a produção de 5,7 milhões de toneladas. Mas no ano passado, em função das chuvas abundantes no período de colheita, obteve apenas 2,9 milhões de toneladas, perdendo espaço para os paranaenses, que colheram 3,6 milhões de toneladas.
A expectativa positiva nos dois estados mais ao sul do Brasil depende ainda do comportamento do clima ao longo desta semana, quando há preocupação quanto à possibilidade de precipitação no Norte e no Noroeste – as principais regiões produtoras do RS.
“Como já tem trigo pronto para colher no Rio Grande do Sul, existe o receio de que essas chuvas possam estragar a qualidade do grão, de forma semelhante ao que aconteceu no passado. E na ocasião 80% da safra do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foram prejudicados”, acrescenta Bento.
Esse cenário climático ainda indefinido vira uma incógnita sobre a qualidade do trigo produzido no Brasil nesta safra. De modo geral, o cereal que resistiu à seca e à geada, do Paraná para cima, tem mostrado boa qualidade. Resta saber como será o desempenho do trigo gaúcho e catarinense. E, nesse contexto, as exportações brasileiras do cereal, que nos últimos anos foi em torno de 3 milhões de toneladas, devem cair significativamente. Bento estima que o Paraná pode ser o destino de boa parte do trigo gaúcho.
“Basicamente, vai ser o preço mais atrativo a determinar para onde o produtor vai vender. No caso do produtor gaúcho, que tem trigo excedente, ele pode vender no mercado internacional, pode vender para os moinhos do Rio Grande do Sul, ou pode vender para outros moinhos internos. Mas temos visto nesse início de safra que muitos moinhos do Paraná estão interessados no trigo gaúcho”, observa o analista.
A questão será observar a que preço o trigo argentino pode chegar ao Paraná. Será esse o parâmetro do produtor gaúcho. Se o cereal argentino for mais barato, o trigo do Rio Grande do Sul terá de se ajustar para ser competitivo.
A lógica será a mesma para vendas no mercado internacional. Aliás, há outros fatores a dificultar as exportações, como a guerra entre Israel e o Hamas, que cria obstáculos de logística. Mas a Rússia já está taxando as suas exportação, porque vendeu muito.
“Essas situações podem tornar o mercado internacional mais agressivo para comprar trigo do Mercosul, o que traria benefícios aos produtores. E, subindo os preços na Argentina para colocar seu produto no Paraná, mais uma vez ganharia vantagem o trigo gaúcho”, finaliza o analista da Safras & Mercado.
Fonte: Jornal do Comércio