Programa Agrofamília divulga primeiros projetos classificados
Cerca de 800 projetos em quatro áreas de atividades desenvolvidas por pequenos produtores rurais já foram classificados no Programa Agrofamília, do governo do Estado. A iniciativa, lançada em julho e dividida por segmentos, prevê investimentos de R$ 201 milhões para fortalecimento da agricultura familiar e o fomento à agroindustrialização após os eventos climáticos de abril e maio, que impactaram a produção.
Na semana passada, foram anunciadas as propostas contempladas nas ações de fomento e investimento às agroindústrias familiares, a projetos produtivos de jovens da agricultura familiar, para a recuperação produtiva de comunidades quilombolas e de pescadores artesanais. A maioria das iniciativas deverá ser viabilizada por meio da contratação de financiamentos via Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), com 80% do valor subsidiado, cinco anos para pagar e três anos de carência.
Os inscritos em cada categoria e cujos projetos não foram contemplados inicialmente têm 10 dias para fazer a contestação. Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Rural, a ideia é que os projetos aprovados na área de apoio à cadeia produtiva do leite e para a aquisição de leite em pó de pequenos produtores sejam divulgados nos próximos dias. Outras ações já foram realizadas, como a estruturação do Pavilhão da Agricultura Familiar na Expointer e a ampliação do Programa Troca-Troca de Sementes, por exemplo.
Cerca de 250 projetos produtivos de jovens da agricultura familiar, foram aprovados preliminarmente. A modalidade prevê R$ 6 milhões, por meio do Feaper. Um dos objetivos da iniciativa, cujo público-alvo é de 16 a 29 anos, é promover a manutenção dos jovens nas propriedades. O custo de cada projeto deve ficar entre R$ 10 mil e R$ 25 mil, com um bônus adimplência de 80% no financiamento. Os recursos poderão ser utilizados para aquisição de máquinas, equipamentos e insumos para diferentes cadeias agropecuárias.
Pescadores artesanais inscritos no Registro Geral do Pescador podem se beneficiar de R$ 4,2 milhões pelo Feaper. Os recursos são destinados à compra de barcos, motores, redes, freezers e outros itens para a atividade, em projetos de até R$ 15 mil, com bônus adimplência de 80% do valor. Preliminarmente, 298 projetos foram classificados.
Outra linha cujos projetos contemplados já foi divulgada é a de ações de fomento à recuperação produtiva para comunidades quilombolas. Com verba de R$ 1,4 milhão, a ação já tem 107 quilombolas classificados para a aquisição de equipamentos e insumos necessários para produção, em iniciativas de até R$ 15 mil, com bônus adimplência de 80%.
Para o Programa de Fomento e Investimento às Agroindústrias Familiares do RS foram destinados R$ 20 milhões, em projetos com valores entre R$ 15 mil e R$ 50 mil. Das 400 famílias previamente contempladas, 200 propriedades tiveram perdas com a enchente. Outras 200 foram incluídas no Programa Estadual de Agroindústria Familiar, cujo objetivo é apoiar e fomentar o processamento de alimentos e bebidas da produção agrícola familiar.
Irineu Bertotti, 56 anos, de Caxias do Sul, teve seu pedido de financiamento aprovado e espera dormir melhor a partir da liberação dos R$ 50 mil que deverão ser disponibilizados por meio do Feaper. A propriedade da família, na comunidade de São Virgílio, com 28 hectares, produz uvas e figos. E há pelo menos três anos sofre perdas de produção com estiagens ou excesso de chuva em períodos críticos do desenvolvimento das plantas.
“Temos financiamentos bancários a honrar. E os prejuízos dos últimos anos, somados às chuvas de maio, dificultaram ainda mais a situação”, diz o agricultor.
Na semana passada, eles inauguraram a Cantina Bertotti, uma agroindústria de vinhos de mesa que deverá comercializar até 20 mil litros por ano com Talão do Produtor. O projeto existe na cabeça há duas décadas, mas somente no ano passado saiu do papel. A ideia é definir a melhor destinação para os recursos obtidos pelo Agrofamília e recuperar a capacidade produtiva com mais tranqüilidade.
“A agricultura é uma atividade que exige bastante investimento e tem custos elevados. Mas escolhemos isso. E vamos seguir em frente. Esse valor, com 80% de subsídio, é bastante importante e vai nos ajudar a reequilibrar as finanças”, comemora.
Fonte: Jornal do Comércio