Venda de máquinas e equipamentos agrícolas cai 35,8% no 1º trimestre
O faturamento com a venda de máquinas e equipamentos agrícolas no Brasil caiu 35,8% no primeiro trimestre de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado. Mesmo com aumento no número de tratores e colheitadeiras comercializadas internamente em março sobre as operações fechadas no mês anterior, a performance global nos primeiros três meses confirma tendência de baixa projetada para 2024.
No balanço divulgado nesta terça-feira (30) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a entidade ainda mantém a previsão inicial de redução de 15% na receita desse segmento até dezembro. A leitura é que os baixos preços das commodities e a falta de recursos financeiros a juros acessíveis, pelo Plano Safra 2023-2024, desaqueceram as vendas.
Para o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade, Pedro Estevão, os financiamentos bancários disponíveis impõem taxas altas demais para a rentabilidade do negócio. Por isso, acredita o dirigente, a expectativa é de melhora nas vendas a partir de julho, com o Plano Safra 2024-2025, com juros de um dígito apenas, conforme sinaliza o governo federal. A Abimaq pede a alocação de R$ 36 bilhões para a comercialização de máquinas e implementos agrícolas, sendo R$ 26 bilhões pelo Moderfrota e R$ 10 bilhões pelo Pronaf.
“Entendemos que o pior cenário já passou e que as coisas começam a clarear para 2025 e 2026. Nosso momento conjuntural é difícil. Mas estruturalmente estamos muito bem. Tanto que o número de empregos está praticamente estável, com leve queda. Ninguém quer demitir, pois sabe que terá de recontratar na frente”, diz Estevão.
Segundo ele, o Ministério da Agricultura, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetam que o Brasil irá aumentar 25% as exportações em 10 anos. E a área plantada também. Para isso, será preciso investimento. “Por isso, somos otimistas em relação ao futuro”.
Enquanto acompanha a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), ele avalia que a feira, como catalisador de negócios, é ambiente para que as empresas projetem boas vendas. Em 2023, a mostra teve faturamento recorde de R$ 13,2 bilhões.
“Não há clima de pessimismo na Agrishow. Mas ela acontece no interior do Estado de São Paulo, onde culturas como café, cana-de-açúcar e laranja são fortes e vão muito bem. Esses produtores estão investindo. Mas o pessoal da soja e do milho está com problemas, e eles representam quase 60% do mercado de máquinas agrícolas do Brasil. Então temos de avaliar como será daqui para a frente”, pondera.
Em relação ao desempenho geral da indústria de máquinas e equipamentos, Cristina Zanella, diretora divisional de Economia, Estatística e Competitividade da Abimaq, aponta recuperação nas vendas de máquinas para logística e construção civil e para bens de consumo. Ela projeta também aumento na comercialização de máquinas para infraestrutura, já que 2024 é ano de eleições municipais, o que costuma provocar maior movimentação das administrações quer buscam reeleição, por exemplo.
Por isso, a dirigente ainda sustenta projeção de crescimento de 3,5% na receita geral líquida até o final do ano. Mas admite, porém, que os números deverão ser revisados para patamares ainda mais baixos, a partir dos resultados de feiras e eventos nos próximos meses.
Fonte: Jornal do Comércio