Agronegócio gaúcho exportou US$ 15,8 bilhões em 2023
Com 22,3 milhões de toneladas embarcadas, o Rio Grande do Sul faturou US$ 15,8 bilhões com produtos do agronegócio em 2023. A performance foi 2,5% superior em volume ao resultado do ano anterior, fortemente afetado pela estiagem, mas 12,6% inferior às 25,5 milhões de toneladas exportadas em 2021, com condições climáticas adequadas, conforme dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Farsul).
O clima, mais uma vez, foi vilão e derrubou números que poderiam ter sido recorde, opina o analista de Relações Internacionais da entidade, Renan Hein dos Santos.
“O ano de 2023 foi bastante ruim. Exportamos menos, porque nossa oferta foi menor, com a quebra principalmente na safra de soja. Esse complexo, que movimentou US$ 6,3 bilhões, com 11,8 milhões de toneladas, representou 53% das vendas do setor. Há dois anos, foram 15,6 milhões de toneladas, que geraram US$ 7,8 bilhões ao Rio Grande do Sul.
Mas há uma importante distorção nesses números, que indicam uma realidade ainda mais nebulosa, aponta Renan Santos. Grande parte da soja oriunda do Centro-Oeste vendida ao mercado externo no ano passado foi embarcada pelo porto de Rio Grande. E é contabilizada como saída pelo Rio Grande do Sul, mesmo não tendo sido produzida aqui.
O resultado geral mantém o agronegócio gaúcho na 4ª posição no ranking nacional, com 9,5% dos US$ 166,5 bilhões obtidos no País em resultado recorde, conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária. Mato Grosso, São Paulo e Paraná lideram a lista com 47,5% do bolo e US$ 79,2 bilhões arrecadados.
A queda na soja foi compensada, porém, pelo crescimento na participação de outras culturas, como arroz e trigo. O forte trabalho desenvolvido por entidades do setor orizícola levou à abertura de um importante mercado no México, mas que agora deverá voltar a enfrentar a concorrência do grão americano. Foram exportadas 1,4 milhão de toneladas de arroz, com faturamento de US$ 600 milhões.
E o trigo, que apesar da importante perda pelo excesso de chuvas no ciclo passado, renasceu e mostrou sua relevância na safra 2022/2023. Foram embarcadas 2,9 milhões de toneladas, 30% a menos que no ano anterior, resultando em US$ 646,6 milhões. O analista da Farsul acredita que o cereal tem potencial para seguir como aposta, incentivado, assim como o milho, pelo Programa Duas Safras.
Carnes, com 1,17 milhão de toneladas exportadas ao valor de US$ 2,5 bilhões; fumo e seus derivados, com 469,2 mil toneladas e US$ 2,49 bilhões arrecadados; e produtos florestais, com 3,9 milhões de toneladas e US$ 1,47 bilhão, também estão entre os mais representativos na balança comercial gaúcha.
Já o agro brasileiro foi responsável por 49% da pauta exportadora no ano passado, quando mostrou crescimento de 4,8% no faturamento em comparação a 2022, ou US$ 7,68 bilhões. De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o desempenho foi influenciado principalmente pela quantidade embarcada.
De acordo com o secretário Roberto Perosa, o ano de 2023 teve grandes avanços em exportações e expansão de mercados. O resultado foi um recorde no saldo da balança comercial de quase US$ 99 bilhões, aumento de 62% em relação a 2022.
Conforme a pasta, o País exportou diretamente 193 milhões de toneladas de grãos, 24,3% mais na comparação com as 155,3 milhões de toneladas embarcadas em 2022. O volume colocado em outros países equivale a 60,3% da safra recorde de grãos 2022/2023, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento em 319,8 milhões de toneladas.
Somente na soja, foram 101,8 milhões de toneladas embarcadas, que renderam US$ 53,2 bilhões. O resultado é 29% maior que o verificado com as 78,7 milhões de toneladas exportadas no ano anterior. Ao todo, o complexo soja movimentou US$ 67 bilhões, volume 11% superior a 2022, conforme dados do Mapa/Agrostat.
Além do aumento na quantidade embarcada de grãos em quase 40 milhões de toneladas, o Mapa aponta também expansão no volume exportado de outros produtos que registraram mais de US$ 1 bilhão em vendas externas: carnes (+5,4%), açúcar (+15,1%), sucos (+6,0%), frutas (+5,9%), couros e seus produtos (+19,7%).
De acordo com o Ministério, os segmentos exportadores que mais contribuíram nas vendas do agronegócio foram: complexo soja (+US$ 6,49 bilhões); complexo sucroalcooleiro (+US$ 4,60 bilhões) e cereais, farinhas e preparações (+US$ 1,18 bilhão) e sucos (+US$ 447,41 milhões). Em relação ao valor exportado, os cinco principais setores foram complexo soja (40,4% do total embarcado); carnes (14,1%); complexo sucroalcooleiro (10,4); cereais, farinhas e preparações (9,3%) e produtos florestais (8,6%). Em conjunto, esses setores destacados representaram 82,9% das vendas do setor em 2023.
Fonte: Jornal do Comércio