CNA e entidades de soja e milho da América do Sul analisam impactos da lei europeia antidesmatamento
Evento acontece até terça (26), em Brasília
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realiza, até terça (26), o Encontro das Entidades de Soja e Milho da América do Sul para debater os impactos das lei antidesmatamento da União Europeia para as cadeias exportadoras.
O encontro começou na segunda (25) e foi aberto pelo diretor técnico adjunto da CNA, Maciel Silva, e pelo presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas, Ricardo Arioli. O debate conta com a participação de representantes do setor produtivo do Paraguai, Argentina e Uruguai, além da equipe técnica e internacional da CNA.
Para Maciel Silva, a legislação afeta diretamente os países em desenvolvimento. “Enquanto setor produtivo, entendemos o quanto essa lei é discriminatória, que pode ter efeitos inversos à sustentabilidade, com potencial de eliminação de pequenos produtores”, afirmou.
Arioli enfatizou a importância da união de todo o setor produtivo dos países do Mercosul e falou sobre os desafios do setor. “A atividade agrícola é a que mais sofre com eventos climáticos extremos, e o produtor é o principal aliado no combate às mudanças climáticas. Nossa agricultura é feita com sustentabilidade”, disse.
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, somente com cooperação, por meio de uma abordagem colaborativa e alinhamento técnico, questões globais como comércio, segurança alimentar e climática poderão ser endereçadas, considerando todos os agentes envolvidos nessas ações, ao invés de apenas proceder com a transferência de custos e responsabilidades.
A diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, fez uma apresentação para contextualizar a legislação da União Europeia, a Lei Antidesmatamento, que tem como objetivo proibir a importação e o comércio, no bloco europeu, de produtos derivados de algumas commodities – gado, soja, óleo de palma, café, cacau, madeira e borracha – provenientes de áreas de floresta desmatadas após 31 de dezembro de 2020.
Durante a reunião, os representantes dos países da América Latina falaram sobre os prováveis impactos da legislação europeia sobre a soja e o milho em seus países.
Os representantes do Paraguai, Claus Echer, da Associação dos Produtores de Soja, Oleaginosas e Cereais do Paraguai (APS) e Sonia Tomassone, da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco), destacaram a importância do encontro. Segundo eles, é preciso que os países do Mercosul pensem juntos em um posicionamento junto às cadeias produtivas e também para a União Europeia.
Rodolfo Rossi, da Associação da Cadeia da Soja Argentina (ACSoja), fez uma contextualização sobre a cadeia de soja no país, bem como os dados de exportações e os impactos sociais e econômicos que a nova legislação europeia pode causar aos produtores rurais.
Roberto Verdera, representante do Uruguai (MTO), explicou sobre os desafios das cadeias produtivas de grãos no país e como estão avaliando as diferentes medidas constantes no pacote de medidas da UE.
Os impactos para o Brasil foram apresentados por Arioli e pelo representante da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Bernardo Pires.
De acordo com Pires, uma das principais preocupações do setor é o cumprimento da legislação local, sendo necessário que as ações sul-americanas sejam aceitas pela União Europeia.
Na terça (26), os integrantes do encontro vão discutir as estratégias possíveis para serem desenvolvidas pelos países da América do Sul. As entidades também devem fechar um posicionamento conjunto sobre a questão.
“Precisamos ter uma junção de esforços para mostrarmos que não estamos apáticos a tudo o que está acontecendo no que tange à União Europeia”, ressaltou. Maciel Silva.
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA