Produção gaúcha de trigo avançou 64% na última safra
A safra de trigo 2022 colhida no Rio Grande do Sul cresceu 64% sobre o período anterior, alcançando 5,732 milhões de toneladas. Os números, que colocaram o Estado como responsável por 53% do total obtido no País, são resultado de um aumento de 24,8% na área plantada, que mostram a aposta dos produtores na retomada da cultura, conforme mostra estudo da Superintendência Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado nesta segunda-feira (13).
O levantamento objetivo da produtividade da cultura apontou rendimento médio de 3.941 quilos por hectare, 31% superior à média obtida na safra 2021. O estudo, com 95% de confiabilidade, foi realizado ao longo do período de cultivo em 105 pontos do estado, mapeados para representar a média fiel dos resultados nas diferentes regiões e microrregiões produtoras. Além de entrevistar os agricultores e obter uma série de informações sobre o cultivo, os técnicos colheram amostras, que foram classificadas por fase de desenvolvimento e pesadas, até que os números levassem ao cálculo final de rendimento sobre os 1,454 milhão de hectares plantados. Apesar da média de 64 sacas de 60 quilos por hectare, foram verificados rendimentos de até 101 sacas, em uma parcela analisada em Capão Bonito do Sul, no norte gaúcho.
O resultado surpreendeu positivamente o diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim.
“Esperávamos uma safra de 5,3 milhões de toneladas. Esse resultado é altamente surpreendente. A iniciativa é muito boa. Mas poderíamos ampliar o questionário aos produtores para que esse levantamento contemple uma coleta de dados ainda mais detalhada, o que serviria como uma ferramenta valiosíssima para entendermos como lavouras de diferentes regiões chegaram a determinados desempenhos”.
A ferramenta, cuja aplicação sobre as lavouras vinha sendo defendida desde 2012 pelo superintendente da companhia, Carlos Roberto Bestetti, deverá ser utilizada também na safra de soja.
“Fizemos uma experiência piloto com o grão na safra 2020/2021, e os resultados nos deram confiança para trabalhar com o trigo na safra seguinte. A ideia é usar outros parâmetros, mas a mesma metodologia, para que possamos ter o retrato mais fiel possível do tamanho da safra. Será muito importante, principalmente no contexto atual, com a estiagem mais uma vez castigando e comprometendo a produtividade da cultura”, observou o agrônomo da Conab Marcio Renan Weber Schorr, que coordenou o trabalho.
O trabalho foi elogiado também por representantes do sistema financeiro. A coleta de informações fracionada em regiões de diferentes microclimas é considerada importante para facilitar, por exemplo, a tomada de crédito e a contratação de seguro pelos produtores.
Durante a reunião de apresentação dos resultados, Hamilton Jardim sugeriu que os órgãos e entidades envolvidas com os levantamentos de safra, como Farsul, Emater, Conab, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Federação das Cooperativas Agropecuárias, façam reuniões prévias antes de divulgar as previsões iniciais de intenção de plantio para apresentar números semelhantes, evitando levar incerteza ao mercado. Ficou encaminhado que o alinhamento deverá ser feito em maio, quando os diferentes agentes já tiverem ido a campo buscar essas informações.
OS NÚMEROS DO CEREAL
Safra 2021
Área plantada: 1,16 milhão de hectares
Produção: 3,49 milhões de toneladas
Produtividade: 2.998 quilos por hectare
Safra 2022
Área plantada: 1,45 milhão de hectares
Produção: 5,73 milhões de toneladas
Produtividade: 3.941 quilos por hectare
Fonte: Jornal do Comércio