Da Resistência ao descanso: a história de Artigas Casablanca
Doze de outubro de 2008. Feriado nacional. Em Bagé, na Estância Minuano, nascia um Cavalo Mouro que desde muito cedo mostrava a sua mansidão. Confirmado um pouco antes de acabar o ano de 2012, medindo 1.44 de altura, 1.76 de tórax e 0,19cm de canela: Artigas Casablanca. Mas antes de ser Artigas, o potrilho de pelagem russa seria “Amor de Mãe”, respeitando a geração “A” da criação, mas advertidos pelo pai para escolherem um nome que fosse relacionado a cultura gaúcha, os irmãos Pedro e João de Blanco (in memoriam) batizaram o RP 109 de Artigas Casablanca.
Pedro de Blanco lembra da genética de Artigas. Sua mãe, Perica Casablanca, uma égua que a família tinha um carinho muito grande por duas razões: “foi uma das primeiras domas do João e por que sempre sonhamos em ter uma moura na manada, e a Perica foi a primeira, tendo sido uma grande surpresa pois ela era filha de pai e mãe malacara”, lembra de Blanco. Na sua linha alta, Artigas descende de Gaúcho Casablanca, que já traz na sua genética traços de cavalos que já comprovam sua resistência, sendo filho de Ramon do Cinco Salsos, que por sua vez é filho de filho de Navajo numa mãe Vercingetorix. Pedro ainda lembra que a mãe de Gaúcho é Boneca Casablanca, “origem Naipe do Aceguá e Laurindo do Cinco Salsos, já havia nos presenteado o Hermano Casablanca cavalo que correu três Chasques de 50Km, Jaguarão, Bagé e Aceguá, estando sempre os 3 primeiros postos”, ressaltando as origem de resistência do cavalo.
Uma história de conquistas
Mas é chegada a hora de voltar para casa. Conduzida por Paulo Cesar Porciúncula, Artigas Casablanca disputou sua última prova de resistência do Cavalo Crioulo em novembro de 2022, quando ficou na segunda colocação na Final Nacional do Enduro nos 50km. Além disso, teve o expressivo segundo lugar na disputada Marcha Anual de Resistência realizada em Aceguá/RS, no ano de 2019. Paulo, que também foi o domador e usuário de Artigas durante o período que o exemplar esteve participando de provas, lembra da sua história com o cavalo:
“Um cavalo que me deu muita alegria, cuidei dele, corri várias provas, um cavalo para o esporte, para o serviço da estância, foi se fazendo cavalo, consegui correr umas quantas provas, completei Marcha, enduros, ganhei todos que disputei, foi um excelente cavalo, então agora esse ano eu decidi que estava na hora de parar, já fez o que tinha que ser feito, então um cavalo que foi pro campo são de mão e pata, inteirinho, tava na hora de parar”.
Depois de tantas conquistas, Artigas Casablanca volta para o lugar onde nasceu. Volta bem, saudável e ainda muito a viver na Estância Minuano, provando a rusticidade e longevidade da raça Crioula.
Em primeiro lugar o Cavalo
Em todas as modalidades, de seleção ou esportivas, do Cavalo Crioulo, o bem-estar animal é sempre uma prioridade, seja por parte dos criadores, ginetes, cavaleiros, veterinários, usuários e todos aqueles que amam a raça. Por percorrer grandes distâncias, as provas de resistência mostram a rusticidade da raça, mas não são agressivas ao animal, “mas muito pelo contrário, quando o animal tem genética apropriada, um treinamento adequado para esse tipo de prova, os animais mostram a sua rusticidade, o seu poder de recuperação, que são os grandes pilares da raça. Estamos comprovando nas provas o que a raça é, sem contar a solidariedade entre ginetes, entre a organização, comissão, entre todos componentes dessas provas. Todos estão preocupados com os cavalos, em primeiro lugar o cavalo, depois a premiação e o resultado”, relata o coordenador da Subcomissão da Marcha de Resistência, Luiz Mário Queirolo Diaz.
O coordenador da Subcomissão lembra dos bons resultados que Artigas Casablanca teve ao longo de sua história com o ginete Paulo Cesar Porciúncula, já que teve bons resultados em Enduros e Marchas e quando o cavalo completou a idade em que já conquistou o que podia, voltou a campo em excelentes condições físicas, mostrando a recuperação do Cavalo Crioulo, e também o cuidado de todos com o bem-estar animal em todas as etapas e provas da vida do cavalo.
Fonte: ABCCC