Exportações de carne suína do RS crescem 45,5% em novembro
As exportações de carne suína do Rio Grande do Sul aumentaram 45,5% em novembro em relação ao mesmo mês de 2021, totalizando 23,5 mil toneladas. Ao longo do ano, o volume chega a 238,5 mil toneladas. As movimentações geraram receita de US$ 60,4 milhões, alta de 78,8% sobre o período anterior.
A performance, entretanto, contrasta com o acumulado dos primeiros 11 meses do ano, que apontou queda de 14% no volume de embarques e diminuição de 17,2% na receita, tendo gerado US$ 551,3 milhões. As explicações para essa disparidade passam pelo cenário político conturbado após as eleições e pela cautela nas compras pela China, segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos, Rogério Kerber. Conforme o dirigente, o aumento nos embarques em novembro se deveu ao receio de que ocorressem paralisações de caminhoneiros e bloqueios nas rodovias por conta da vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) e, em consequência, reflexos na logística de transportes de produtos para os portos.
“Novembro foi um mês positivo, mas muitos desses embarques foram antecipados por precaução, para evitar problemas no cumprimento de contratos já firmados. Por outro lado, o Rio Grande do Sul enfrentou muita dificuldade ao longo do ano para conseguir acomodar os produtos nos contêineres, depois que a China, maior importador, passou um período de lockdown para tentar controlar a retomada dos casos de Covid-19”, diz Kerber.
Em abates, o setor registra aumento de 4,5% em relação ao período de janeiro a novembro de 2021, com 9,1 milhões de animais mortos. O crescimento modesto, na avaliação do dirigente, é efeito do aumento dos custos de produção por conta da quebra de 60% na safra de milho, com impacto na terminação dos animais.
Já no mercado interno, Kerber estima que a demanda por cortes suínos pode aumentar até 25% por conta das festas de fim de ano.
“O preço da proteína suína segue competitivo. A carne suína e seus derivados são uma tradição nas mesas dos gaúchos nessa época do ano, e os valores deverão se manter na mesma média de 2021, salvo algum corte especial”, analisa.
As exportações nacionais, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal, também tiveram alta em novembro, alcançando performance 17,8% superiores ao volume registrado no mesmo mês de 2021. Os embarques totalizaram 93,4 mil toneladas, contra 79,3 mil toneladas no penúltimo mês de 2021.
Em receita, a alta é ainda mais expressiva, com crescimento de 35,1%, somando US$ 230,5 milhões no mês passado, contra US$ 170,6 milhões registrados em novembro de 2021.
No acumulado do ano, entretanto, o volume exportado de 1 milhão de toneladas foi 2,8% menor que o registrado nos primeiros onze meses de 2021. A receita no período também caiu. O faturamento alcançou US$ 2,3 bilhões, frente aos US$ 2,4 bilhões do ano passado, uma redução de 5,3%.
No segundo semestre de 2022, porém, a média de exportações registradas chegou a 101,4 mil toneladas, superando os patamares verificados no mesmo período do ano passado, quando o País embarcou 95,7 mil toneladas do produto. A performance provocou entusiasmo no presidente da ABPA, Ricardo Santin.
“Em todo o histórico da suinocultura de exportação, não há um semestre com desempenho tão expressivo quanto o registrado neste fim de ano. O mercado internacional está demandando produtos brasileiros. Este quadro permitiu ao setor recuperar forças e embarcar volumes acumulados em 2022 muito próximos ao que vimos no ano passado, quando registramos recordes de exportações. São divisas fundamentais para a indústria e o país, em um momento de recuperação econômica, tendo em vista que ainda não superamos os impactos das altas dos custos de produção”, avaliou o dirigente.
Considerando apenas o mês de novembro, a China, principal destino das exportações brasileiras de carne suína, incrementou as compras em 95% em relação ao mesmo período do ano passado, com total de 42,8 mil toneladas. Enquanto isso, o Chile importou 7,7 mil toneladas, 53% a mais em relação aos embarques de novembro de 2021, e assumiu pela primeira vez o segundo lugar no ranking das exportações brasileiras.
“Temos expectativas positivas sobre o fechamento deste ano e esperam-se impactos ainda mais positivos com a abertura dos mercados do México e do Canadá, dois dos maiores importadores de carne suína do planeta, que neste ano abriram as portas para o produto brasileiro”, completa o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.
Fonte: Jornal do Comércio