Valor bruto da produção agropecuária do País deve crescer 4,9% em 2023
Estimativa divulgada nesta quarta-feira (16) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta que o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do País chegará a R$ 1,2 trilhão em 2023, representando aumento de 4,9% em relação ao esperado para este ano. A projeção leva em conta tendência de o Brasil colher uma nova safra recorde de grãos no período 2022/23, principalmente a partir da recuperação da soja.
“Órgãos federais apontam que o clima será melhor em 2023, o que é bom para a agropecuária”, diz o coordenador-geral de Políticas Públicas do Mapa, José Gasques. Conforme previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as lavouras de soja devem se expandir sobre áreas de pastagens degradadas, apresentando boa recuperação da produção do grão no ano que vem.
Neste ano, conforme o Mapa, o faturamento das lavouras em 17 culturas que fazem parte do levantamento será de R$ 812,8 bilhões, com alta de 0,4%, e da pecuária, R$ 366,4 bilhões, uma queda de 3,4%. O valor estimado para o ano fica abaixo dos R$ 1,1 trilhão verificados em 2021, mas é o segundo maior em uma série histórica de 30 anos.
Pesaram sobre a estimativa a retração na produção de soja na Região Sul por conta de problemas climáticos e a redução dos preços internos da pecuária.
A soja, principal grão semeado no Brasil, seguirá no topo do ranking, com VBP estimado em R$ 390 bilhões no próximo ano, alta de 15% sobre 2022. Com a quebra da safra passada na Região Sul e em parte de Mato Grosso do Sul, o valor calculado para este ano, de R$ 339,1 bilhões, representa diminuição de 11,7% sobre 2021, a primeira retração desde 2019.
No milho, que neste ano registra crescimento de 13,3%, a previsão é de alta de 0,2% em 2023, chegando a R$ 149,9 bilhões.
Segundo o órgão governamental, a tendência de crescimento abrange também as culturas de amendoim (15,9%, para R$ 3,9 bilhões), arroz (1,2%, para R$ 16,9 bilhões), banana (17,2%, para R$ 18,1 bilhões), batata inglesa (5,7%, para R$ 11 bilhões), mandioca (20,3%, para R$ 16,9 bilhões) e uva (21,5%, para R$ 7,7 bilhões).
Por outro lado, deve haver queda de 17,6% nos valores para a produção de trigo (R$ 14,7 bilhões), 18,8% no tomate (R$ 12 bilhões), 6,1 no feijão (R$ 14,2 bilhões), 4,9 no algodão (R$ 34 bilhões), 3,6 com o cacau (R$ 3,1 bilhões), 13% no café (R$ 50,3 bilhões), 2,7% com a laranja (R$ 16,6 bilhões) e 29,5% com a mamona (R$ 90 milhões).
Já em relação às cinco principais cadeias da pecuária, o ministério projeta VBP conjunto de R$ 381 bilhões em 2023, com aumento de 4% em relação ao montante previsto para este ano, de R$ 366,4 bilhões, e 3,4% menos que em 2021. O segmento continua afetado pela alta dos custos dos grãos e pelas incertezas que rondam a economia brasileira.
Para os bovinos, o valor projetado é de R$ 140,9 bilhões, 4,7% abaixo do resultado esperado para 2022. Mas há crescimentos de 6,5% previstos para suínos (R$ 33,1 bilhões), 8,1% para frangos (R$ 118,8 bilhões), 16,1% para o leite (R$ 67 bilhões) e 7,7% nos ovos (R$ 21,2 bilhões).
O que é VBP
O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. Calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil. O valor real da produção, descontada a inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas. A periodicidade é mensal.
Fonte: Jornal do Comércio