100% do Brasil é Angus

Ela começou de mansinho pelo Sul do Brasil, avançou pelo Sudeste, ganhou corpo no Centro-Oeste, chegou ao Norte e ao Nordeste. Mas, agora, a Angus atingiu um feito histórico: está presente em todas as 27 unidades da federação. A conquista veio após a confirmação pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) da venda de sêmen da raça Angus no estado do Amapá, o último que faltava para garantir presença em 100% do Brasil. A notícia é a prova irrefutável da adaptabilidade e da força da genética Angus, referência na qualidade de carne. Um dos novos criadores de Angus na região Norte é o diretor da Ábaco Brasil, José Dombroski, que vem apostando na produção de exemplares Angus meio-sangue em Macapá (AP).

Lindomar Souza, diretor comercial da Ábaco, destaca que os exemplares da raça Angus fazem par, em resistência, com o búfalo, espécie já tradicional nas planícies e no clima equatorial de estados como Pará e Amapá. “Aqui, chove em média 4.000 mm por ano. Isso é mais que o dobro do Mato Grosso. E o gado Angus se adaptou muito bem, tanto na lama quanto na terra encharcada. Na fazenda, tínhamos criação de búfalo e Nelore. Estes últimos começaram a morrer por causa da umidade, e tínhamos de achar lugares mais altos para manter a criação. Já o Angus não: ele se adaptou muito bem”, reitera Souza. Segundo o diretor, a adaptabilidade do Angus na região é tamanha que é comum encontrar animais com água no nível da barriga, ainda que o Angus não seja capaz de mergulhar como o búfalo.

A criação de Angus na fazenda Ábaco em Macapá começou ainda em 2020, com 33 novilhas Angus trazidas de Altamira, no Pará. Hoje, a propriedade faz cruzamento do sêmen de touros Angus com vacas Nelore, seja na proporção de 1/2 ou 3/4 de Angus.

De acordo com Souza, a avaliação preliminar positiva do desempenho do Angus em solo amapaense torna a Ábaco otimista em vislumbrar um retorno, com mais certeza, da criação de bovinos no Estado, já que, segundo ele, o gado Nelore não “decolou”, por conta do clima chuvoso. “Se formos criar bovinos, será Angus”, garantiu. “A intenção, em princípio, é produzir matrizes para vendê-las para outros pecuaristas da região”, projeta.

Para o presidente da Angus, Nivaldo Dzyekanski, a confirmação da criação de exemplares da raça no Amapá é vista como uma conquista e como resultado do melhoramento genético dos animais de genética nacional, que têm se adaptado cada vez mais aos diferentes climas e sistemas de produção e ganhado terreno dentro do mercado brasileiro. “Com a genômica, temos conseguido selecionar animais resistentes ao carrapato, alimentarmente mais eficientes e adaptáveis. Dessa forma, temos conseguido chegar a diferentes sistemas sem perder a qualidade de carne, pela qual a Angus é reconhecida mundialmente.”

Foto: João Pedro Veiga

A Angus está presente em 53,57% dos 5.570 municípios brasileiros de acordo com dados da Asbia, seja por meio da venda de touros ou de sêmen. E dos 4.029 municípios onde são registradas a comercialização de doses, a raça tem representatividade em 74,06%. O Mato Grosso é o maior comprador de genética Angus, com 19,48% de representatividade, força que vem do uso do sêmen Angus para produção de bezerros meio-sangue.

Mato Grosso do Sul e Goiás também sobressaem, tendo 15,03% e 13,30%, respectivamente. Por isso, entre as regiões brasileiras, a Centro-Oeste lidera na aquisição de doses de sêmen Angus, com 48,11% do total nacional. Logo atrás vêm as regiões Norte (18,46%), Sul (16,47%), Sudeste (12,59%) e Nordeste (4,37%).

A alta abrangência também reflete outro dado importante: a contratação da genética Angus nacional. Embora a maioria do sêmen contratado ainda seja importada, principalmente dos Estados Unidos, de acordo com Ney Conti, da Zebu Fértil, a participação brasileira vem crescendo solidamente. Em 2021, a contratação da raça Angus na Zebu Fértil cresceu cerca de 50%, e nada menos que 96% dessas são de genética nacional. “Esse crescimento se dá pela robustez da seleção da raça no Brasil, onde as características da produção no nosso extremo sul são muito mais próximas do Brasil Central, do que da realidade norte-americana, por exemplo”, salienta Conti. Com a genética nacional, enfatiza, “buscamos animais altamente produtivos, só que voltados para a nossa situação”.

Fonte: Associação Brasileira de Angus

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