Milho começa a ser colhido no RS

Inicia a colheita de milho no Estado, apesar da cultura apresentar perdas irreversíveis devido à estiagem, principalmente no Norte do Rio Grande do Sul. Na região Sul não foram registradas perdas, pois a cultura do milho foi favorecida por precipitações na semana. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (23) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), 17% das lavouras de milho estão em maturação, 32% em enchimento de grãos, 19% em floração, 31% em germinação e desenvolvimento vegetativo. Atualmente 92% das áreas foram semeadas e 1%, colhidas.

De todas as culturas de verão, as lavouras de milho são as mais prejudicadas pelo quadro climático, e os sintomas de estresse são um número maior de folhas amareladas. Na Fronteira Oeste, em Manuel Viana, estimam-se perdas de 30%; em São Borja, 50%; em algumas áreas financiadas, produtores solicitaram cobertura de Proagro. Já na Campanha o quadro é menos grave e o retorno das chuvas possibilitou a retomada do plantio das lavouras para subsistência, operação que se estenderá até o fim de dezembro.

Na regional de Ijuí, o milho grão de sequeiro em estádio reprodutivo sofreu perdas irreversíveis devido à estiagem que se prolonga na região. As precipitações que aconteceram durante a semana não foram suficientes para normalizar a situação de déficit hídrico, e a cultura não tem mais condições de se recuperar, mesmo com o restabelecimento da umidade no solo. Nas lavouras mais afetadas, produtores estão eliminando as plantas e liberando as lavouras para novo cultivo se as condições climáticas forem favoráveis.

Na região de Frederico Westphalen, a prolongada ausência de chuvas acentuou a redução da produtividade do milho nas áreas semeadas em agosto, pois as espigas ficaram menores. A falta de chuvas desde novembro aliada à temperatura elevada acelerou o processo de maturação; as perdas são irreversíveis, já que a cultura está em final de ciclo. Há grande número de pedidos de cobertura de Proagro ou seguro agrícola. Produtores aproveitam as plantas para fazer silagem, mesmo que de baixa qualidade. A estimativa é de redução de aproximadamente 60% no rendimento. Estão colhidos 27% dos cultivos.

Na regional de Santa Rosa, foi concluído o plantio da área de milho grão. Com isso, se atingiu 83% da área prevista, ficando para serem plantados 17% na safrinha. Já estão colhidos 2% da área, e 45% estão em maturação. As condições climáticas altamente adversas durante todo o período reprodutivo da cultura levaram à intensa senescência das folhas que ainda estavam fotossinteticamente ativas e à perda de água nos grãos. Esse encurtamento do ciclo das lavouras deve impactar ainda mais na produtividade esperada para a safra.

A produtividade média inicial projetada era de 8.360 quilos por hectare, mas já é possível estimar perda de 39%, ficando em torno de 5.120. Com a manutenção das condições ruins para o desenvolvimento dos cultivos do milho e com a proximidade da colheita, diversos agricultores comunicam perdas e solicitam Proagro: já foram registrados 322 pedidos de perícia nas lavouras de milho.

Milho silagem – Na regional de Ijuí, o milho cultivado para silagem está sendo cortado no estádio de grão leitoso, um pouco antes do ideal, para evitar o ressecamento total das plantas. Na de Erechim, produtores começam a acelerar a colheita do milho silagem mesmo com espigas não muito boas. Da produção prevista de 40 toneladas por hectare, atualmente a colheita chega em média a 25 a 30 toneladas por hectare, com milho de baixa qualidade.

Soja – O plantio de soja pouco avançou no estado na semana que passou devido à estiagem, principalmente na metade Norte do Rio Grande do Sul. As áreas implantadas correspondem a 91%, o que representa 5,8 milhões de hectares, dos quais 5% estão em floração. Em regiões produtoras com maior déficit hídrico, a cultura nesse estágio demonstra sinais de perda de potencial produtivo.

Na de Soledade, a cultura de maneira geral volta a apresentar sintomas de estresse hídrico, com folíolos pendentes. Por conta do déficit hídrico que perdurou durante grande parte do ciclo, a maioria das lavouras apresenta estatura de plantas abaixo do normal para a época, muitas delas florescendo, e isso compromete a produtividade. As consequências do déficit hídrico são mais graves em municípios do Alto da Serra do Botucaraí, onde faltando plantar 20% da área, e faz estagnar o crescimento e o desenvolvimento de plantas das lavouras semeadas. A falta de chuvas prevista para os próximos dias preocupa os agricultores que não têm como semear soja em solo com baixo teor de umidade, ainda mais pelo fato de que o zoneamento da cultura termina em dezembro.

Na de Santa Rosa, na semana, foi observada intensificação do estresse hídrico das lavouras onde as chuvas foram de menores volumes. A perda de água foi acentuada pelos ventos e as altas temperaturas, principalmente no final da semana. Foram observadas ocorrências de tripes em algumas lavouras em estádio mais desenvolvido. Algumas áreas apresentam falhas por morte de plantas (damping off) ou por escaldadura, ambas decorrentes das altas temperaturas. Segue em andamento o monitoramento de ferrugem, com coletor de esporos instalado em 29/11 em área de 5,2 hectares em Cerro Largo.

Na região de Frederico Westphalen, o quadro é extremamente preocupante devido aos baixos índices pluviométricos ou até mesmo à ausência de chuvas em muitos municípios, afetando seriamente o desenvolvimento da cultura, atrasando a finalização da semeadura e comprometendo o potencial produtivo. As precipitações isoladas ocorridas nos últimos dias não foram suficientes para amenizar a situação. O potencial produtivo já está 10% menor. A semeadura ainda não foi finalizada; a cultura encontra-se 13% em floração. Os agricultores realizam manejo de plantas invasoras; não foi relatada a presença de pragas. Em algumas áreas com plantas em estádio V3-V4, há algumas doenças de final de ciclo como mancha olho-de-rã e antracnose, e agricultores aplicam fungicida marco zero para manejo. 

Feijão 1ª safra – Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, a cultura está em floração e formação de grãos, com boa sanidade. Preocupa a falta de chuva. Na de Soledade, a chuva na semana beneficiou muitas lavouras, sobretudo onde ocorreram maiores acumulados. Porém, o retorno das condições climáticas de temperaturas diurnas elevadas, baixa umidade relativa do ar e tempo seco diminuem o crescimento em lavouras na fase vegetativa; naquelas em florescimento, ocorre queda de flores e de vagens em formação. Lavouras colhidas têm produtividades diversas; para algumas, é solicitado Proagro; outras alcançaram produtividades de 30 sacos por hectare, com boa qualidade do grão, em função da chuva e da tecnologia de produção utilizada. Segue o monitoramento de doenças, e, quando for o caso, produtores realizam controle. O clima seco favorece a ocorrência de ácaros. Das lavouras de feijão, 15% estão colhidas, 30% em maturação, 25% em enchimento de grãos, 20% em florescimento e 10% em desenvolvimento vegetativo.

Arroz – O plantio está praticamente concluído, e 8% das áreas encontram-se em floração, favorecida pela luminosidade. Produtores manejam as lavouras, que apresentam bom desenvolvimento. Na região de Pelotas, a semeadura foi concluída, e 100% da cultura está na fase vegetativa. Os reservatórios estão em plena capacidade de armazenamento de água, proporcionando tranquilidade para o manejo do arroz. Lavouras apresentam bom estande de plantas, bom desenvolvimento vegetativo, e não há relato de problemas fitossanitários. O clima quente e seco acelerou o desenvolvimento. Na regional da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, 96% das lavouras estão semeadas, todas em germinação e desenvolvimento vegetativo. Nas que resta plantar é realizado o controle mecânico de invasoras, como capim arroz, arroz vermelho e o arroz guacho. A estiagem preocupa principalmente arrozeiros que usam água de arroios, sangas e rios, cujos níveis estão muito baixos. De maneira geral, o custo de insumos e a queda das cotações preocupam os produtores, pois afetam em muito a rentabilidade da atividade.

Frutícolas

Amora – Em Encruzilhada do Sul, município com produção expressiva da fruta na regional de Soledade, a amora está em colheita. A cultura sente a falta de chuvas, mas a produção colhida é de boa qualidade. O produto é armazenado em câmaras frias e comercializado de forma gradativa. Boa parte da produção já foi colhida.

Figo – Em Planalto, na regional de Frederico Westphalen, o figo está em desenvolvimento vegetativo, fase prejudicada pela estiagem. A qualidade do fruto está parcialmente condicionada ao menor tamanho pela diminuição de disponibilidade de água. Os primeiros frutos estão atingindo a maturação fisiológica, com início da colheita em poucos dias. É realizada neste período a prática da desbrota de galhos em excesso e os tratamentos fitossanitários de controle preventivo da broca do figo e da ferrugem da figueira.

Melancia – Na região de Porto Alegre, as chuvas no período melhoraram o desenvolvimento vegetativo e a frutificação das lavouras cultivadas na região Carbonífera. Entretanto, o sol forte causa perdas pela queima da casca dos frutos, e já há registro de perda de peso e muito abortamento da segunda apanha. A logística da safra está intensa, com maior intensidade de colheita em Arroio dos Ratos e São Jerônimo.

Morango – Na regional de Pelotas, a produção está menor devido ao calor e clima seco. Os preços de comercialização in natura variam de R$ 5,00 a R$ 15,00/kg, dependendo da qualidade dos morangos ofertados. O estado fitossanitário das plantas é muito bom devido ao clima mais seco. Na de Soledade, o calor excessivo prejudica a polinização e acelera a maturação dos frutos, sendo necessária atenção especial na irrigação pois há alta demanda hídrica, associada ao índice de área foliar da cultura. O calor também prejudica a conservação do produto após colheita.

Uva – Na região de Caxias do Sul, as chuvas de baixos volumes no início do período pouco amenizaram a situação de deficiência hídrica nas videiras, sendo que em alguns locais se fazem notar claramente os sintomas típicos de secura, como folhas murchas e amarelecidas, parada total do crescimento e bagas murchas e arroxeadas. Os vinhedos que dispõem de sistemas em propriedades em que ainda há volumes reservados de água estão sendo irrigados, prática cada vez mais implementada na viticultura. Iniciou a colheita da principal variedade de mesa cultivada na região serrana, a Niágara Rosa, cultivada nos mesoclimas mais quentes – vales dos grandes rios regionais. Tanto a Vênus como a Niágara demonstram excelentes características, como sanidade, coloração e sabor, fortemente resultantes das condições climáticas de secura.

Bovinocultura de leite – Além da diminuição da oferta de forragens devido à falta de chuvas, as temperaturas elevadas estão prejudicando o bem-estar animal, diminuindo o tempo de pastejo em função do calor e provocando queda na produção de leite. O clima seco da semana facilitou o controle da qualidade do leite, mantendo ou melhorando os índices legais exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Nos confinamentos, ainda há necessidade de ventilação e aspersão de água a fim de amenizar o calor, o que eleva o custo de produção em função da energia elétrica empregada neste manejo.

Ovinocultura – Apesar da baixa oferta forrageira, devido à falta de chuvas, o rebanho ovino segue com boas condições produtivas. O uso das pastagens cultivadas foi intensificado, a fim de ampliar o índice de ganho de peso dos cordeiros que serão ofertados para comercialização de final de ano. Já os produtores que utilizam apenas áreas de campo nativo estão suplementando com concentrados, tanto os cordeiros quanto as matrizes que serão encarneiradas. A esquilagem dos ovinos está sendo finalizada, e o período de encarneiramento já iniciou em algumas regiões, principalmente do rebanho laneiro. 

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural

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