Solte sua Flecha
Por: Fábio Verardi
Muito além dos planos de férias para o ano que irá nascer e a expectativa pelo resultado da mega sena acumulada, essa época de final de dezembro nos traz inúmeras preocupações sobre um elemento temporal catalisador de todas as ansiedades: o futuro. Nossa cabeça passa a criar incertezas que se transformam em medos, afinal de contas nossas projeções sobre dinheiro, principalmente, envolvem o bem estar, a segurança e a saúde das pessoas que participam de nossa vida. Assim, o Natal, que seria o palco para nossos agradecimentos, se torna um período também de muitas conjecturas regadas a lapsos de pressão arterial e possíveis insônias repentinas. Tudo isso, por que além dos desejos de mudança de vida, cometemos o erro de querer comandar o que não pode ser comandado. O célebre professor Hélio Couto, em suas lições de mecânica quântica, nos ensina que a projeção mental sem obstáculos é capaz de materializar qualquer resultado que for pretendido, como exemplo, o carro novo na garagem. Basta imaginar o carro, sua cor e modelo que ele aparecerá para nós. Daí nos perguntamos, por que ele não apareceu ainda? A resposta são os bloqueios de realização que lançamos ao universo, mesmo sem que percebamos, pois para o carro novo estar na garagem é preciso crer sem abrir a porta da garagem para conferir. E mais, quando desejamos o carro, temos que somente quere-lo e não criar efeitos contrários ao nosso desejo, como pensar no IPVA, no valor do seguro ou o quanto ele irá gastar de gasolina, por que isso bloqueia a realização.
A filosofia de Jesus nos ensina muito sobre isso, principalmente sobre o crer sem precisar ver, sobre ter fé incondicional a ponto de não precisar nenhuma prova, bastando apenas acreditar. Ainda assim, não estamos falando de nenhum milagre e sim em crer naquilo que podemos produzir a partir da nossa matéria humana, dos nossos dons inatos que nos concedem esses superpoderes. O exemplo do arco e flecha, usado em muitos livros de auto ajuda, é brilhante, pois ao empunharmos o arco e tensionarmos a corda para lançar a flecha, definiremos a partir da mira, da calma, do autocontrole o quanto nosso disparo se aproximará do centro do alvo. Porém, todo esse esforço de mira e concentração durará até o exato momento em que soltarmos a flecha ao ar, depois disso, sua trajetória não dependerá mais de nós. Nossa flecha poderá ter vários destinos, talvez um vento no meio do caminho estrague tudo, mas precisamos entender que isso não depende mais de nós. Nas histórias em quadrinhos o Tio Patinhas tinha um primo chamado Gastão, era o pato mais sortudo do mundo, paquerava a Margarida, o que deixava o Donald estressado, e, parecia que tudo dava certo pra ele, por que o Gastão era desapegado, sabia deixar que as coisas fluíssem a seu favor, e, definitivamente não podemos chamar isso de sorte. Desleixo não é sinônimo de desapego, assim como preguiça não é de inspiração, pois a flecha não alcançará seu curso se não a impulsionarmos com a vontade para que ela chegue onde quisermos, portanto, a preparação é o estágio anterior à sua trajetória e nisso não existe sorte. A missão é difícil, mas pratiquemos com fé para aprendermos a cada dia a soltar a nossa flecha.