Chuva reduz atraso no plantio da soja no Estado

Ainda que a estiagem tenha avançado sobre 110 municípios que já decretaram situação de emergência no Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil do Estado, as chuvas registradas nos últimos dias permitiram ao produtor colocar novamente as máquinas no campo para finalizar o plantio da soja. E há previsão de mais precipitações nesta semana.

As perdas no milho plantado mais cedo, porém, não terão recuperação. De acordo com Rogério Mazzardo, gerente técnico da Emater, a semeadura da soja, que estava parada devido ao solo muito seco, foi retomada e agora faltariam apenas cerca de 20% da área prevista para a cultura no ciclo 2020/2021. Os agricultores correm contra o tempo, já que dezembro é a janela limite para o plantio.

“As chuvas da semana passada amenizaram a situação, pois ocorreram em volume significativo em diferentes regiões, como na área de Frederico Westphalen. Chegaram a passar de 100 milímetros e os produtores aproveitaram a umidade para retomar o plantio de soja, que estava muito atrasado”, explica Mazzardo.

Com a estiagem dando trégua, o atraso no plantio foi significativamente reduzido. De cerca de 40% da área prevista para ser semeada, o Estado saltou para 81% nesta semana. O sojicultor, assegura o representante da Emater, tem aproveitado todo o tempo disponível para semear. Já o milho que teve perdas não poderá ser recuperado.

“A lavoura que estava em fase de enchimento de grãos e teve prejuízo consolidado dificilmente se recupera. Mas é possível fazer o replantio em algumas áreas e o milho semeado mais tarde poderá ser beneficiado com as atuais e futuras precipitações”, avalia Mazzardo.

Nas frutas, a Emater sinaliza que o clima, assim como ocorreu no ano passado, acarreta perdas de quantidade e ganhos de qualidade. Pêssegos e uvas mais doces devem predominar nesta safra, antecipa Mazzardo.

De acordo com boletim conjuntural da última quinzena publicado pela Emater apresentou regularidade de chuvas em mais de uma região, beneficiando os pomares que vinham se ressentindo de falta de umidade na na área de Santa Maria, por exemplo. De acordo com o Informativo Conjuntural da Gerência de Planejamento da Emater, as variedades precoces de uva já começam a ficar maduras. Na região de Erechim, iniciou a colheita das variedades Niágara e Vênus. A produção é menor devido à estiagem; no entanto, as frutas apresentam maior teor de açúcar.

“Na uva, depois de certa fase, o estresse hídrico não é tão prejudicial. Na maturação, por exemplo, isso aumenta o teor de açúcar e essa fruta destinada ao vinho gera uma bebida de melhor qualidade”, detalha o engenheiro agrônomo.

O arroz também foi beneficiado com recuperação de açudes, mananciais e reservatórios de água para irrigação. Mazzardo, porém, alerta que mesmo as precipitações previstas para breve podem mudar. Isso porque as condições climáticas se alteram mais rapidamente durante o fenômeno La Niña e por isso é cedo para dizer que a situação irá se normalizar.

“Existem previsões que apontam que chuvas virão de forma mais regular nos próximos meses. E que em fevereiro poderá ter nova escassez, mas os prognósticos mudam rapidamente e o próprio Inmet tem aumentado suas atualizações, que depende mais do resfriamento e aquecimento do Oceano Pacífico”, explica Mazzardo.

O primeiro município a decretar situação de emergência devido à estiagem no Estado foi Tenente Portela, ainda em outubro. Em dezembro, a lista ganhou outros quinze municípios e rompeu a barreira de cem cidades com problemas de déficit hídrico. Boletim Integrado Agrometeorológico da Secretaria de Agricultura aponta que o tempo chuvoso deverá predominar em todo o Estado, com precipitações mais expressivas na região Norte. Os maiores volumes são esperados nas regiões Norte e Oeste, podendo oscilar entre 50 e 70 mm.

Na segunda-feira o boletim indica que o sistema avança em direção a Santa Catarina, mas ainda com ocorrência de chuvas na Metade Norte. Na terça-feira (15), o tempo firme e as temperaturas máximas acima de 30°C deverão predominar e permitir a volta das máquinas ao campo para seguir semeando a soja e aproveitando a umidade adquirida pela terra. Em geral, de acordo com a Emater, a semeadura está mais avançada na Campanha, com 90% da intenção de plantio concluída em Dom Pedrito; e menor, na Fronteira Oeste, com 60% das áreas finalizadas em São Borja.

Fonte: Jornal do Comércio

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