Seminário do Pró-Milho debate a produção na Metade Sul do Estado
Promoção foi uma parceria entre a Secretaria da Agricultura e a Emater/RS-Ascar
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e a Emater/RS-Ascar realizaram virtualmente, nesta quarta-feira (8,) o “Seminário do Pró-Milho/RS – Produção na Metade Sul”. O secretário Covatti Filho e o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, abriram o evento e deram boas-vindas aos cerca de 500 participantes, entre produtores rurais e representantes de órgãos públicos, setores produtivo e industrial, instituições de pesquisa e assistência técnica, entre outros. A transmissão ocorreu simultaneamente pelo YouTube do Rio Grande Rural e pelo Facebook da Emater/RS-Ascar.
O secretário Covatti Filho destacou a importância da cultura do milho para o Rio Grande do Sul. “Lançamos no início deste ano o Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho, o Pró-Milho, para fortalecer toda a cadeia produtiva do nosso Estado. Mas ainda temos muito que aprender”. Ele desejou um ótimo seminário para todos.
O presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, agradeceu e parabenizou a iniciativa liderada pelo secretário. “É um programa que abrange toda a cadeia produtiva do milho, desde os cuidados com o solo, irrigação, armazenagem até a comercialização do grão. É uma grande alegria e orgulho fazer parte desse Programa como um braço forte e importante da Seapdr. Que essa iniciativa se estenda a outras culturas”.
Após a abertura, o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, destacou o potencial topográfico da Metade Sul, apresentou a média histórica do comportamento da chuvas durante o período da cultura do milho e como isso tudo interfere na média da produtividade, que chega aproximadamente somente à metade da média de produtividade do Estado, nas últimas três safras. “Cabe a nós fazer uma reflexão sobre uma estratégia a ser adotada para qualificar essa região que tem grande potencial para a produção de milho, pela topografia e áreas grandes. Trouxemos esses dados para trazer para o debate o atual cenário que existe e se apresenta dessa forma”.
Para Rugeri, entender esse cenário recai sobre a valorização da principal estratégia do Programa. “A ferramenta de segurança, que é a irrigação, é a cereja desse bolo”. O diretor finalizou sua participação destacando a importância da Embrapa e do Irga que já atuam na pesquisa e muitas experiências práticas de plantio de milho na várzea. O que agregará muito ao programa. “O grande salto que o Pró-Milho está dando é por conta do envolvimento de uma gama de entidades e instituições envolvidas e responsáveis pelo fenômeno do agronegócio, que tem por pilar de sustentação o milho. Sem o grão, a dificuldade para resolver a equação do deficit de milho seria intransponível”.
Logo em seguida, o doutor em agronomia e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Giovani Theisen, abordou alguns aspectos da importância do milho do ponto de vista técnico aos sistemas de produção. Também ilustrou em sua apresentação alguns dados dos levantamentos da Instituição sobre as potencialidades da produção da cultura na região.
Ao final, Theisen apresentou as linhas de trabalho que estão sendo pesquisadas na Embrapa. “Além do que foi trabalhado em tempos passados por colegas que não estão mais na ativa, mas que contribuirá muito com o Programa, por meio da integração lavoura e pecuária, muito forte em nossa região, e uso de áreas de várzea para a cultura do milho. Com tudo isso é possível transformar uma realidade regional”.
O diretor de Política Agrícola e Desenvolvimento Rural da Seapdr e coordenador do Pró-Milho, Ivan Bonetti, afirmou que, no Estado, o setor de proteína animal, aves, suínos e bovinos consome anualmente cerca de 6,4 milhões de toneladas de milho como ração para os animais. “Grande parte é trazida do centro-oeste do país, chegando a um preço bem elevado, devido ao custo com o transporte até as indústrias gaúchas”, contextualizou. Segundo ele, na última safra, a cultura do milho teve uma redução de 31% na sua produção estadual, ficando em apenas 4,2 milhões de toneladas produzidas. “O que significa que, logo, o setor de proteína animal terá que importar mais de 2,2 milhões de toneladas de outros estados”.
Conforme Bonetti, somado à estiagem que reduz a disponibilidade de milho no Estado, tem-se a expectativa da evolução do status sanitário para “livre de aftosa sem vacinação”, o que possibilitará mundialmente a abertura de novos parceiros comerciais para o setor de proteína animal. “Logo, precisarão de mais milho para ração dos animais”, explicou.
Ele contou que, de 2019 até maio de 2020, o Estado deixou de arrecadar R$ 260 milhões em ICMS por não produzir milho suficiente. De acordo com Bonetti, diante desse fato e também da preocupação em não haver o estrangulamento de um setor tão importante, responsável por 10% do PIB estadual, entre outros motivos, foi criado o Programa Pró-Milho, que tem o objetivo de tornar o Rio Grande do Sul autossuficiente em milho, na relação produção/consumo.
O presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa do Saneamento Animal (Fundesa) e diretor executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos no Estado do RS (Sips), Rogério Kerber, falou da garantia de que a produção tem consumo assegurado no mercado, notadamente, na produção de proteína animal, carnes e leite. “O Rio Grande do Sul, nos últimos anos, em média, apresenta um deficit entre produção e demanda de 1,5 milhões de toneladas ao ano. Em 2020 deve chegar a 2,4 milhões de toneladas”, sinalizou.
Segundo ele, essas aquisições, preponderantemente, se realizam no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, distantes em cerca de 1.500 km em média do RS. “Além disso, a produção do Sul do Estado estará muito próximo do Porto de Rio Grande, com vantagens competitivas na exportação”.
Por sua vez, o produtor rural e presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), Ricardo Meneghetti, disse que o conhecimento é fundamental para levar o alimento de qualidade à mesa da população. Ele destacou a importância do Pró-Milho como incentivo para o Estado ser autossustentável nesta cultura. “E saliento que é um programa que foi criado a partir das necessidades dos elos da cadeia produtiva. Não veio de cima para baixo”.
Meneghetti vê com agrado que a metade Sul do Estado esteja querendo introduzir a cultura do milho em suas lavouras. “Acredito que, na próxima safra, o Pró-Milho, que foi prejudicado devido à pandemia do coronavírus, já vai surtir efeitos”.
Já o engenheiro agrônomo e diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Ivo Mello, explicou que ser um monoculturista hoje não é uma estratégia de negócio desejável, uma vez que a agricultura conservacionista ou sustentável depende da rotação de culturas. “Então, usando um pilar fundamental da agricultura conservacionista preconizada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Irga vem investindo, há mais de uma década, em alternativas para que o produtor arrozeiro da Metade Sul do Estado seja mais resiliente em sua produção”.
Conforme Mello, várias estações experimentais do Instituto na região têm tido resultados promissores com a produção de milho, associando com práticas como a irrigação. “Temos conseguido excelentes produtividades, acima de 10 toneladas por hectare. O milho é mais uma opção que o Irga está proporcionando ao agricultor arrozeiro da Metade Sul, no sentido de contribuir para a política da Seapdr, de que as cadeias produtivas que dependem do grão milho tenham uma maior competitividade em relação aos mercados mundiais”.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural