Fumicultores perdem rentabilidade no Sul do País
Os produtores de tabaco de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul estão encerrando a safra 2019/2020 com números nada animadores para a rentabilidade do setor. A média de venda da maioria dos fumicultores está abaixo do custo de produção, repetindo o resultado da safra anterior e retraindo o desempenho dos produtores que há cinco anos trabalham com defasagem na tabela de preços.
A análise é do vice-presidente regional da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e presidente do Sindicato Rural de Irineópolis/SC, Francisco Eraldo Konkol. O dirigente é membro da Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração do Tabaco (CADEC), criada para acompanhar a legislação, coordenar as negociações e fazer o levantamento de custo de produção da cadeia no sul do País. Konkol afirma que os baixos preços pagos aos produtores derivam do descumprimento da Lei da Integração (13.288/2016) pelas empresas fumageiras.
“A Lei prevê que o preço do tabaco deve sempre resultar de acordo entre produtores de fumo e as indústrias fumageiras, algo que beneficiaria todo o sistema. Porém, não é o que está acontecendo. Nesta safra nenhuma empresa concordou em repor o custo de produção na tabela de preços do tabaco, com variações de percentuais de 5,5% a 9,4%. Solicitamos ainda 2% acima do custo como reposição de perdas anteriores, porém não conseguimos chegar a um acordo. As empresas reajustaram por conta própria, sem repor perdas”, relata Konkol ao destacar que o sistema sindical abrange 12 indústrias.
Os custos de produção para esta safra, segundo levantamento da CADEC, variam de R$ 8,19 a R$ 9,38 por kg, com produção média entre 2.352 e 2.703 kg por hectare. “Empresas estão desligando produtores sem aviso prévio exigido de uma safra, deixando os produtores que têm compromissos financeiros futuros à deriva. Também, estão confundindo os fumicultores sobre a forma correta de classificar o tabaco, usando critérios que só interessam às empresas”, relata. Outro agravante citado é a presença de atravessadores no mercado que, atraídos pela maior oferta do produto, acabam pagando preços irrisórios aos produtores. O Sul do Brasil concentra 98% da produção de tabaco do País e exporta 80% do total produzido. Em Santa Catarina, o fumo é uma das atividades mais importante em número de pessoas empregadas na área rural: cerca de 60 mil propriedades dedicam-se a ela. No País, o tabaco movimenta mais de R$ 6 bilhões ao ano, segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
Fonte: Fecoagro/MB Comunicação