Cooperativas elevam faturamento em 25%
A soja que os produtores gaúchos estocaram no ciclo 2016/2017, devido aos baixos preços, e que foi vendida em 2018 ajudaram as 34 cooperativas gaúchas filiadas à Fecoagro a alcançar um faturamento total de R$ 25,4 bilhões no ano passado. O valor foi 25,25% maior do que os R$ 20,29 bilhões do fechamento de 2017. O agricultor que estava melhor capitalizado segurou a venda, mantendo o grão estocando em maior volume nas cooperativas para comercialização posterior, elevando significativamente os negócios no ano passado. “Em 2016, a soja teve um preço médio de R$ 70. Em 2017, caiu para R$ 60, e o produtor segurou a venda. Em 2018, quando a saca retomou ao nível de R$ 70, R$ 72, as vendas voltaram a ser feitas”, explica Paulo Pires, presidente da Fecoagro. Segundo o dirigente, a estratégia de segurar o grão a espera de melhores cotações também começa a despontar como uma tendência neste ciclo. Ao menos por parte do sojicultor que, em 2018 não fez a compra antecipada dos insumos e arcou com o dólar em até R$ 4,20. Como a moeda norte-americana atualmente está abaixo de R$ 3,70, quem pode está aguardando uma incerta elevação do dólar no Brasil neste ano. “Eu mesmo estou segurando as vendas, assim como muitos produtores da Cotricampo estão fazendo. É uma estratégia semelhante à adotada no ciclo 2016/2017”, confirma Gelson Bridi, presidente da Cotricampo, que no dia 21 abre as portas da IV Expo Agro, em Campo Novo. De acordo com Bridi, um dos temas que será debatido com afinco na Expo Agro é o mesmo que preocupa o presidente da Fecoagro: para onde irão os juros do Plano Safra 2019. De acordo com Pires, essa é uma das grandes preocupações atuais do setor e já é foco de fortes mobilizações. A Fecoagro teme que, pelas sinalizações do novo governo de Jair Bolsonaro, venham a ocorrer cortes nos subsídios ao setor. O temor de Bridi, Pires e outros dirigentes da Fecoagro é que o atual governo eleve as taxas do Plano Safra ao patamar dos juros pagos na Letra de Crédito ao Agronegócio (LCA), hoje entre 12% e 13%, de acordo com a entidade. No último Plano Safra, segundo a Fecoagro, as taxas para crédito agrícola ficaram entre 5,5% e 8,75% ao ano, conforme a linha. A taxa mínima, portanto, apesar de ficar abaixo da Selic, foi acima da inflação de 2018, 3,75%, ressalta a Fecoagro. “Ou seja, na safra passada, mesmo no mínimo, o produtor já estava pagando juro. Vale lembrar que a agricultura tem baixo rentabilidade e alto risco, por isso a necessidade de subsídio ao setor”, de acordo com Tarcísio Minetto, ex-secretário de Desenvolvimento Rural no governo Sartori e que agora volta a integrar a diretoria da federação. No campo das boas perspectivas do setor está um velho desafio gaúcho: a volta da atratividade do trigo no Rio Grande do Sul. Segundo Pires, entre as variáveis que podem estimular novamente o plantio dessa cultura de inverno estão as exportações. Em 2018 o Estado exportou cerca de 600 mil toneladas do grão, ante cerca de 150 mil em 2017. “Isso da liquidez na venda e melhora os preços. Exportamos principalmente para mercados menos exigentes, como Ásia, para alimentação animal, e norte da África. Mas estamos com forte trabalho com a Embrapa para aumentar a qualidade do nosso grão, para ser beneficiado aqui mesmo” diz Pires, que dá como certo o aumento da área dedicada à triticultura no Estado em 2019.
Fonte: FECOAGRO