Paraná também sofre com estiagem
Dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) apontam que a ocorrência de índices pluviométricos abaixo das médias históricas já se arrasta por dez meses – de junho de 2019 a março de 2020 –, na região das nove maiores cidades do Estado. Segundo o Simepar, esta á a pior estiagem já registrada desde 1997, quando o instituto começou a fazer este tipo de monitoramento. A seca prolongada já provocou impactos na lavoura de milho safrinha em algumas regiões.
Em regiões do Paraná, como Oeste e Norte, o plantio do milho safrinha foi feito um pouco mais tardiamente em relação ao período histórico. De um modo geral, os produtores relatam que a estiagem, combinada à restrição da umidade, altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar prejudicaram o desenvolvimento da lavoura. A seca também favoreceu o aparecimento de pragas, como pulgão, ácaro, cigarrinha do milho e lagarta do cartucho.
“Apesar de não ser uma condição generalizada no Paraná, uma vez que nas regiões Sudoeste e Central as lavouras se desenvolvem bem com as últimas chuvas ocorridas, o panorama é preocupante. As regiões mais afetadas, Norte e Oeste, concentram 71% da produção da segunda safra”, destaca Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico Econômico do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Em Pato Branco, na região Sudoeste do Estado, algumas áreas também enfrentaram estiagem, altas temperaturas e problemas com a umidade. Lá, no entanto, o grande prejudicado não foi o milho, mas o feijão segunda safra, segundo os produtores rurais. Segundo Ana Paula Kowalski, do Sistema FAEP/SENAR-PR, as perdas de até 30% nas principais regiões produtoras preocupam, porque as cadeias produtivas da pecuária estão bastante aquecidas. A comercialização do produto, por sua vez, segue adiantada. “Mesmo com a produção de etanol fortemente afetada pelo isolamento social, especialmente nos Estados Unidos, a comercialização de milho no Brasil segue mais adiantada que em safras anteriores e ainda mantendo níveis de preços descolados do mercado internacional, dada justamente nossa demanda interna aquecida”, observa.
Conforme o Simepar, as perspectivas não são favoráveis à ocorrência de chuva na próxima semana. Em praticamente todo o estado, o ar continua seco, o que dificulta a formação de nuvens carregadas. Em geral, os dias serão marcados por grande amplitude térmica, com baixas temperaturas no início do dia e durante o período noturno, mas com tempo mais quente ao longo do dia.
Os efeitos da escassez de chuva já são visíveis em diversos pontos do Estado. Nas últimas semanas, vêm circulando na internet fotos de diversos trechos de rios, como o Iguaçu e o Paraná, mostrando que a vazão dos cursos d’água está bem menor que o normal. É possível fazer a travessia do Rio Iguaçu (próximo à Ponte da Amizade) e do Rio Paraná a pé, em alguns trechos. Em Itaipu, o nível do reservatório chegou a 42% do considerado normal. Um dos cartões postais da região Oeste, as Cataratas do Iguaçu, chegaram a ter sua vazão reduzida a 17% do normal.
Fonte: Fecoagro