Santa Catarina reduz em 10% a expectativa de safra de milho devido à estiagem
A falta de chuva traz prejuízos para o meio rural e preocupa o setor produtivo de Santa Catarina. Desde junho de 2019, o estado vem passando pela estiagem que já é considerada a mais severa dos últimos anos e que vem afetando, principalmente, as regiões Extremo Oeste, Oeste, Meio Oeste, Planalto Sul, Planalto Norte e Alto Vale do Itajaí. A falta de chuvas deverá causar a redução de 10% na produção catarinense de milho.
“Já temos muitos municípios que decretaram estado de emergência em Santa Catarina e a nossa preocupação continua porque não há previsão de chuvas significativas para os próximos dias. Para minimizar os impactos da estiagem no estado, a Secretaria da Agricultura criou dois novos programas e prorrogou o prazo de vencimento de pagamento das parcelas de financiamentos do FDR. Além disso, seguimos com os nossos programas de apoio aos produtores, que têm como prioridade o atendimento de projetos de captação, armazenagem e uso da água”, destaca o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa.
A Secretaria de Estado da Agricultura e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) reuniram-se, via videoconferência, lideranças do setor produtivo e técnico, dentre elas a Fecoagro, Faesc e Ocesc, para apresentar a situação atual do agronegócio catarinense e a previsão meteorológica para os próximos dias.
Nas últimas semanas os impactos da estiagem foram agravados em Santa Catarina e os principais prejuízos são sentidos nas lavouras de milho grão, silagem, feijão e soja.
Santa Catarina espera uma redução de 10% na produção de milho devido à estiagem, principalmente no Meio Oeste, Extremo Oeste e Extremo Sul. As expectativas são de colheita de 2,59 milhões de toneladas.
O feijão foi uma das culturas mais afetadas pela falta de chuvas, em alguns municípios do Meio Oeste as perdas chegam a 60%. No total, o estado deve ter uma quebra de 7% na produção em relação à safra passada.
“Outras culturas ainda têm um cenário indefinido, como a soja e o milho silagem. Para essas culturas, a segunda safra plantada a partir de janeiro tem sido bastante prejudicada pela estiagem e a safra que foi plantada ano passado, entre setembro e outubro, não foi tão afetada”, explica a analista da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão. Para a soja, até o momento se contabiliza, uma perda de 1% na produção se comparado à safra passada, com isso Santa Catarina deve ter uma produção de 2,3 milhões de toneladas.
Na pecuária, as principais regiões afetadas são Extremo Oeste, Oeste, Vale do Itajaí e Serra. Há registros de produtores de aves, suínos e bovinos que já buscam abastecimento suplementar de água.
Os analistas da Epagri/Cepa estimam ainda que, em março, a produção de leite tenha sido reduzida em até 6%.
De junho de 2019 a abril de 2020, a chuva acumulada em Santa Catarina ficou em torno de 500 milímetros inferior ao registrado na média história. No Meio Oeste, as chuvas foram 635 milímetros menores durante esse período.
O mês de março foi bastante seco em Santa Catarina, faltando em média 100 mm em praticamente todo o estado. Até o dia 22 de abril, Santa Catarina teve algumas chuvas isoladas, porém os valores continuam bem inferiores à média histórica. Inclusive no Planalto Sul, Planalto Norte e Litoral.
Nas cooperativas:
No levantamento feito pela Fecoagro junto algumas cooperativas filiadas identificou-se situações diferentes de acordo com cada região. Na área da Cooperalfa, não se registrou perdas significativas em termos de produtividade, tanto para as culturas de soja e milho, disse o vice-presidente da Cooperativa, Cládis Furlanetto.
Exceções ocorreram no alto Uruguai gaúcho (em alguns municípios dessa região) perdas de produtividade na ordem de 40% para soja e milho 10%; no planalto norte de Santa Catarina, também em municípios específicos, perdas de 20% para a cultura da soja.
O produtor rural que teve perdas de renda significativas em função da estiagem foi o produtor de leite, já que o mês de março e abril ocorreram pequenas precipitações, prejudicando principalmente no desenvolvimento vegetativo das pastagens. O plantio de safrinha (que não é uma área muito expressiva) de soja e milho no oeste do estado de Santa Catarina deverá ter perdas de produtividade na ordem de 30% para as duas culturas, em função da estiagem.
Na região da Copérdia no meio oeste em Ponte Serrada e Passos Maia as perdas foram praticamente zero com produtividades dentro do esperado.
A região de Concórdia teve perda devido falta de água, o milho tarde e soja safrinha, mais tardia, com quebra na soja de 18% e no milho 10% a 15%.
A região de Capinzal sentido Planalto Serrano onde a Copérdia tembém atua, foi forte quebra de 25% 45%, em São José do Cerrito muitas áreas perderam acima de 50% no milho e soja.
A região de Joaçaba no sentido para o Horizonte, nos cereais, as colheitas estão dentro do esperado, algumas áreas com 12% a 18% de quebra.
Planalto Norte: bem manchado, Major, Canoinhas e Bela Vista do Toldo, ao todo quebra de 12% a 15% nas lavouras de soja. Outras regiões quebras pontuais.
Na região da Cooperitaipu de Pinhalzinho a quebra apenas da safrinha previsto de 40% Foi plantada 1.500 hectares. A produtividade media é de 135 sacos por hectare. Na Soja plantio 5.500 há quebra de 35% com produtividade media de 50 sacos por hectare.
Pra amenizar os problemas aos agricultores atingidos a Cooperalfa esta sugerindo renegociações de financiamentos contratados de custeio e investimento em situações específicas de cada produtor; antecipação do lançamento do plano agropecuário 2021 (esperamos encargos financeiros menores do que o último plano agropecuário 2020).
Segundo o presidente Vanduir Martini, a Copérdia recomenda ao governo subsidio nos juros do programa armazenar. Financiamento com seguro de safra, mas governo deveria analisar esta questão pontualmente. No que diz respeito ao custeio, o Governo Federal já contemplou os produtores das regiões atingidas com a seca.
Fonte: Secrearia da Agricultura/Fecoagro