Relatório climatológico aponta tendência de chuva e mostra situação de culturas

Elaborado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Emater e Irga, o quinto relatório referente à estiagem no Rio Grande do Sul apresenta a situação das culturas de verão e a previsão do tempo para a próxima semana. Conforme o relatório, nos próximos sete dias poderão ocorrer chuvas expressivas na maior parte do Estado. Entre a quinta-feira (13) e o domingo (16), o tempo seco e quente vai predominar, com possibilidade de pancadas de chuva, típicas de verão, em grande parte do Estado. 

Na segunda-feira (17), a aproximação de uma frente fria vai provocar chuva na maioria das regiões, com possibilidade de temporais isolados, principalmente na Fronteira Oeste e Campanha. Na terça (18), a presença da frente fria manterá a nebulosidade e a chuva em todo Estado, com risco de temporais em todas as regiões. Na quarta-feira (19), o ingresso de ar seco afastará a nebulosidade e garantirá o tempo firme, com temperaturas amenas em todo território gaúcho.

Os valores previstos de precipitação deverão oscilar entre 30 e 50 mm na Zona Sul, Litoral, Região Metropolitana, Serra do Nordeste e no Planalto. No restante do Estado são esperados totais entre 50 e 80 mm, e que poderão superar 100 mm na Fronteira Oeste. Emater/RS-Ascar Presidente do IRGA

Situação das culturas

Soja

Com área cultivada de pouco mais de 5,9 milhões de hectares, a cultura da soja se encontra predominantemente na fase de enchimento de grãos e floração, conforme apresentado na tabela abaixo.

No estado do Rio Grande do Sul, a cultura da soja, com área cultivada de pouco mais de 5,9 milhões de hectares

Algumas poucas lavouras semeadas no início do período recomendado e com cultivares de ciclo precoce foram colhidas nas regiões de Erechim e Frederico Westphalen, apresentando produtividades entre 40 e 50 sacas/hectare. O maior percentual das áreas encontra-se em floração e enchimento de grãos, período crítico de consolidação do potencial produtivo. Com o avanço do ciclo da cultura observa-se que a demanda hídrica não está sendo atendida pelos baixos acumulados de chuva, deixando os produtores em alerta. Para atender à demanda hídrica da cultura são necessárias chuvas generalizadas com bons volumes durante a próxima semana.

Na região de Bagé as áreas de várzeas e as lavouras com plantio direto sobre boa quantidade de palhada apresentam desenvolvimento satisfatório, enquanto as demais demonstram sintomas de estresse hídrico.

Na região de Soledade, as chuvas isoladas ocorridas no final de semana amenizaram parcialmente a deficiência hídrica, já que nas lavouras com solos mais rasos as plantas demonstram murchamento e enrolamento das folhas.

Na região de Santa Rosa, no geral, as lavouras apresentam boas condições de desenvolvimento, sendo que a maioria se encontra em floração e enchimento de grãos.

Na região de Passo Fundo os efeitos negativos da falta de chuvas se concentram nos municípios de Casca, Camargo, Nova Alvorada, São Domingos do Sul e Ernestina.

Arroz

Mapa de Situação da colheita do arroz do Estado do Rio Grande do Sul Safra 2019/2020

O gráfico acima é atualizado semanalmente e é o resultado das informações levantadas e enviadas por nossos Núcleos de Atendimentos no interior do Estado (NATES).

Segundo dados levantados, 2.073 ha de arroz já foram colhidos nas lavouras no Estado do RS. 83% da lavoura orizícola encontra-se nos estágios fenológicos reprodutivos assim como 25% encontra-se no estádios fenológicos vegetativos.

Seguindo a tendência dos relatórios anteriores, a cultura do Arroz não sofreu alterações significativas, as condições de radiação solar no mês de janeiro de 2020 foram favoráveis para o bom desenvolvimento da cultura do arroz, e os mananciais vem cumprindo sua finalidade até o final da evolução da Cultura, a condição inclusive, esta bem melhor que na safra passada.

Milho Grão

Essencial à alimentação animal, o milho é cultivado na safra 2019/2020 em uma área de aproximadamente 770 mil hectares no estado do Rio Grande do Sul. A colheita ultrapassa 40% da área e há um considerável percentual a ser colhido nos próximos dias, conforme apresentado na tabela abaixo.

Grão essencial à alimentação animal, o milho é cultivado na safra 2019/2020 em uma área de aproximadamente 770 mil hectares

Com o avanço da colheita das lavouras semeadas no início do período recomendado as produtividades apresentam grandes variações, especialmente em função da disponibilidade hídrica. As lavouras de sequeiro variaram de 80 a 140 sc./ha na região de Erechim, onde já foi colhida 30% da área. A produtividade média na região de Soledade atingiu 100 sc./ha, quando alcança 25% da área colhida.

Na região de Frederico Westphalen as produtividades alcançaram 160sc/ha nas áreas semeadas até a 1ª quinzena de setembro, decrescendo naquelas semeadas após esse período. Já as lavouras irrigadas atingiram produtividades de 160 sc./ha em São Borja e 200 sc./ha na região de Santa Rosa.

Para as lavouras em fase de floração e enchimento de grãos, em geral, as chuvas não têm atendido a demanda hídrica. Nos municípios próximos a Bagé os sintomas de estresse hídrico são visíveis na forma de secamento de folhas baixeiras e murchamento das plantas.

Na região de Soledade, o milho semeado em restevas de tabaco, milho safra e feijão, apresenta sinais de estresse hídrico principalmente nos horários mais quentes do dia.

Feijão

A cultura semeada na primeira safra está com a colheita bastante avançada alcançando 86% da área colhida na região de santa Maria, 95% da área colhida na região de Erechim, 98% colhida na região de Frederico Westphalen, 99% na região de Ijuí e está encerrada a colheita na região de Santa Rosa.
Na região de Caxias do Sul, nos Campos de Cima da Serra, onde a cultura é semeada no final de dezembro e início janeiro, as lavouras apresentam bom desenvolvimento e boa sanidade e a fase predominante é de floração.

Soledade também é uma região onde a semeadura é mais tardia e essas lavouras estão nas fases de enchimento de grãos e maturação. As chuvas irregulares nas fases de florescimento e formação de vagens, causaram abortamento de flores e queda de legumes influenciando negativamente no potencial produtivo.

As lavouras de 2ª safra apresentam crescimento e desenvolvimento inicial lento devido à baixa umidade do solo e altas temperaturas ocorridas. Apesar dessa condição climática ser desfavorável para a cultura, o potencial produtivo dessas lavouras ainda não está comprometido.

Olerícolas 

As condições climáticas da semana com temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar na maioria das regiões, foram desfavoráveis para as olerícolas em geral. Nessa condição a realização de novos plantios, fica restrita aos locais onde ocorreram maiores volumes de chuvas.

Para amenizar os impactos negativos para os cultivos a campo, os produtores utilizam-se da irrigação. Na região de Lajeado, os olericultores quem tem açude sem reposição natural, estão tendo que utilizar água de outras fontes, elevando os custos de produção.

Na região de Erechim, o clima quente tem causado algumas dificuldades para o desenvolvimento das folhosas. Alface, tempero verde, rúcula, por exemplo, tiveram diminuição de tamanho, perda da qualidade e incidência de pragas.

Na região de Pelotas, a cultura da abóbora japonesa começa a sentir os efeitos da estiagem, com efeitos imediatos na redução da produtividade das lavouras.

Na região de Caxias do Sul, o cultivo do tomate em algumas estufas e mesmo a campo, tem sido afetado pelo forte calor que diminui a produção de novas flores e frutos, e também impacta na coloração dos frutos, que apresentam aspecto ”queimado” prejudicando a comercialização.

Frutícolas

Na região de Bagé, iniciou a colheita das uvas viníferas brancas, no município de Santana do Livramento.

Na região de Soledade, as variedades de uvas viníferas, produzidas principalmente em Encruzilhada do Sul, também se encontram maduras e em colheita.

Na região de Lajeado, no município de Feliz, mesmo com temperaturas elevadas ainda há produção de morangos, particularmente da cultivar Monterrey que é produzida em substratos.

A cultura da melancia na região de Porto Alegre demonstra o efeito das altas temperaturas e da estiagem. As frutas apresentam peso abaixo do normal, comprometendo sua qualidade.

No município de Triunfo, onde se situa a maior área de produção na região de Porto Alegre foi um dos mais afetados.

Os olivais na região de Pelotas estão em plena fase de frutificação. O estado sanitário é bom decorrente do clima seco na região.

Na região de Caxias do Sul, devido as condições de estiagem do mês de dezembro a colheita do figo foi antecipada. Atualmente as variedades Negrito, Pingo de Mel e Roxo de Valinhos estão em fase de colheita.

Pastagens 

Em geral, as chuvas esparsas e com baixo volume não têm sido suficientes para oferecer condições adequadas ao desenvolvimento das pastagens. As pastagens cultivadas anuais já estão no final do ciclo diminuindo a qualidade nutricional. Alguns produtores de leite estão implantando pastagem anual de verão na safrinha, após a liberação de áreas de milho colhidas para ensilagem ou após o final do ciclo de pastagens anuais, visando melhorar a oferta de forragem nos próximos meses.

Em regiões como Porto Alegre e Caxias do Sul, as chuvas ocorridas na semana passada, favoreceram o crescimento das pastagens, principalmente o campo nativo. As pastagens cultivadas, que tiveram um índice de germinação baixo e desenvolvimento irregular, apresentam uma melhora na semana.

Bovinocultura de leite

As altas temperaturas causam estresse nas matrizes e limitam o consumo de alimentos, principalmente o pastejo, e consequentemente a produção. Assim, os produtores recorrem à complementação da alimentação com feno, pré-secado e silagem.

Nas localidades com menor volume de chuvas acumulado, a disponibilidade de alimento é reduzida refletindo em menor produção de leite.

Na região de Santa Rosa, produtores que investiram em compost-barn relatam não perceber queda na produção em função das condições climáticas.

Bovinocultura de corte

Na região de Bagé, principalmente nas áreas onde não choveu na última semana, há redução de oferta de pastagens cultivadas e nativas, havendo como consequência perda de escore corporal no rebanho. Também se verifica alguns açudes assoreados, com presença de algas e gramas, com volume reduzido e qualidade da água comprometida pela falta de chuvas.

Na região de Pelotas há relatos de diminuição na intensidade de cio naqueles lotes que começam a reduzir a condição corporal por conta da falta de forragem. Durante a semana, os dias quentes afetaram o conforto térmico dos animais, principalmente daqueles com sangue Europeu. Há preocupação quanto à disponibilidade de água nos potreiros.

Condições de 6 a 12 de fevereiro

O período entre 06 e 12 de fevereiro permaneceu com baixos volumes de chuva na maior parte do Estado. Entre a quinta-feira (06) e o sábado (08), o tempo seco e quente predominou, com temperaturas superiores a 35°C na maioria das regiões e próximas de 40°C na Fronteira Oeste e Missões, e apenas nas faixas Norte e Nordeste ocorreram pancadas de chuva associadas ao forte calor.

No domingo (09), a cobertura de nuvens aumentou, com pancadas de chuva em todo Estado, com possibilidade de temporais isolados. Na segunda-feira (10), ainda ocorreram pancadas de chuva nas faixas Norte e Nordeste, enquanto o ingresso de ar seco garantiu o tempo firme no restante do Estado. Na terça (11) e quarta-feira (12), o tempo permaneceu seco e com temperaturas amenas em todas as regiões. Os valores acumulados foram inferiores a 10 mm na maior parte do Estado.

Na Fronteira Oeste, Alto Vale do Uruguai, região Metropolitana e na Serra do Nordeste os volumes oscilaram entre 20 e 40 mm em diversas localidades, e superaram 50 mm em alguns municípios. Os totais mais significativos registrados na rede INMET/SEAPDR ocorreram em Bom Jesus e Porto Alegre (30 mm), Alegrete (33 mm), Eldorado do Sul (36 mm), Veranópolis (37 mm) e Caxias do Sul (59 mm). Observação: totais de chuva registrados até as 10 horas do dia 12/02/2020.

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural

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