
Fetag critica demora da União e anuncia mobilização por socorro
Cansados de reuniões sem efeito prático e de promessas de esforço para ajudar a solucionar os problemas financeiros enfrentados pelos agricultores familiares, representantes de 312 sindicatos de trabalhadores na agricultura familiar decidiram dar início a uma série de mobilizações pelo Estado a partir do dia 13 de maio. O objetivo é pressionar o governo federal por respostas urgentes às reivindicações das famílias atingidas nos últimos anos por eventos climáticos extremos.
A definição ocorreu na terça-feira (29/4), em assembleia realizada na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), em votação unânime. Conforme a entidade, apesar das diversas tentativas de negociação junto ao governo federal, não houve avanços concretos nas demandas dos agricultores e, segundo o presidente, Carlos Joel da Silva, a decisão é reflexo do esgotamento da base com a falta de soluções.
“Ninguém aguenta mais dar explicação lá na ponta, no sindicato, para o agricultor e pecuarista familiar. Chegou a hora de irmos para as ruas exigir o que é justo. A mobilização começa no dia 13, em Porto Alegre, e seguirá por tempo indeterminado. É o direito de continuar produzindo alimentos que estamos defendendo. Para isso, precisamos da participação de todos”, reforçou.
A ideia é reunir um grande número de famílias na Capital, em local não divulgado, e permanecer ao longo da semana, na expectativa do anúncio de medidas efetivas para tirar os agricultores do sufoco com as dívidas de financiamentos que estão por vencer. Mas se não houver avanços, a entidade promete multiplicar as ações por todos os municípios gaúchos, com tratores e máquinas, cobrando atenção e respostas.
“Chega de reunião para marcar outra reunião. Até agora, não se resolveu nada. Todas as promessas feitas na terça-feira em Brasília pelo ministro Carlos Fávaro (da Agricultura) aos parlamentares que participaram de audiência na sede do ministério nós já ouvimos há dois meses”, acrescentou Silva.
Nesta quarta-feira, também se esgotou o diálogo entre técnicos da Fetag, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), da Federação das Cooperativas Agropecuárias (FecoAgro/RS) e da Organização das Cooperativas do Estado Ocergs) com representantes de bancos e dos Ministérios da Fazenda, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (MDA), que fizeram uma segunda reunião virtual para tratar do assunto. Segundo o secretário executivo da Fetag, Kaliton Prestes, a solução sugerida pelo governo, de prorrogação das dívidas através do Manual de Crédito Rural torna inviável o alcance a agricultores de muitos municípios porque as agências bancárias simplesmente não têm fonte de recursos para acolher a medida.
“Enquanto não houver uma decisão política, apontando o Fundo Social do Pré-Sal como fonte de receita a sustentar o alongamento das dívidas, não sairemos do lugar. Não avançamos nada. O Conselho Monetário Nacional seque apreciou a proposição de ampliar o limite de contratos prorrogáveis acima do percentual de 8% da carteira dos bancos. Talvez em reunião extraordinária, que ainda não aconteceu”, lamentou Prestes.
De acordo com ele, porém, uma promessa feita pelo Ministério da Fazenda pode ajudar os agricultores que tiveram operações de custeio indenizadas pelo Proagro. O saldo remanescente da dívida desses financiamentos também poderá ser prorrogado.
Fonte: Jornal do Comércio