
Dívida de produtores gaúchos é de R$ 72,8 bi, mostra estudo da Farsul
A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) divulgou, nesta segunda-feira (5), uma nota técnica com dados atualizados sobre o endividamento dos produtores rurais do Estado. Com base em informações fornecidas por instituições financeiras e consolidadas até março de 2025, o estudo aponta um total de R$ 72,8 bilhões em dívidas, somando valores renegociados e não renegociados.
Do total, R$ 27,72 bilhões têm vencimento previsto para 2025, sendo R$ 22,3 bilhões referentes a operações de custeio e R$ 5,41 bilhões destinadas a investimento. A concentração de vencimentos no curto prazo representa cerca de 38% do total da dívida. Segundo a Farsul, essa concentração impõe pressão significativa sobre a liquidez dos produtores e exige atenção das instituições financeiras e do governo.
As dívidas não renegociadas representam a maior parte do total, somando R$ 50,5 bilhões. Destas, R$ 49,96 bilhões ainda vencem no futuro. A distribuição por tipo de produtor mostra que 37% do valor corresponde a operações do Pronaf (agricultura familiar), 23% ao Pronamp (médios produtores) e 40% aos chamados “demais produtores”, que incluem os grandes estabelecimentos. Esse último grupo é também o que apresenta maior risco, com inadimplência de 2,9% — o triplo dos índices registrados entre agricultores familiares (0,8%) e médios produtores (0,9%).
O volume total de dívidas vencidas e não pagas entre os contratos não renegociados chega a R$ 575,9 milhões. A inadimplência média deste grupo é de 1,1%, considerada baixa, mas já sinaliza pontos de estresse no sistema de crédito rural.
Já as dívidas renegociadas somam R$ 22,2 bilhões. Desse montante, R$ 21,6 bilhões ainda não venceram, sendo R$ 5,49 bilhões previstos para 2025. A inadimplência média nessa categoria é mais elevada, de 3,1%, com destaque para os “demais produtores”, que respondem por 79% dos contratos inadimplentes e acumulam R$ 543,2 milhões em pagamentos em atraso.
O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, alerta que a soma dos valores vencidos e não pagos — R$ 1,26 bilhão — já é considerada alta para o período do ano e tende a crescer se nenhuma medida for adotada.
“Ainda que parte dos produtores tenha colheita e consiga honrar os compromissos, muitos não terão essa condição. Por isso, defendemos medidas urgentes, como a securitização das dívidas, começando pelos produtores já inadimplentes ou em risco iminente de inadimplência”, afirmou.
A Farsul recomenda o monitoramento atento do setor financeiro e ações específicas por parte do governo para conter a deterioração do crédito rural no Estado, sobretudo diante do cenário de quebra de safra que tem impactado a capacidade de pagamento do campo gaúcho.
Fonte: Jornal do Comércio