Venda de máquinas agrícolas cai 29,7% nos dois primeiros meses de 2024
As indústrias de máquinas e implementos agrícolas encerraram os dois primeiros meses de 2024 com queda de 29,7% sobre o faturamento do mesmo período do ano passado. O dado, apontado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), coloca emrisco a projeção inicial, de uma redução de 15% para o exercício atual.
Na análise do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade, Pedro Estevão, a performance do ano precisará ser revisada negativamente caso o comportamento do mercado se sustente no patamar atual até abril. O dirigente atribuiu os números na comercialização de tratores e colheitadeiras ao momento de menor rentabilidade dos produtores agrícolas.
“Com as principais commodities em baixa, taxas do Moderfrota em 12,5%, consideradas altos, e uma leitura do movimento de queda na Selic fizeram o produtor segurar as compras e esperar melhor momento. A seca no Centro-Oeste e a chuva no Sul também contribuíram para diminuir a capacidade de investimento”, ponderou.
Ao longo de 2023, a retração foi de 22% sobre o ano anterior, segundo a Abimaq. A expectativa da entidade é pela confirmação da renegociação das parcelas que vencem neste ano para os financiamentos agrícolas, para revigorar o fôlego do setor. A medida foi sinalizada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante a Expodireto Cotrijal, no início do mês, em Não-Me-Toque.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul, Claudio Bier, porém, será preciso esperar um pouco mais pela recuperação das vendas. Ele argumenta que, como as revendas estão com muitos tratores e colheitadeiras estocados – a Abimaq estima volume para quatro a seis meses –, novas encomendas só ocorrerão após esvaziarem os pátios.
Por conta da paralisação nos negócios, John Deere e AGCO, duas das maiores empresas do segmento do País, interromperam total ou parcialmente a produção em suas unidades em Santa Rosa e Horizontina. O movimento, inclusive com lay-off por 60 e 90 dias, respectivamente, é justificado por ambas como de revisão do cenário e adequação da produção à demanda.
“Mas não vivemos um momento de crise no setor. Estamos em período de acomodação do mercado. Acredito que a criação de linhas de financiamento para que os pequenos agricultores possam adquirir equipamentos menores, na linha do que conversamos com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, recursos para o Plano Safra 2024/2025 e juros em queda irão ajudar muito”, completou Bier.
Fonte: Jornal do Comércio