Umidade no solo prejudica colheita de grãos de verão no RS
Apesar do predomínio de dias nublados e de chuvas com menor frequência e intensidade, registradas em períodos anteriores, o excesso de umidade prejudicou a finalização da colheita da soja na metade Norte do Rio Grande do Sul. No entanto, mesmo nas regiões onde as precipitações foram menores, os solos permanecem saturados de umidade, prejudicando a atividade. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira pela Emater/RS-Ascar, a área colhida no Estado alcançou 91%, estando 9% da área em maturação. Nas áreas em colheita, além das perdas por grãos germinados, mofados e pela debulha natural, que aumentam a cada dia de atraso, os custos têm sido elevados em razão da colheita em solo úmido, levando à utilização parcial dos graneleiros, em função do excesso de peso, para evitar danos na locomoção.
A entrega da soja nas unidades de secagem e armazenamento também foi impactada, especialmente nos primeiros dias de retomada da colheita, em razão da alta umidade dos grãos, muitas vezes próxima a 30%. Para a armazenagem adequada, é necessário reduzir a umidade para cerca de 14%, mas a capacidade dos secadores é limitada. As cooperativas com unidades de recebimento nas regiões Central e Campanha têm transportado os grãos para realizar a secagem nas sedes localizadas no Planalto Médio, em decorrência da alta demanda de tempo e lenha para a combustão nos locais de colheita.
As perdas nas lavouras colhidas, após o período chuvoso, são elevadas, mas observa-se que naquelas implantadas mais tardiamente, cujo ciclo se encerrou há poucos dias, o índice de grãos avariados ou germinados é menor. A estimativa de produtividade projetada inicialmente era de 3.329 kg/ha, porém deverá variar negativamente, dependendo dos resultados dos levantamentos que estão sendo realizados nas áreas a serem colhidas e perdidas.
A operação de colheita do milho avançou 4% em relação à semana anterior, atingindo 92% da área cultivada. As precipitações e umidades elevadas, em grande parte do Estado, atrasaram a operação nas últimas semanas. Contudo, as lavouras por colher (6% em maturação e 2% em enchimento de grãos) passam a apresentar senescência, fungos – com alto risco de desenvolvimento de micotoxinas – e germinação em espiga, o que gera certa urgência pela retirada da cultura do campo. A área de cultivo está estimada em 812.795 hectares, e a produtividade atual em 6.464 kg/ha, podendo haver redução, conforme resultado dos levantamentos de perdas, que estão em andamento.
A colheita de milho silagem prosseguiu de forma gradual. Nas regiões mais ao Sul do Estado, houve maior atividade, beneficiada pela diminuição das precipitações, que possibilitou a utilização das lavouras ainda em ponto de ensilagem. Apesar da alta umidade, devido à reduzida exposição ao sol, as plantas apresentaram algumas folhas cloróticas, o que compromete a qualidade do produto a ser armazenado. Observa-se um aumento na senescência das folhas, e estima-se que as atividades de ensilagem sejam concluídas em breve nas últimas áreas cultivadas. A colheita alcançou 98%. A produtividade projetada para a safra permanece em 35.518 kg/ha.
A colheita de arroz foi retomada e se aproxima do final, beneficiada pelo clima com poucas chuvas nas regiões Sul, Centro e Oeste do Estado. Estima-se que aproximadamente 95% das lavouras tenham sido colhidas. Contudo, as perdas provocadas pela submersão de cultivos maduros e pelo acamamento de plantas estão consolidadas, levando muitos produtores a abandonarem as áreas remanescentes, devido à inviabilidade técnica e econômica para realizar a operação. Em alguns municípios, os produtores estão concluindo a colheita e aproveitando o tempo mais seco para realizar as atividades de incorporação das restevas e adiantar o preparo dos talhões para a próxima safra.
Fonte: Jornal do Comércio