Suinocultura e pecuária leiteira contam perdas de genética e estrutura

Mesmo sem cifras consolidadas com a catástrofe climática que assola 90% do Rio Grande do Sul, o prejuízo já se mostra na suinocultura e na bovinocultura leiteira. São milhares de animais mortos ou levados pelas águas, estruturas arrastadas ou danificadas, queda na produção pela alimentação racionada, por conta da dificuldade para fazer chegar a ração às propriedades integradas.

A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), por exemplo, estima que pelo menos 12 mil animais prontos para o abate, matrizes e leitões tenham sido perdidos. A entidade vem fazendo levantamento junto às principais empresas produtoras. E os relatos são de granjas dizimadas nos vales do Taquari e do Caí.

“Além disso, cerca de 15 mil metros quadrados de pocilgas foram parcial ou completamente destruídos. Mais de uma dezena de produtores integrados sofreram muito em suas propriedades. Alguns perderam tudo, inclusive as condições de desenvolver outras atividades agrícolas”, disse nesta segunda-feira (13) ao Jornal do Comercio o presidente Valdecir Folador.

Com estradas e acessos interrompidos, muitos animais enfrentam fome. Fêmeas poderão abortar, afetando a produção de leitões. O dirigente calcula em pelo menos R$ 40 milhões as perdas com genética e estrutura.

Em muitos casos, o governo deveria passar a régua nas dívidas dos produtores. Liquidar, ou quase. E financiar a juro zero, com 10 a 15 anos para pagar. Caso contrário, muitos não terão como seguir na atividade ou mesmo no campo”.

Em Tupandi, no Vale do Caí, por exemplo, deslizamentos de terra e enchentes nas áreas de várzea provocaram danos pontuais, porém não menos importantes. Aviários foram levados pela correnteza, e a pocilga de um produtor do Vale do Reno, com 600 suínos para terminação foi destruída. Desses, apenas 150 sobreviveram à enxurrada e serão realocados. E a família avalia abandonar a atividade.

Na localidade de Monte Belo, também no mesmo município, 14 mil frangos foram levados junto com a estrutura. Na cidade, ruas, casas, estradas e pontes foram afetadas, principalmente pelas águas do Arroio Salvador, contou o coordenador da Defesa Civil municipal, Ricardo Mossmann. O esforço é para preservar os acessos a outros municípios que ainda resistem.

As enchentes também serão a “pá de cal” para muitos produtores de leite, principalmente do Vale do Taquari. A projeção é do presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) e da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) , Marcos Tang.

De acordo com ele, rebanhos pontuais foram perdidos, mas os prejuízos serão crônicos, por doenças nos animais, queda de produção de leite, de reprodução. Sem a rotina diária de três ordenhas, por conta da falta de óleo para os geradores, a mastite surge como decorrência dos úberes inchados. Doenças pulmonares, como pneumonia, já vêm causando a morte de terneiras e novilhas que ficaram muito tempo na água e no frio.

Com menos oferta de alimento, a produção cai pela metade. E, além da diminuição, o leite de animais doentes e em tratamento não é comercializado.

“Pelo menos 50% dos produtores de leite do Rio Grande do Sul abandonaram a atividade nos últimos anos, com a baixa remuneração e os efeitos das estiagens. E agora, quando o Conseleite havia apontado valores um pouco melhores para o litro do leite, vem essa nova pancada, que atinge metade dos que seguiram na atividade. Muitos irão desistir”, lamentou o dirigente.

A Gadolando, em parceria com a Emater, a Secretaria de Desenvolvimento Rural do governo do Estado e as Polícias Rodoviárias Estadual e Federal têm trabalhado em conjunto para catalogar produtores dos municípios gaúchos afetados. Na sequência, recebem as dezenas de caminhões com fardos de feno que chegam em doações de produtores de Estados como Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Paraná e Santa Catarina e distribuem, conforme as necessidades de cada um. A sensibilização e a mobilização nacional tem sido um alento em meio à catástrofe.

Em Tupandi, no Vale do Caí, por exemplo, deslizamentos de terra e enchentes nas áreas de várzea provocaram danos pontuais, porém não menos importantes. Aviários foram levados pela correnteza, e a pocilga de um produtor do Vale do Reno, com 600 suínos para terminação foi destruída. Desses, apenas 150 sobreviveram à enxurrada e serão realocados. E a família avalia abandonar a atividade.

Fonte: Jornal do Comércio

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