Secretaria da Agricultura publica estudo sobre o que torna alguns animais mais suscetíveis à Tristeza Parasitária Bovina (TPB)

Por que alguns bovinos têm mais suscetibilidade para desenvolver a Tristeza Parasitária Bovina (TPB) do que outros? Essa questão é respondida em um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor – IPVDF da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), publicado recentemente na revista “Tropical Animal Health and Production”, criada pela Universidade de Edimburgo, Escócia. Segundo o médico veterinário e pesquisador do IPVDF, que integra o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA/Seapi), José Reck, a demanda do estudo partiu de pecuaristas da metade Sul do Estado.

Reck explica que a TPB é um complexo de doenças transmitidas por vetores, como os carrapatos, e que acomete os bovinos. “Uma das formas mais comuns de apresentação, também chamada de anaplasmose, é causada pela bactéria Anaplasma marginale e causa apatia dos animais, redução do ganho de peso, amarelão e, eventualmente, morte”, esclarece. “Ela tem sido considerada por sucessivos anos a maior causa de morte de bovinos no Rio Grande do Sul”, pontua Reck.

O estudo, coordenado pelo pesquisador, mostra que a imunidade (resistência) dos terneiros para a anaplasmose é diretamente relacionada a duas características das mães. “Uma delas é a chamada ordem de parto, ou seja, as vacas em sua primeira parição (também conhecidas como primíparas) geram terneiros com menor imunidade do que as vacas mais experientes, que já tiveram três ou quatro crias”, destaca Reck. “O outro aspecto é que a imunidade das mães algumas semanas antes do parto também serve de indício se o terneiro terá ou não boa imunidade para a anaplasmose”.

Conforme o médico veterinário, essas duas características ajudam a entender por que alguns animais são mais suscetíveis do que outros dentro de um rebanho e pode ajudar o pecuarista a evitar surtos. “Considerando que não há vacinas disponíveis para o controle da anaplasmose no Brasil atualmente, a identificação de fatores que diminuam a chance de surtos é fundamental ao produtor rural”, diz Reck.

Sobre a demanda do estudo ter partido de produtores rurais, ele conta que há alguns anos foram procurados por um grupo de pecuaristas que trouxe essa ideia, de que algumas vacas geravam terneiros mais resistentes que outros. “Alguns já indicavam suspeitar que as mães mais experientes gerariam terneiros mais resistentes. Como não havia nenhuma informação sobre isso na literatura científica, o grupo do DDPA/IPVDF, em parceria com a Unipampa, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), da Argentina, delinearam o experimento”, relembra Reck.

“A publicação do trabalho é uma forma de valorizar o conhecimento tradicional do meio rural e de entregar de volta aos pecuaristas estratégias e técnicas de prevenção validadas cientificamente. É a missão essencial do órgão de pesquisa agropecuária do Estado realizar ações como esta e estar atento às demandas do campo, devolvendo respostas a sociedade”, pontua o médico veterinário.
Os resultados do trabalho serão ainda apresentados a diversos pecuaristas em eventos pelo Estado durante o ano e em conferências internacionais. “Nossa obrigação é de gerar dados para que todas as nossas recomendações tenham embasamento científico”, complementa o pesquisador.


O estudo completo pode ser conferido em

https://link.springer.com/article/10.1007/s11250-024-03916-0

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação

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