Safra de inverno de 2024 deve ser 55% maior do que a do ano passado

O clima deverá ajudar o agricultor gaúcho na safra de inverno deste ano. Apesar de a área de grãos cultivada no Rio Grande do Sul ter reduzido em 7,11% em relação a 2023, a regularização da incidência de chuvas deve alavancar a produção e poderá ser 55,5% maior na mesma comparação. Os dados divulgados pela Emater/RS-Ascar, na manhã desta sexta-feira (28), apontam também para um aumento de 77% na produtividade do trigo e uma expansão expressiva no cultivo da canola (crescimento de 74,3% na área plantada).

Apesar do incremento na colheita do trigo (que pode chegar a 4 milhões de toneladas), a área plantada reduziu em 12,8% – são projetados 1.312.488 hectares para 2024, contra os 1.505.807 hectares cultivados no ano anterior. Segundo o diretor técnico da Empresa de Extensão Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-RS), Claudinei Baldissera, “ainda que não houvesse calamidade, a safra do cereal já apontava para uma redução. Mas a crise climática, associada a outros fatores, como os baixos preços, riscos e disponibilidade de sementes agravaram a situação”.

Baldissera afirmou, ainda, que o aumento de interesse pela canola, cuja extensão das lavouras aumentou em 74,35%, deve-se tanto à rotação da cultura quando à sua rentabilidade. O curto período de desenvolvimento e de colheita do grão, junto da crescente busca do mercado são alguns dos motivos apontados pelo dirigente para a projeção de crescimento na área de cultivo – chegando a 134.975 hectares plantados, contra os 77.418 hectares em 2023. A colheita da cevada, que no ano passado foi bastante prejudicada pelo clima e perdeu quase toda produção, deve ter um incremento de 65,4% na safra (111,7 toneladas).

Na análise do meteorologista e coordenador do Simagro-RS, Flávio Varone, “após três anos de estiagem severa provocada pela La Niña, com a chegada do El Niño estava tudo indo bem, mas no final de abril e início de maio foi aquela tragédia”. Segundo o especialista, choveu em poucos dias mais de 700mm, superando em quatro vezes a média para o período, “o que prejudicou bastante a agricultura no Estado”.

Previsão, no entanto, é de que o restante do inverno seja mais “normal”, com gradativa redução de temperatura e precipitações dentro do esperado. Cuidando bem das geadas tardias, Varone garante que a cultura da estação mais fria deve ser melhor do que a anterior para quem conseguiu ajustar o solo após a calamidade climática.

Fonte: Jornal do Comércio

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