Produtores da Região Centro-Sul comemoram alto rendimento da soja
Beneficiada por uma distribuição adequada de precipitação durante a fase reprodutiva das plantas de soja, Caçapava do Sul concentra as lavouras mais promissoras da região Centro-Sul do Estado. Ali, conforme levantamento da Emater-RS, a produtividade média nas lavouras é estimada em 3,3 mil quilos por hectare, mas há produtores colhendo até 4,5 mil quilos.
O município tem 41 mil hectares plantados com soja, onde a produção total deve chegar a 120 mil toneladas. Dessas, 85% serão comercializadas pela Cooperativa Tritícola Caçapava Ltda (Cotrisul). Ao todo, 620 produtores da oleaginosa em Caçapava, Lavras do Sul, Piratini, Santana da Boa Vista, Cachoeira do Sul e outras cidades vizinhas estão ligados à cooperativa. Na atual semeadura, eles plantaram 270 mil hectares com a cultura.
Na área de abrangência da cooperativa, o rendimento tem superado as expectativas dos agricultores. “A produtividade da soja na nossa região está excelente. Estamos registrando muitas lavouras com marcas acima de 65 sacas por hectare”, comemora o subgerente do Departamento Técnico, Bruno Zago.
A Cotrisul espera receber 480 mil toneladas de soja. Considerando a projeção de safra gaúcha, de 22,2 milhões de toneladas, feita pela Emater-RS, o recebimento estimado corresponde a 2,15% do total a ser colhido no Estado. Mas, se for mantida a alta produtividade verificada até o momento, o volume pode chegar a 540 mil toneladas ao final da colheita. Isso representaria um aumento de 80% em relação à safra 2022/2023, quando 300 mil toneladas foram entregues para armazenamento na Cotrisul.
No último final de semana houve um incremento importante no fluxo de entrega do produto nos armazéns da cooperativa, acrescenta o presidente da Cotrisul, Gilberto da Fontoura. Segundo ele, só no domingo foram recebidas 200 mil sacas de 60 quilos da oleaginosa, o que eleva a aproximadamente 120 mil toneladas já estocadas. O volume equivale a cerca de 25% de toda a soja que deve chegar à cooperativa em 2024.
“Ainda há dúvidas sobre qual será o comportamento dos preços da soja. Recentemente subiu um pouco o valor pago ao produtor, chegando a R$ 122,00 por saca. Mas não há clareza se as cotações seguirão aumentando”, observa.
O trabalho de recepção da safra de soja 2024 deve se estender até o final de maio, nas unidades da Cotrisul. Para fazer frente a essa demanda, a cooperativa mobilizou cerca de 200 trabalhadores temporários, além de ter ampliado suas estruturas de armazenagem em mais um milhão de sacas, em comparação a 2023.
Com tecnificação, propriedade alcança produtividade 36% acima da média do Estado
Na área já colhida em Caçapava do Sul, Diego Mariani obteve 3,6 mil quilos por hectare
DIEGO MARIANI/ARQUIVO PESSOAL/JC
Toda a colheita de soja do produtor Diego Mariani, 42 anos, que semeou 750 hectares com a cultura nos municípios de Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul, será entregue à Cotrisul para estocagem. Após dois anos com rendimento pífio, ele vem verificando resultados animadores. Na colheita anterior, ele e o pai, Vanderlei, obtiveram frustrantes 1,68 mil quilos por hectare. Mas agora, a produtividade nas áreas já colhidas supera, com folga, a média projetada para todo o Rio Grande do Sul, de 3,339 mil quilos por hectare. A alta no rendimento chega a 36%.
Os Mariani produzem em 215 hectares próprios, em Cachoeira do Sul, e outros 535 hectares arrendados em Caçapava do Sul. Nas terras da família, a colheita já foi concluída, com empolgantes 4,56 mil quilos, ou 76 sacas por hectare. E em Caçapava, onde 40% da área foram colhidos, o rendimento, até aqui, é de 3,6 mil quilos por hectare. Na média dos últimos 10 anos, a produtividade foi de 2,4 mil quilos.
Para chegar à performance atual, Diego e o pai investiram em tecnificação, apostando nas perspectivas de clima favorável, que estão se confirmando. “Nossa expectativa para esta safra é equilibrar a contabilidade, recuperando o passivo das colheitas anteriores, que deram bastante prejuízo. Acredito que vamos conseguir recolocar a propriedade na linha de ganhos financeiros”.
A receita dos Mariani foi na ponta do lápis. Segundo Diego, considerando os custos de produção, de 25 a 28 sacas em Cachoeira, e de até 40 sacas em Caçapava, por conta do arrendamento, a cotação ideal da saca seria R$ 150,00. Atualmente, a commodity está valorizada em R$ 123,00.
“Mas fiz um seguro de preço para parte da produção, garantindo os R$ 150,00 por saca para o fim de junho. Isso vai nos dar a segurança necessária. E também pode haver uma maior valorização do grão, conforme o clima nos Estados Unidos sinalize a tendência de produção por lá”, conta o produtor.
Ele também relata alta nos prêmios pagos nos portos para embarque de soja. Afinal, há navios esperando para carregar, mas falta produto.
Confiante na estratégia e na esperança de que o clima ajude, a safra de inverno terá trigo em toda a área. A família está de olho nos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que impacta o mercado desse cereal, e acredita que a cultura deva alcançar cotações bastante compensadoras.
“Também pretendemos aproveitar o estímulo do governo do Estado, com o programa Irriga RS. Para isso, já estamos fazendo o levantamento de uma área para construção de barragem e implantação de pivôs em 120 hectares. O projeto está em andamento, e nossa idéia é de um investimento total de R$ 3 milhões”, conclui.
Fonte: Jornal do Comércio