Newcastle deve gerar retração de 4% nas exportações avícolas do RS
As exportações de produtos avícolas do Rio Grande do Sul em 2024 deverão sofrer uma retração de até 4% em relação ao ano passado. O motivo é a ocorrência de um único caso da Doença de Newcastle em uma granja comercial em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Mesmo após a eliminação do foco e do atendimento a todos os protocolos sanitários, alguns países importadores ainda não levantaram os embargos ao Brasil, ao Estado ou mesmo a um raio de 10 quilômetros do local onde a enfermidade foi verificada em julho.
Destino de 9% do total da produção avícola gaúcha exportada em 2023, a China ainda mantém a restrição. Os embarques seguem parados também para outros países, como México e Chile, por exemplo, o que deixa a indústria do setor em alerta.
O enfrentamento a essa situação tem sido por meio da constante interação com os órgãos governamentais e organizações internacionais. A missão é reforçar que se tratava de um caso isolado, solucionado com o cumprimento de rigorosos protocolos sanitários. Em 23 de outubro, após o envio de documentação pelo Brasil, a Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa) declarou encerrado o foco de Newcastle.
“Tem sido um período de apreensão, uma vez que volumes consideráveis deixaram de ser exportados nesses mais de 90 dias, por embargos totais ou parciais. Apesar dos acordos bilaterais, alguns governos preferiram ser cautelosos antes de voltar a importar. E fomos nos reinventando, redirecionando produtos para mitigar os prejuízos“, conta o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.
Negociações suspensas também com o Chile, um mercado que representa cerca de 0,5% das exportações gaúchas de cortes de aves, mas cuja aquisição de ovos superou as 1,2 mil toneladas no ano passado. O país enviará uma missão ao RS, provavelmente ainda em novembro, para realizar uma auditoria antes de retomar as importações.
Igualmente, o México, que recentemente abriu uma janela de importações de produtos do setor com o Estado, permanece em compasso de espera e solicitou mais informações ao governo brasileiro. Em 2023, o país comprou 2,5% do total embarcado pelo RS.
“Por outro lado, embora ainda falte a oficialização, já fomos informados que a África do Sul, para onde enviamos 44,3 mil toneladas de produtos em 2023 (6% do total gaúcho exportado), vai retomar as compras. Esperamos que a situação se normalize em breve. Afinal, temos centenas de clientes parceiros que mantiveram interessem em nossos produtos e estão pressionando seus governos a levantar os embargos ao Estado ou à região onde ocorreu o foco”, acrescenta o dirigente.
Na semana passada, Rússia e Peru retiraram os embargos e retomaram as operações comerciais com as agroindústrias avícolas do RS. A retomada das importações pela Rússia inclui carne de aves e ovos férteis. Também foram encerradas as restrições para trânsito de aves vivas provenientes do Rio Grande do Sul pelo território russo.
A Argentina, que tinha restrição para todo o Brasil, voltou a importar e manteve a restrição apenas ao raio de 10 quilômetros do foco registrado em Anta Gorda. Já a Arábia Saudita retomou a normalidade do comércio.
A produção avícola do RS se mantém há décadas entre as três principais do Brasil, e o histórico de relações comerciais com centenas de importadores ao redor do mundo reforça a credibilidade da produção local.
No ano passado, o Rio Grande do Sul exportou 739 mil toneladas de produtos avícolas. Apesar da queda na performance prevista para 2024, Santos projeta retomada no crescimento para o ano que vem.
“Se conseguirmos repetir neste ano os números do exercício anterior, já será uma vitória. Mas a tendência não é essa. De qualquer forma, temos um olhar bastante positivo para 2025, pois o obstáculo que surgiu no caminho este ano foi atípico. O setor está e deverá se manter em crescimento”, completa.
Fonte: Jornal do Comércio