A Intuição Humana e o Medo da Inteligência Artificial

Por: Fábio Verardi

A inteligência artificial ocupa cada vez mais uma linguagem de eficiência em qualquer negócio, pois se mostra certeira para encontrar o melhor caminho a ser seguido em busca dos melhores resultados em qualquer área. São tecnologias presentes no dia a dia, que desenham um mapa que nos leva para um resultado sempre muito próximo do alvo, e, por consequência, se traduzem num fenômeno que nos gera incerteza e principalmente um medo cada vez mais presente de sermos substituíveis. Hoje, esses algoritmos da inteligência artificial se fazem presentes em todas as áreas do conhecimento humano, alcançando um lugar de destaque graças ao seu poder de sintetizar melhor as coisas para alcançar resultados mais eficientes. Enquanto o pensamento humano luta para aplicar a racionalidade sem cair nas armadilhas e desvios das nossas incertezas, a inteligência artificial tem um modelo reto e pragmático que sempre vai direto ao ponto aonde quer chegar. Ocorre que, somos humanos e para nós a inteligência sempre será um processo que envolverá valores da personalidade, não bastando, portanto, apenas seguir numa estrada em linha reta, pois, para se construir um resultado é preciso ter consciência do que estamos produzindo durante esse percurso. Nos escritos de Aristóteles em Ética a Nicômaco, o filósofo contempla que a ação que gera um fim distinto da própria atividade a que se destina, é mais excelente que a própria ação. Assim, alguém que constrói um hospital não está apenas fazendo uma obra, mas, também, colocando sua força de trabalho para a construção de uma finalidade nobre. O que nos faz pensar sobre a importância das emoções e compromissos que assumimos durante a empreitada da vida.

O livro “Inteligência Social”, lançado em 2006 pelo escritor Daniel Goleman, é um marco referencial da importância das relações do dia a dia para se construir a inteligência interpessoal, que é determinante para o sucesso humano na terra. Segundo Goleman, a inteligência social é a capacidade que uma pessoa tem de reagir de maneira adequada nos mais diversos contextos sociais para construir relações mais saudáveis e produtivas. Portanto, essa inteligência é um processo que requer o cumprimento de etapas necessárias para um resultado eficaz, mas, sem excluir o conteúdo das emoções humanas nesse trajeto. Eis o grande desafio, pois a inteligência artificial é uma máquina perfeita que não se envolve ou se distrai com emoções, porém, isso não combina com a verdade da natureza humana. Afinal, uma máquina não tem objetivo próprio se não houver um humano que a comande, um humano com incertezas, ansiedades, necessidade de aceitação e com medo do futuro. Se as “máquinas” viessem a substituir a inteligência social, estaríamos jogando fora as principais características que nos fazem humanos, dentre elas a intuição. Nesse sentido a inteligência racional é muito mais limitada que a lógica humana. Do contrário, como seria possível explicar que uma intuição pode nos dar o caminho certo a seguir, sem lógica nem comprovação científica?

No Vale do Silício, que concentra as empresas de maior riqueza do planeta, empreendedores utilizam como pilares de sucesso o planejamento, gestão e análise de mercado, mas sem nunca deixarem de lado a intuição. O empreendedor Daniel Dalarossa, um dos brasileiros pioneiros a fazer sucesso no mercado americano diz que, “a intuição não é só para privilegiados, ela pode ser treinada e desenvolvida”, ele acredita que “há diversas técnicas para atingir um estado intuitivo, elevar a consciência até atingir a transmentalização”. Vista assim, a intuição assume um papel de poder quase sobrenatural que está presente nas decisões e mercados que geram maior riqueza no mundo, um poder que não integra nenhuma estatística ou percentual, mas, que produz uma sensação do caminho certo a ser escolhido. É um sentimento que antecipa a ação, é o ver antes da imagem surgir, é uma premonição. Muitos filmes de ficção apresentam o dilema em que um robô perfeito começa a falhar quando é afetado pelos sentimentos que só um humano é capaz de sentir, esta é lógica de todo o debate em questão. Os sentimentos nunca serão uma falha, eles integram o caminho e a verdade de quem somos, pois somente acreditando nas emoções que nos compõem, teremos a verdadeira realização humana.

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