Titanic no Cinema

Foi uma sorridente surpresa me deparar com um cartaz no cinema anunciando a reexibição do clássico filme Titanic, sim o original com Jack e Rose, aquele Di Caprio novinho e desbravador está de volta. As lembranças do mundo do cinema são felicidades inevitáveis. Claro, agora é mais fácil, pois podemos assistir em casa a qualquer filme a qualquer momento, mas nada se comparará ao ritual de uma sala de cinema. Comprava-se ingresso antecipado, tinha-se que ser pontual, era preciso ser silencioso (essa era a melhor parte) e a luz apagada nos dava o foco total no que realmente importava, o filme. Sou adepto do Netflix e afins, mas sempre serei um apaixonado pelo ritual do cinema, pois era exclusivo ter que ir até um local para assistir a um filme com dia e hora marcada. Escrevo a maioria dos verbos no passado, pois o cinema já perdeu seu espaço, é impossível para o mercado investir contra tecnologias que facilitam a vida de todo mundo, assim, aceitar que o mundo está mudando e lembrar com sabor de um passado é saudoso, já, negar tudo que vem chegando, é recalque.

O cinema tinha muitas magias e talvez a maior delas fosse o fato de nos condicionar a apenas assistir ao filme. Num hoje em que se dirige carros digitando mensagens e se corre na esteira vendo tv, é quase impossível assistir a um Netflix sem outra atividade paralela. O cinema era uma zona protegida, um salvo conduto para não atender o telefone e justificar – “estava desligado, eu estava no cinema.”Difícil acreditar que esse gigante afundou e levou com ele sonhos, encontros e um requinte de viver a vida, tinha um iceberg no caminho, tanto do Titanic como do cinema e a colisão foi inevitável. O jeito é afundar tocando violino até o último instante, pois é o que os incorrigíveis românticos sempre farão e, por favor, não me diga que o Jack morre no final ou que o Di Caprio não ganhou o Oscar por sua atuação, prefiro assistir tudo de novo até o final.

Por: Fábio Verardi

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