Rodrigo Tavares mergulha na Revolução Federalista em novo romance histórico

O Pampa, suas histórias, cultura e pelejas voltam às páginas do novo livro do autor bajeense Rodrigo Tavares. Em Carancho, o autor transporta os leitores para um dos capítulos mais controversos do Rio Grande do Sul, em um romance histórico permeado por ação e aventuras.

Tavares traz no currículo obras anteriores que também abordam a lida e os costumes do homem do campo, entrecruzando personagens ficcionais e históricos, como em Andarilhos, o mais recente Ainda que a terra se abra, a novela Noite Escura, e as coletâneas A Tropeada e Contos Sangrentos.

Já em Carancho, Tavares resgata a história de um dos conflitos mais sangrentos do Sul do país, a Revolução Federalista, que entrou para a história com a infame alcunha de Guerra das Degolas.“É um romance que busca contar a história sob a ótica dos federalistas. Para isso, Tarcísio, um protagonista fictício, acaba sendo arrastado para a revolução por seu chefe político, Gumercindo Saraiva, e acompanhando de perto toda a barbárie que foi aquela revolução”, conta o autor.

Ao longo das páginas, desfilam nomes de figuras conhecidas da história gaúcha, como Joca Tavares – este antepassado do próprio autor; Gumercindo Saraiva, Ângelo Dourado e Adão Latorre. O escritor aponta que a obra busca lançar luz sobre o conflito, vencido pelo positivista Júlio de Castilhos, dono do jornal A Federação. “Esse jornal foi fonte de pesquisa da maioria dos livros de história, deixando um viés pejorativo para a maioria dos heróis bajeenses. Por exemplo, Adão Latorre é até hoje apresentado como o grande degolador da Revolução. O número 300 é repetido à exaustão. Porém, não existe nenhuma evidência histórica, sendo até mesmo considerado impossível que apenas um homem tenha degolado tanta gente”, destaca.

Inclusive, o estereótipo de degolador associado à Latorre é contestado no livro, baseado nos diários da época e nas pesquisas de Tarcísio Taborda. Entretanto, Tavares faz questão de ressaltar que não se trata de um livro de história: “Em Carancho, temos muita aventura, ação, romance e batalhas”.

O autor conta que, desde jovem, tem interesse pela história da Revolução de 1893 – inclusive, o assunto foi tema de trabalhos escolares, peças de teatro e, até mesmo, um curta-metragem produzido por ele. E a ligação dos antepassados de Tavares com o conflito pode ter sido um dos catalisadores para o interesse.

Descendente de Joca Tavares, o Barão do Itaqui, um dos principais líderes maragatos, o autor teve acesso aos diários do antepassado. Com o material em mãos, busca dar um enfoque diferenciado – longe da versão de uma revolta bárbara marcada pelas degolas. “Sempre me causou incômodo a história ter sido escrita pelo maior interessado, em seu próprio jornal. A consequência disso é que houve um apagamento histórico de personagens federalistas, que lutavam contra a Constituição do Rio Grande do Sul, que era ditatorial. Exemplo disso é que enquanto Júlio de Castilhos está em mil praças, ruas e avenidas, Joca, Gumercindo e os demais foram escondidos. Não temos sequer bustos desses heróis em nenhuma praça de Bagé, por exemplo”.

Para os fãs do autor e curiosos com a nova obra, a pré-venda do livro iniciou dia 12, através do site da editora. Mas o lançamento oficial de Carancho acontece no dia 8 de julho, em Porto Alegre. Já no dia 10, é a vez do lançamento em São Paulo. Em Bagé, a apresentação da obra acontece no dia 21 de julho, com sessão de autógrafos e bate-papo na LEB.

Leitores acompanharam processo de produção da obra

Nas últimas semanas, o autor divide com os seguidores leitores, nas redes sociais, um pouco do processo de pesquisa e produção da obra. Uma das motivações para isso, segundo ele, é o incentivo recebido enquanto produzia. Também destaca o grande interesse que os bajeenses – e os gaúchos, em geral – pelo tema. “Apesar de escrever sobre o interior, sobre esse espaço, ainda sou pouco lido em Bagé e no Rio Grande do Sul. Ao despertar essa curiosidade, acho que mais gente foi me descobrindo”, conta.

Inclusive, o reconhecimento pela obra Tavares deve ser oficializado no dia 15 do próximo mês. Em meio à programação de lançamento do novo livro, o escritor assume uma cadeira na Academia Bajeense de Letras, a convite de Orlando Brasil e Márcia Duro Mello. 

Fonte: Jornal Minuano

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