Expodireto tem faturamento recorde de R$ 7 bilhões

Surpreendentes R$ 7 bilhões. O faturamento da 23ª Expodireto Cotrijal, encerrada nesta sexta-feira (10), em Não-Me-Toque, impressionou até o presidente da feira, Nei Manica, a quem a mostra foi carinhosamente referida como “Walt Disney do Agronegócio”. O número, 42% superior aos R$ 4,9 bilhões registrados na edição anterior, é mesmo de sonho, considerando as dificuldades de crédito e as altas taxas de juros, criticadas ao longo de toda a semana, desde a solenidade de abertura.

Ao apresentar o balanço dos negócios realizados durante o evento, Manica comemorou e, ao mesmo tempo, lamentou. O saldo mostra o tamanho da feira que já é referência mundial de inovação e negócios do agro. Por outro lado, aponta também que os preços das máquinas e dos implementos não respeitam mau tempo.

“Insumos, máquinas e equipamentos em alta fizeram desta uma das safras mais caras da história. E, com o peso das últimas estiagens, ficou ainda mais complicado. Temos aí um descasamento. O ideal seria que pudéssemos ter um maior número de contratos assinados por valores menores. Mas isso não vai acontecer. A tendência é de aumento de custos nas lavouras e também no maquinário. Mas o agronegócio não para”, disse o dirigente.

Com isso, ele já sinaliza esperar um resultado de vendas ainda mais alto na 24ª edição da Expodireto, no próximo ano. Manica Explicou que a feira já adquiriu status de imperdível por quem procura por negócios a preços melhores que os praticados em outros eventos pelo Brasil. Por isso, muitos produtores de outros estados e até mesmo de outros países vêm ao Rio Grande do Sul para fechar negócios. “Isso também impulsiona os números da Expodireto”, analisou.

Tradicionalmente otimista, o presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), Claudio Bier, revelou que não imaginava ser possível chegar a uma diferença tão expressiva no faturamento.

“Surpreendeu positivamente. Apesar disso, não significa que esteja tudo bem no setor. A feira é uma ferramenta forte de vendas, mas não representa o dia a dia. As empresas de máquinas estão preocupadas. Esse evento não é o parâmetro. É preciso reduzir as taxas de juros e facilitar financiamentos, principalmente para os produtores de menor porte”, alertou.

A expectativa inicial dos organizadores era de vencer a marca alcançada em 2022. Pois neste ano, a feira foi superlativa por todos os lados. A composição do faturamento teve aumento de 12% no uso de recursos próprios, alta de 45% em empréstimos bancários, de 84% em vendas no Pavilhão Internacional e de 52% no Pavilhão da Agricultura Familiar. Isso sem falar nos 5% de crescimento no número de expositores.

O público também foi o maior entre todas as edições do evento, com 320,5 mil pessoas circulando pelo complexo da mostra, 22% a mais que no ano passado. O recorde terior foi alcançado ainda no quarto dia da Expodireto, quando 262,2 mil pessoas já haviam visitado o local. Conforme a organização, a quarta-feira foi o dia mais movimentado, com 91,2 mil visitantes.

Palco para reivindicações no campo político, a Expodireto também ouviu apelos para que o governo federal faça valer o direito à propriedade privada e reprima invasões. Nei Manica também renovou o pedido para que a União aumente o volume de recursos alocados para ajudar os produtores com dificuldades financeiras após três estiagens em quatro anos.

“O governo federal trouxe dois ministros e uma grande comitiva ao Rio Grande do Sul há algumas semanas. Visitou um pequeno acampamento em uma pequena cidade, que respeito. Anunciou R$ 430 milhões como se aquilo fosse resolver. Mas já os fizemos ver que não é suficiente e irão melhorar o aporte de recursos. O ministro Carlos Fávaro também esteve aqui e disse que vai liberar R$ 1 bilhão para destravar negócios, e o Banco do Brasil já disponibilizou mais R$ 200 milhões. Mas o mais importante é resolver a questão do endividamento, com alongamento do prazo de pagamento e juros compatíveis”.

O sucesso desta Expodireto, passando por cima dos obstáculos que surgiram pelo caminho, também deixa outro sinal de alerta. Para 2024, será preciso rever pontos como o acesso ao parque. Apesar do aumento da área do complexo neste ano, O estacionamento lotou e chegou a ser fechado no dia de maior público. A ERS-124 teve problemas com o intenso fluxo de veículos nas imediações da feira ao longo de todo o dia e a chegada de pedestres também mostrou que medidas precisam ser adotadas para desafogar a região.

“Já compramos uma nova área, que deverá aumentar o espaço para os carros. Seria necessário criar vias vicinais ao parque para não sobrecarregar a rodovia principal. No ano que vem, pretendemos fazer a cobrança da taxa de estacionamento já na área interna, para liberar a pista. E também caberia a instalação de passarelas para o público atravessar a estrada em segurança”, finalizou Nei Manica.

OS NÚMEROS DA EXPODIRETO COTRIJAL

Negócios

  • Bancos – R$ 6,355 bilhões
  • R$ próprio – R$ 570 milhões
  • Pavilhão Internacional – R$ 114,9 milhões
  • Agric. Familiar – R$ 2,576 milhões
  • Total geral – R$ 7,043 bilhões
  • Público total – 320,5 mil pessoas
  • Área – 133 hectares
  • Expositores – 591

Fonte: Jornal do Comércio

Mostrar mais
Botão Voltar ao topo