Desfile Alusivo ao 27 de Janeiro, uma data berço das Provas Funcionais e do Freio de Ouro
Entre tantas façanhas históricas rio-grandenses, possuindo expressiva participação do Cavalo Crioulo nas mesmas, uma faz referência à data de 27 de janeiro, desta vez em terras fronteiriças, precisamente em Jaguarão/RS, cidade que carrega consigo o título de “Cidade Heróica”, onde aconteceu na última sexta-feira, o tradicional desfile comemorativo as festividades “Alusivas à Epopéia 27 de Janeiro de 1865”, com com Desfile Comemorativo, Apresentação Artística, Encontro Entre Pátrias, Homenagens aos trabalhadores rurais e famílias jaguarenses.
Marcante na tradição, 27 de janeiro que também é uma data marcante na história das provas funcionais na década de 1970, possivelmente, atividades que deram futuramente origem à modalidade seletiva do Freio de Ouro. “Junto ao desfile tivemos o prazer de ter a representação da ABCCC, expressivamente e muito bem representada”, destaca Rouget Gigena Wrege, técnico do Cavalo Crioulo e atual Presidente do CTG de Jaguarão, referindo-se à Mário Móglia Suñe, responsável por levar o pavilhão representando a Associação que desfilou ao lado de sua família, e de Lúcio Rigon Stacowski, vindo de Santiago/RS.
Reunindo nomes expressivos dentro da origem do Cavalo Crioulo, valorizando o que há de mais precioso além da tradição, a história, o desfile foi aberto com o Encontro entre Pátrias, Uruguai e Brasil, seguido do Pavilhão Nacional, com João Alberto Dutra da Silveira – diretor de provas por muitos anos da ABCCC e um dos idealizadores do Freio de Ouro, que dispensa comentários sobre sua pessoa – escoltado por sua família, onde pode-se reunir quatro gerações, pai, filhos, netos e bisnetos de homens e mulheres do Cavalo Crioulo, ativamente participantes de diversas modalidades esportivas e seletivas da raça.
Entre tantas gerações, nomes de participantes deste desfile destacam-se, exemplo de Lineu Passos, representando seu sogro, Eudóxio Corrêa, quem idealizou as provas de potro, tornando conhecidas atualmente como provas de “Doma de 21 dias”; Luciano Passos, técnico do Cavalo Crioulo e jurado da raça; João Rouget, pai de Rouget Gigena [Atual patrão do CTG] e secretário das primeiras provas funcionais; Coronel Bayard Bretanha Jacques, Patrão de Honra Vitalício do CTG, que desfilou montado em seu cavalo, no auge dos seus 80 anos; prendas, jovens e crianças participantes das provas esportivas, entre muitos outros apaixonados e influentes no Cavalo Crioulo.
Homenageando além das famílias tradicionais ligadas à história, trabalhadores rurais de diferentes ofícios do campo, foram retratados. “Trouxemos representantes dignos, foram capataz de estância, guasqueiro, aramador, domador, ferreiro, caseiro, cada um representando o lavor da sua profissão. Foi um desfile muito bonito, importante, diferente, muito comemorado e comentado por quem nos prestigiou”, finaliza orgulhoso o presidente do CTG, Rouget.
Feitio de 27 de Janeiro e surgimento das Provas Funcionais
Completando neste ano 158 anos desde seu acontecimento, precisamos recordar a história, ninguém menos que João Alberto da Silveira, ícone ligado ao Cavalo Crioulo, discorre sobre a história, chegando a data em comemoração. Tudo tem início, com o encontro entre tropas Brasileiras e Uruguaias, que aconteceu em 1865, repelida por militares e população, obtendo êxito Brasileiro. Em comemoração ao centenário do feitio, 1965, o Centro de Tradições Gaúchas Rincão da Fronteira, inicia a festividade. Passado dois anos, o mesmo CTG, assim como Eudóxio Corrêa e Bayard Bretanha Jacques, juntam-se às comemorações, onde na década de 1970, como destacado pelo escritor Tunico Fagundes, em seu livro, acontece o início das Provas Funcionais, posteriormente dando origem ao Freio de Ouro, com as Festas Campeiras e Provas de Redomão de 21 dias, que acontecem até hoje, inclusive realizadas em diversos Núcleos e até mesmo uma Final promovida pela ABCCC.
O Crioulista Benegati Fernando Rodrigues, propôs que iniciasse as Campereadas de Outono, com os patrões dos CTGs, e em 1978 apresentada a proposta de Campereada de Outono com Provas Morfo-Funcionais, surgindo assim as funcionais somente com animais registrados, em busca de melhorar ginetes e cavalos. Depois de quatro anos, os mesmos receberam um convite da ABCCC para serem transformadas na prova do Freio de Ouro, prova oficializada em 1982 (e que recentemente completou seus 40 anos de história), na época junto ao cinquentenário da Associação.
Fonte: ABCCC