Caso de gripe aviária impõe abate de 200 mil aves na Argentina

Cerca de 200 mil aves criadas na granja argentina onde nesta semana foi identificado um caso de gripe aviária deverão ser abatidas e enterradas. A ocorrência da doença foi confirmada pelo Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar em um plantel comercial na província de Río Negro, distante cerca de mil quilômetros de Buenos Aires. A doença foi identificada em um estabelecimento de frangos de corte localizado no município de Mainque, ao sul da barreira zoofitossanitária patagônica, em uma área de baixa densidade avícola.

Com o caso, o país perde temporariamente o status de livre da doença e promove a auto-suspensão das exportações de produtos avícolas, em conformidade com as normas internacionais. A produção de aves para consumo local continuará se desenvolvendo normalmente, uma vez que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de frango e ovos. Da mesma forma, os frigoríficos que exportam, poderão comercializar seus produtos no mercado interno.

O Senasa decidiu realizar as medidas de contenção correspondentes, estabelecidas no Manual de Contingência da Influenza Aviária, a fim de evitar a propagação da doença em outros estabelecimentos que produzem aves destinadas ao circuito comercial. Ao mesmo tempo, seguindo os protocolos internacionais, as autoridades argentinas comunicarão oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Autoridades, profissionais e técnicos do órgão sanitário já estão trabalhando para a restituição da condição de país livre da doença e a retomada das exportações de aves. Até o momento, o Laboratório Senasa confirmou 26 casos, sendo três em aves silvestres, 21 em animais de quintal e uma no setor comercial.

O episódio em território argentino renova a atenção e a apreensão da cadeia avícola brasileira. Após se familiarizar com o caso, o presidente da Associação Brasileira de Avicultura, Ricardo Santin, ressaltou a importância da observação de todos os cuidados de biossegurança da cartilha do setor para prevenir a entrada do vírus na cadeia gaúcha e nacional.

“A granja atingida é altamente tecnificada e, por regra, adota padrões de segurança elevados. Mas o episódio nos leva a crer que tenha ocorrido uma falha humana no acesso ao aviário. Um funcionário pode ter pisado em fezes depositadas por uma ave silvestre e ingressado no espaço controlado sem trocar de calçados, por exemplo. A contaminação depende de um conjunto de fatores, como matéria orgânica, umidade e temperatura, além do tempo de transmissão. Um simples descuido é o que basta para um resultado como esse”, diz o dirigente.

Segundo ele, o procedimento no local onde foi verificada a presença da doença é a desinfecção para inativação do vírus, seguida de limpeza. Novos testes no espaço podem ser feitos após 28 dias, ou dois ciclos de incubação, para depois a granja ser repovoada.

Santin destaca que a auto-suspensão das exportações foi uma opção da Argentina, mas que a medida não faz parte das normas internacionais. No Brasil, por exemplo, bastaria isolar uma área em um raio de 10 quilômetros do local do foco e retirar essa produção dos embarques.

Brasil e Argentina ocupam prateleiras diferentes no mercado mundial de carne de frango. Enquanto os Hermanos exportam entre 250 mil e 270 mil toneladas do produto por ano, o Brasil embarca 400 mil toneladas mensais.

“O mundo aprendeu a conviver com a gripe aviária. É uma endemia que já levou ao abate de milhões de aves nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. É prejuízo para quem tem animais infectados. Mas esse é um mercado enorme. Na Argentina vão fazer o abate sanitário de 200 mil aves. Enquanto isso, o Brasil abate comercialmente 25 milhões por dia”, finaliza Santin.

Fonte: Jornal do Comércio

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