Safra gaúcha de trigo avança para recorde de 4,7 milhões de toneladas
A safra gaúcha de trigo deverá ser a maior da história, alcançando um volume de 4,7 milhões de toneladas. A estimativa corresponde a uma alta performance na colheita dos 1,45 milhão de hectares semeados neste ano, a maior desde 1980. Se confirmada, a produção do Rio Grande do Sul pode responder por 56% do total a ser colhido no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula que o País irá verificar um volume de 8,4 milhões de toneladas em 2022, um crescimento de 8% em comparação com a safra passada, quando foram produzidas 7,6 milhões de toneladas.
Tudo, entretanto, está condicionado à confirmação da tendência de boas condições climáticas até o final de setembro, alerta o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires. O dirigente lembra também que o mês de outubro, quando se inicia a colheita em regiões mais quentes do Estado, como São Borja, São Luiz Gonzaga e Santa Rosa, será decisivo.
“O trigo é uma cultura muito sensível às oscilações climáticas, mas se tudo correr como o esperado, a previsão é de que os agricultores obtenham uma produtividade média de 3,3 mil quilos, o equivalente a 55 sacas de 60 quilos por hectare. Isso já representaria uma safra excepcional. Temos condições de colher até 3,6 mil quilos por hectare, mas fatores econômicos que incidem sobre o plantio podem reduzir o rendimento em algumas lavouras”, diz Pires.
A retomada da cultura no Estado, após décadas de incertezas e dificuldades, começou em 2016, quando um esforço conjunto da FecoAgro e da Embrapa começou a abrir o mercado internacional e devolveu liquidez ao cereal gaúcho. A exportação é fundamental para a saúde financeira da cultura no Rio Grande do Sul. Afinal, o Estado consome cerca de 1,5 milhão de toneladas ao ano. E restariam 3 milhões de toneladas a serem comercializadas junto a clientes de fora do País.
“Embora os preços atuais tenham tido uma pequena redução, acreditamos que esta safra poderá ser negociada em valores bastante atrativos”, projeta Pires.
A volatilidade do mercado do trigo é grande, e muitos fatores podem influenciar o desempenho. Por isso, temas como o processo eleitoral no Brasil, a variação do dólar e a guerra na Ucrânia, que é grande produtora e exportadora de insumos agrícolas, pesam diretamente sobre os resultados financeiros da atividade.
Também sobre a canola, Pires ressalta que as primeiras lavouras vêm apresentando um bom potencial produtivo. A estimativa de cultivo no Estado para a safra 2022 é de 48,4 mil hectares. A produtividade estimada é de 1,8 mil quilos por hectare.
“Nas regiões de temperaturas mais elevadas, a canola ocupou uma área expressiva no Rio Grande do Sul em 2022 e já começa a ser dessecada, com bom potencial produtivo”, completa o dirigente, para quem a aveia também deverá mostrar bom desempenho.
A estimativa é de uma colheita de 870 mil toneladas de aveia branca nos 392,5 mil hectares cultivados. A produtividade média estimada é de 2,2 mil quilos por hectare.
Fonte: Jornal do Comércio