Relatório mostra potencial e importância do setor de base florestal
Após queda em 2020, por conta dos efeitos da pandemia de Covid-19, o setor florestal mostrou poder de recuperação no ano passado e deve seguir em ascensão. A estimativa é do presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Luiz Augusto Alves, com base no relatório de dados e fatos divulgado nesta quarta-feira.
No foco das atenções globais pelas capacidades de reduzir as emissões e de absorver carbono, as empresas florestais têm nas mãos uma valiosa oportunidade de mercado. Embora a venda de créditos de carbono ainda não esteja regulamentada no Brasil, a importância do setor em benefício da sustentabilidade vem fazendo com que empresas adotem iniciativas próprias para auxiliar no enfrentamento ao aquecimento global.
“Uma delas, a gaúcha Tanac, de Montenegro, foi destaque na COP-27, realizada no início do mês, no Egito, ao mostrar que, como maior produtora de tanino do mundo, absorve sete vezes mais gases do efeito estufa do que emite”, ressalta o dirigente da Ageflor.
O documento compartilhado pela entidade, que tem 95% de precisão no levantamento da base florestal brasileira, a partir do uso de tecnologia de sensoriamento remoto contratada pela Ageflor em parceria com a Indústria Brasileira de Árvores (IBA) e entidades representativas do setor de base florestal dos outros estados, mostra 9,6 milhões de hectares de florestas no País. O Rio Grande do Sul responde por 935 mil hectares, sendo 592 mil hectares com eucalipto, 289 mil hectares com pinus e 50 mil hectares com acácia-negra, espécie plantada somente em solo gaúcho.
Além dos dados de área plantada, o documento destaca indicadores socioambientais. De acordo com dados Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para o ano de 2021, os 5.385 empreendimentos licenciados para atividades silviculturais foram responsáveis pela conservação de 395 mil hectares, distribuídos entre Áreas de Preservação Permanente e Áreas de Vegetação Nativa. Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2021 mostra que foram 65 mil empregos diretos gerados a partir de florestas plantadas no Rio Grande do Sul.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção florestal no Brasil foi de R$ 30 bilhões em 2021, tendo o Rio Grande do Sul participação em 8% deste total. A produção silvicultural foi responsável por R$ 23,84 bilhões no país, cabendo 9,8% ao RS, com a soma de R$ 2,32 bilhões no ano de 2021. O valor da produção florestal no RS alcançou R$ 2,4 bilhões, acréscimo de 24% quando comparado ao ano anterior.
O estudo aponta que em 2021, o total das exportações do setor de base florestal representaram 9,7% do valor total exportado pelo Rio Grande do Sul. Do total de US$ 1,9 bilhão de exportações do setor florestal gaúcho, 53% foram constituídos pela venda de celulose, a qual superou US$ 1 bilhão.
Luiz Augusto Alves lembra a importância do Brasil no aumento da base florestal para o enfrentamento às mudanças climáticas e destaca os compromissos assumidos pelo País em reduzir emissão de carbono. Segundo ele, outra ferramenta relevante é a implementação do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).
“O plano enseja duas ações: a intensificação dos sistemas agrossilvopastoris e o aumento da área de florestas plantadas. O Brasil se comprometeu a acrescer 3 milhões de hectares de florestas até 2030, o que corresponde a cerca de um terço da área atual. E o Rio Grande do Sul tem meta de ampliar em 322 mil hectares”.
O presidente da Ageflor, ressalta que para alcançar a meta precisa avançar a atualização no Zoneamento Ambiental da Silvicultura, prevista incialmente para ser realizada em 2013 e ainda não concluída no Conselho Estadual do Meio Ambiente.
“Esperamos que se chegue num consenso e tenhamos um documento que possibilite o crescimento da área plantada aliado com a preservação ambiental. Um setor que preserva quase a mesma área que produz não pode ser impedido de crescer e produzir bens necessários para o nosso dia a dia”, finaliza Alves.
Fonte: Jornal do Comércio