O Bom Mecânico
Por: Fábio Verardi
Certamente daqui a alguns anos teremos que explicar para as novas gerações, que existiu uma época em que profissionais precisavam enganar as pessoas para alcançarem o “sucesso”, superdimensionavam um problema, inventavam defeitos graves em equipamentos, se valendo de técnicas obscuras da má conduta, se aproveitando da falta de conhecimento alheio para atribuir um injusto preço a um serviço que lhe seria corriqueiro. Talvez o exemplo mais pontual para se fazer uma ilustração explicativa desse quadro, seja o do mecânico de automóveis, aquele sujeito que com uma expressão de tristeza no olhar, sentencia que infelizmente será preciso trocar várias peças do motor e que isso irá custar uma bela grana. Muitos de nós já caímos nesse revoltante golpe, que vem acompanhado de muita indignação, ainda mais quando um diagnóstico posterior nos aponta que se tivéssemos feito a troca de um simples retentor, o caso estaria resolvido. Porém, o golpe só é descoberto quando pelo nosso caminho cruza a figura do bom mecânico, mas como identificá-lo? Geralmente o bom profissional é aquele que com clareza nos fala aquilo que não queremos ouvir, ou seja, a verdade. É aquela pessoa que iremos procurar depois de alguns meses para que ela conserte a trapalhada que nossa teimosia insistiu em querer acreditar, e, que transformou o problema num problemão. Conhecemos pessoas que parecem escolher sempre a opção errada, como se fosse um castigo da vida, primeiro precisam errar e sofrer as consequências, para somente depois conseguirem usufruir das benesses. Por isso, o sinal mais radiante de acerto para nossa escolha se traduz numa palavra mágica chamada – reputação. Os aplicativos e as plataformas de negócios trouxeram o critério de avaliação e o histórico de conduta de quem oferece seus serviços, e, todos nós respeitamos muito isso, por que, mesmo de maneira inconsciente acreditamos na reputação de uma pessoa ou empresa como o elemento mais importante para que as coisas deem certo. Escutamos de forma recorrente que os tempos atuais estão duros, que não dá para acreditar em ninguém, mas não nos enganemos, a tecnologia nos trouxe um poderoso alento de sabermos identificar quem é quem, e, com isso, a boa reputação nunca esteve em tanta evidência. As avaliações ruins de um produto ou serviço obrigam que seu vendedor tenha que se reinventar, sob pena de fracasso do seu negócio, fenômeno que também vemos acontecer com as relações humanas, pois estamos passando por um crivo avaliativo e também nos tornamos avaliadores. Ninguém quer estar perto da intolerância, da brutalidade e do sofrimento, queremos sim estar com pessoas que respeitem a vida e o ser humano, mas será que a reputação das pessoas que fazem parte da nossa vida está com uma boa pontuação?