Fundo formado por famílias investe na expansão do seguro agrícola
Inovadora na comercialização de produtos como insumos e grãos pelo modelo de venda direta, a catarinense Produce está ampliando suas operações e ingressando no setor de serviços. Desde novembro, a empresa com sede em Chapecó e filiais em sete estados passou a atuar no ramo de seguros agrícolas, fruto de parceria com a Agrotech, corretora especializada em seguros agrícolas com sede em São Paulo e rede de atendimentos em oito estados.
Dados do mercado apontam que, atualmente, 86% do negócio de seguro agrícola estão concentrados em grãos como soja, milho e trigo. Mas somente 22% da área plantada no Brasil tem seguro agrícola, enquanto os outros 78% estão descobertos.
Por outro lado, as sucessivas estiagens verificadas nos últimos anos e outros eventos climáticos que afetam a produção e a produtividade nas lavouras fazem do seguro agrícola um insumo cada vez mais valioso e que pode evitar um desastre financeiro nas empresas rurais. Mas justamente pela alta incidência, esse investimento tornou-se caro demais para muitos produtores, por conta da alta demanda e da menor oferta de recursos, principalmente no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.
O negócio começou bem. Na largada da operação, cerca de R$ 200 milhões em seguros já foram contratados junto à base de aproximadamente 30 mil clientes da Produce.
“Nossa parceria oferece capilaridade e dissolução do risco. Ao fechar contratos em todo o País, a seguradora dilui o risco, pois as quebras de safra são pontuais. No ano passado, enquanto o Rio Grande do Sul amargou perdas de 40% na produção de soja, Mato Grosso colheu a maior safra da história”, diz Guilherme Trotta, diretor e cofundador da Produce.
A proteção para os investimentos do produtor rural contra perdas nas lavouras pode ser contratada por meio do 5,1 mil producers, como são chamados os consultores cadastrados, uma força de vendas espalhada por 23 estados e presente também no Distrito Federal. É formada por profissionais de todas as áreas, que oferecem os produtos para vizinhos e conhecidos.
A aposta é no modelo porta-a-porta, como já ocorre com o portfólio de produtos, que hoje conta com mais de cem itens, em 14 categorias, como sementes de soja, milho, feijão, trigo e sorgo, fertilizantes, adjuvantes, biológicos, linha de nutrição animal, pastagens, organominerais e acessórios.
O diferencial, diz Trotta, é a forma de contratação do seguro. A partir da inserção dos dados da propriedade no aplicativo da Produce, o cliente pode conferir as cotações das oito seguradoras parceiras da Agrotech e passar a negociar diretamente, buscando melhores condições.
“O seguro agrícola ficou até 60% mais caro nos últimos anos. Além do mais, por ser oferecido basicamente por instituições públicas, exigia um caminho burocrático e nada ágil. Hoje isso mudou. Está mais fácil e acessível”.
Paulo Danilo Criveli, sócio da corretora, explica por que o modelo de negócio interessou a Agrotech.
“Nossas expectativas são as melhores possíveis. Seremos um braço consultivo. Todo o seguro que a Produce comercializar vai passar por uma validação, um crivo interno nosso. Isso dará tranquilidade tanto para quem oferta quanto para quem compra”.
Especialista com 13 anos de mercado, Criveli ressalta que o seguro agrícola garante cobertura contra eventos como secas, granizos, geadas, chuvas excessivas e vendavais.
“A única ferramenta que não está na mão do agricultor é o clima. Se a lavoura tiver problemas por conta de intempéries, nós atuamos junto às seguradoras parceiras para que ele obtenha a indenização. Quem tem seguro está dormindo tranqüilo, porque sabe que pelo menos as contas ele vai pagar”, avalia Criveli.
De acordo com ele, mesmo o produtor capitalizado deveria se proteger, pois se houver uma frustração na safra, ele vai perder dinheiro de alguma maneira. E o produtor que não é capitalizado e depende de empréstimo, financiamento ou custeio pode ficar sem acesso a crédito na próxima safra.
“Nossa parceria quer manter o produtor ativo, plantando todos os anos e com acesso a crédito”, acrescenta Criveli.
Fonte: Jornal do Comércio