A agricultura é parte da solução

Em setembro próximo, em Nova Iorque, o mundo agrícola se reunirá para debater o futuro dos sistemas agroalimentares pós-Covid-19. Obviamente que o cenário pós-pandêmico se mostra mais desafiador. Não há dúvidas que a pandemia acirrou as desigualdades e exacerbou as contradições. Se, por um lado, a fome bate à porta do mundo, por outro, a América Latina e Caribe têm um potencial inigualável como produtor e exportador global de alimentos.

A reconstrução da economia pós-Covid representa uma oportunidade ímpar de mudar os sistemas agroalimentares, com o objetivo de erradicar a fome e transformar o planeta em um ambiente mais sustentável para todos. A agricultura é parte da solução e não do problema, e deve apoiar-se na ciência e na tecnologia, insumos fundamentais para a geração de políticas públicas. Da mesma forma, não podemos pensar em melhorias nos sistemas alimentares sem primeiro pensar nos produtores agrícolas. A agricultura familiar, na América Latina e Caribe, engloba cerca de 60 milhões de pessoas e produz a maior parte dos alimentos consumidos na região.

 Necessitamos priorizar as cadeias curtas de produção, apostar em produtos e suprimentos de melhor qualidade e no maior uso de ferramentas digitais para reduzir custos e ampliar o alcance da comunicação. Apoiar a agricultura familiar e fortalecer o associativismo são fatores preponderantes no amparo aos produtores. Também devemos pensar e promover a atividade agrícola de forma sustentável e apoiar modelos que envolvam práticas responsáveis, com menor consumo de água, menor emissão de gases de efeito estufa e diminuição da devastação das nossas florestas.

 Principalmente nesses últimos dois anos, o Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA) vem intensificando sua atuação junto aos países da América Latina e Caribe, promovendo a modernização dos serviços de cooperação técnica para a região. Erradicar a pobreza e a fome no mundo, além de serem os dois primeiros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), permanecem como pontos centrais no debate da atualidade. Infelizmente, os avanços são pequenos frente ao desafio que se agigantou. A solução requererá um pacto global centrado na boa vontade, na humanidade e na empatia entre os povos. Sem uma ação coletiva e inclusiva, 2030 – marco final para o atingimento dos 17 ODS – representará um sombrio limiar do nosso fracasso como Humanidade.

Caio Tibério da Rocha
Coordenador do IICA para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

Fonte: Jornal do Comércio

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