7ª Marchita da Gurizada chega ao fim com 69 vencedores

É isso mesmo que você leu no título: na Marchita da Gurizada, projeto que acontece desde 2013 no município de Jaguarão/RS, o pódio não tem alturas diferentes para cada colocação, tampouco é seccionado em espaços pequenos, em que só cabe um premiado. O que a Marchita premia é a cooperação entre os participantes, então, após compartilharem aprendizados, apoio mútuo e a parceria na estrada durante 8 dias, todos os 69 guris e gurias que, montando os seus Crioulos, iniciaram o percurso no sábado da última semana (11) saíram vencedores. Sem hierarquia nem espírito de competição, a totalidade dos participantes finalizou a prova com uma medalha no peito – medalhas essas que, para muitos, são somente as primeiras de tantas outras que eles ainda têm a receber na sua trajetória junto ao Cavalo Crioulo.

Iniciada no último final de semana, a Marchita seguiu a sua programação até o início deste sábado (18), quando os competidores concluíram a etapa final da prova que percorreu, ao longo destes dias, 220 quilômetros, totalizando 22h26min na estrada. Foi o encerramento de mais uma edição do projeto que foi concebido com o intuito de “plantar a sementinha” da Marcha da Resistência, um dos pilares de seleção do Cavalo Crioulo, em crianças e jovens – sejam eles bem pequenos, como os que marcham no colo dos pais ou com o cavalo a cabresto na categoria Incentivo; ou então mais velhos, com até 16 anos de idade, participando da categoria Principal.


Foto: Rafaela Jacques

A não ser pela distância e pelos tempos de concentração prévia e de realização da trajetória, a Marchita em nada difere da prova original, como conta o organizador da iniciativa, presente desde a sua primeira edição, João Pedro Jacques: “É uma miniatura da Marcha da Resistência. A gente busca disciplina, a gurizada tem horário pra largada e chegada. A intenção é que eles tentem fazer tudo sozinhos, para irem pegando uma independência de agarrar o seu cavalo na mangueira, encilhar e desencilhar, lavar e cuidar do seu cavalo, apresentar o exame veterinário, soltar no potreiro…”. João Pedro conta ainda que a evolução rápida que ocorre durante a Marchita rende um desempenho diferenciado assim que os jovens passam a competir na marcha grande: “Vários guris que já correram as primeiras edições da Marchita vão para a marcha principal com muita vantagem em alguns aspectos como controle do tempo e cuidados com o cavalo. Eles sabem se conduzir muito bem na prova principal”, diz.

A vivência na estrada é aliada a outras atividades, como aulas e oficinas, das quais as crianças e jovens participam entre as marchas de cada dia. Aulas sobre a história da raça Crioula, o encilhamento do cavalo e a condução na estrada são exemplos de como essa experiência é enriquecida para os participantes mesmo nos momentos em que os cavalos descansam para a próxima jornada. Neste ano, uma novidade: foi introduzida na programação cultural uma oficina de tranças, ministrada pelo artesão Carlos Xavier.


Oficina de tranças com Carlos Xavier, o “Maneca”.

Ainda que o aprendizado do que diz respeito ao cavalo seja parte essencial da Marchita, este é apenas um dos fatores responsáveis pelo sucesso deste projeto que ganha mais adeptos a cada ano. A convivência e socialização, não só entre os participantes, como também entre famílias, encanta: “A gente tem famílias inteiras, com pais e avós ajudando, vibrando… é um ambiente espetacular. Ter a chance de criar os filhos nesse ambiente que está se criando na Marchita é tudo o que a gente pode querer”, comemora João Pedro Jacques.

A 7ª Marchita da Gurizada – Projeto Itapitocai é uma realização do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Jaguarão/RS (NCCCJ) junto à Estância Itapitocai, com o apoio do Sindicato Rural de Jaguarão. A iniciativa é também apoiada pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos e pela Inove Agroleilões.

Fonte: ABCCC

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