Sistema Farsul e Fundação Pró-Sementes divulgam estudo sobre produtividade e qualidade de cultivares de trigo no Rio Grande do Sul
O resultado do Ensaio de Cultivares em Rede com foco no trigo, realizado pela Fundação Pró-Sementes com patrocínio do Senar-RS e Bayer, foi apresentado na tarde desta quinta-feira, na sede do Sistema Farsul, com novidades na edição deste ano. O estudo que compara a produtividade de cultivares em diferentes áreas tritícolas do estado passou a incluir informações sobre a qualidade do produto colhido, fator que influencia diretamente no preço pago ao produtor.
O estudo analisou 35 cultivares de trigo em sete regiões divididas entre duas zonas tritícolas: São Gabriel, Cruz Alta, Passo Fundo e Vacaria, na região tritícola 1 – zona fria, úmida e alta – e São Luiz Gonzaga, Santo Augusto, e Cachoeira do Sul, na região tritícola 2 – zona moderadamente quente, úmida e baixa. O estudo também avaliou duas diferentes épocas de plantio. Considerando apenas os dados de produtividade, a análise demonstra que, dependendo da cultivar que o produtor rural escolher, ele pode ter uma variação de até 30 sacas por hectare, o que equivale a uma disparidade de remuneração de R$ 1.290,00 por hectare. O resultado foi observado em Santo Augusto, região que se destacou com médias de mais de 7.000 quilos por hectare.
A coordenadora de Pesquisa da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl, diz que o estudo comprova que não há uma solução única para cada zona tritícola: uma cultivar semeada em das localidades diferentes da zona 1, por exemplo, por apresentar resultados bem diferentes em termos de produtividade: “Além do clima, as variações de solo também podem influenciar qual variedade é mais adequada para cada região. Por isso, é importante analisar o estudo com cuidado e também investir em manejo, adubação, fungicida. É um conjunto de fatores para chegar a uma boa produtividade”.
O superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, afirma que a entidade apoia o estudo pois leva o conhecimento ao alcance do produtor, para que ele possa tomar decisões que tem um impacto direto na lucratividade: “O estudo mostra que é possível obter produtividade acima de 100 sacos por hectare em muitos locais. Mas na média do estado, estamos colhendo cerca de 50. Esse estudo mostra ao produtor que ele tem um horizonte de sacos por hectare a buscar que pode incrementar o seu ganho. Há espaço para o crescimento da produção de trigo”, ressalta Condorelli.
O coordenador da Comissão de Trigo da Farsul, Hamilton Jardim, observa que desde que os estudos de cultivares começaram há 12 anos, os resultados indicam uma melhora significativa na produtividade e afirma que a qualidade do grão acompanhou essa tendência. A partir desta edição, este tipo de análise ficará mais acessível: o ECR apresenta informações como cor da farinha, força de glúten, número de queda e percentual de proteína presente no grão que são indicadores da qualidade industrial do grão colhido. São fatores que influenciam o preço pago ao produtor, ou seja, para obter um retorno maior o produtor deve levar em conta tanto a produtividade quanto a qualidade. “Nós gastamos só com importações esse ano US$ 1,5 bilhão em importações, então há demanda a ser suprida que só não é atendida por questões de preço. Houve uma evolução muito grande do trigo. Hoje eu posso produzir um trigo para atender a uma demanda específica do mercado seja para melhoramento, pão, massa ou para biscoito, como mostra esse estudo”.
O vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, lembra que a rentabilidade do trigo tem sido afetada pela disparidade no custo dos insumos na comparação com os vizinhos do Mercosul e por preços pagos ao produtor que, no passado, sequer pagavam os custos. No entanto, o plantio de trigo é fundamental na preparação do solo para culturas de verão, como a soja, o que justificaria o plantio mesmo com o rendimento ainda baixo. O investimento nas cultivares mais adequadas para cada local, em variedades com maior qualidade e em manejo poderiam elevar significativamente o rendimento obtido por hectare plantado, chegando a dobrar a produtividade em algumas regiões.
Fonte: Imprensa Sistema Farsul