Rio Grande do Sul perde cerca de 7 mil lojas desde o início da pandemia
Na luta contra o coronavírus, a atividade econômica tem sido profundamente afetada – nas palavras dos próprios empresários -, e o comércio e os serviços foram os mais atingidos até agora. Dados da Fecomércio-RS apontam que, de março a junho deste ano, o varejo perdeu 33.168 postos de trabalho e 42.208 vínculos formais nos serviços em todo o Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, foram extintas 14.258 vagas nos serviços e 7.652 no comércio.
Já no Estado, até junho, mais de 5,5 mil lojas fecharam as portas definitivamente, segundo a Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV). Os números mais recentes já chegam a 7 mil desistências. “Não se consegue perceber porque todas as empresas não essenciais estão com as cortinas baixadas, mas quando acabar a pandemia veremos que serão muitos os que não irão retornar”, comenta o presidente da AGV, Sérgio Galbinski. “Porto Alegre tem 11,8 mil empresas de comércio e 108 mil comerciários. Destas, aproximadamente 20% não voltarão a abrir, porque já fecharam ou vão fechar”, resume o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva.
Para evitar as aglomerações, o varejo dito não essencial e muitos serviços permaneceram fechados durante todo o tempo em que a bandeira vermelha do modelo de distanciamento controlado esteve em vigor. “Desde meados de março estamos vivendo uma realidade jamais imaginada”, comenta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. “A possibilidade de abertura no caso de bandeira vermelha, recentemente sugerida pelo decreto estadual, é um ponto positivo frente ao cenário que tínhamos até então”, emenda o dirigente. Segundo ele, no entanto, há dois pontos fundamentais a destacar: “A permissão para abrir de quarta a sábado das 10h às 16h nos parece um período muito curto para mantermos as lojas abertas”, afirma Bohn.
O presidente da Fecomércio-RS justifica que “depois de tanto tempo fechados”, há demanda reprimida. “Um período tão restrito de funcionamento parece apenas favorecer a aglomeração de pessoas. O ideal seria podermos abrir todos os dias.” O segundo ponto, segundo Bohn, é a falta de consistência entre as posições do governo estadual e municipais. “Ainda que o STF tenha permitido que os municípios tenham regras mais rígidas que o estadual, é importante ter razoabilidade.” “O ideal seria, mesmo que com redução do número de clientes e do número de funcionários, manter todas as atividades em funcionamento”, concorda a presidente da Federasul, Simone Leite. Ela avalia que o abre e fecha do varejo “é muito prejudicial, porque os empresários não conseguem se programar com estoques, novas compras e fluxo de caixa.”
Esta instabilidade, segundo Simone, tem levado muitos empresários à desistência. “Aqueles que não estão fechando as portas definitivamente, quando abrirem estarão com as mercadorias desatualizadas, porque não estão podendo encomendar, uma vez que não há previsibilidade”, completa Galbinski. O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, reforça que ” a volta é incerta”. “Quem trabalha com produtos de inverno vai ficar com estoque na loja e sem capital de giro para comprar os produtos para o verão. Se acontecer mais algum episódio nos próximos meses, é passível de mais lojas quebrarem.” Ao afirmar que o setor varejista vem passando muitas dificuldades, Kruse destaca que não há como manter um negócio sem faturamento. Ainda assim, ele incentiva aos lojistas que busquem esperar e segurar mais um pouco, pois quando o comércio voltar a funcionar, o consumidor estará presente nas lojas. “Tivemos uma pequena amostra no sábado passado”, finaliza Kruse.
Fonte: Jornal do Comércio