Paraná já tem plantio da soja, mas muitos ainda esperam chuvas para começar
Poucas chuvas não estão encorajando os produtores a iniciarem o plantio da soja. Ainda assim, há regiões com boa umidade e sementes no solo. Confira!
O plantio da soja está liberado para acontecer no Paraná desde 10 de setembro, entretanto o clima não está colaborando para isso, já que há influência do La Niña sobre o clima, confirmado pelo departamento de meteorologia dos Estados Unidos, o NOAA. Com isso, poucas áreas receberam chuvas adequadas para iniciar os trabalhos e isso começa a preocupar os produtores.
Segundo a editora de Tempo do Canal Rural, Pryscilla Paiva, deveria ter recebido pelo menos 75 mm acumulados em boa parte do estado, mas só choveu 25 mm acumulados em média.
“Nos próximos dias terá chuvas no estado, mas com poucos acumulados. Será uma chuva rápida. O sudoeste do Paraná normalmente já recebe mais chuvas que o Norte, então estamos falando de maneira pontual”, diz.
Em Toledo, as chuvas não chegaram. Por isso, a produtora rural e engenheira agrônoma Andrea Morschbacher não quis arriscar a plantar no pó e vai esperar a umidade no solo ficar mais adequada para iniciar os trabalhos.
“Olha, no ano passado comecei o plantio da soja no dia 3 de outubro e depois consegui plantar o milho safrinha sem problemas. Ainda temos condições de fazer uma bela safra de verão e safrinha. Então é uma questão de ver o copo meio cheio ou meio vazio. Óbvio que se eu tivesse antecipado o plantio da soja no ano passado, teria uma produtividade maior. Mas vai saber se tivesse vindo uma estiagem ou uma geada. Nunca sabemos, sempre é um risco, certas vezes maior, outras menor”, diz.
Segundo Andrea, a terra está pronta, os maquinários regulados e as semenres a disposição para começar o plantio, basta a chuva chegar.
“Está tudo pronto! Preparo da palhada no solo, insumos, sementes e máquinas reguladas. Trato a semente com defensivos na fazenda e inoculantes e produtos biológicos no sulco de plantio”, comenta.
Na propriedade de Anderson Pasquali, em São Miguel do Iguaçu, as chuvas também não chegaram, quer dizer, não na quantidade necessária.
“Aqui está tudo pronto, plantadeiras reguladas, sementes tratadas, mas chuva que é bom, nada ainda. Tivemos 5 mm no dia 18 e foi só isso. Não dá para começar assim, temos que esperar uma previsão de chuvas mais adequadas para soltar as sementes”, afirma.
Segundo o presidente da Aprosoja Paraná, Márcio Bonesi, alguma regiões receberam bons volumes de chuvas nos últimos dias, mas a maioria não viu uma gota sequer.
“A situação atual já preocupa muito os produtores do estado. Em algumas regiões choveu até 130 mm, mas em muitas nada. Na minha área não recebi nem 1 mm. Tem gente arriscando e plantando no pó, mas a maioria está esperando, já preocupados com a segunda safra, pois se atrasar a primeira, atrasa a segunda”, afirma.
Sem chuvas, sem dessecação
Em Maringá a situação é parecida com as outras regiões citadas e o produtor Alessandro Oliveira, nem sequer conseguiu fazer a dessecação das plantas invasoras adequadamente.
“Aqui na minha região, quem conseguiu colher o milho antes da chuva de agosto, conseguiu dessecar, já quem tinha milho para colher esta sem dessecar, como é meu caso. Está tão seco o tempo, que preciso de umidade para fazer essa dessecagem ainda”, diz Oliveira.
Para piorar a situação, quando a chuva chegar e a aplicação de herbicida for realizada, o produtor ainda terá que esperar pelo menos 10 dias para poder entrar plantando a soja.
“Estamos pedindo a Deus pra essa chuva vir logo. Só recebemos 5 mm esses dias. Vamos tentar fazer a aplicação de herbicidas na madrugada, que tem mais umidade. Tenho muita buva na área e o produto que uso, é preciso aguardar pelo menos 10 dias para poder plantar. E essa situação não é só comigo, meus vizinhos também estão com áreas para dessecar”, conta o produtor.
Em Santo Antônio do Paraíso, o produtor Claudio Pitelli, estava na mesma situação de Alessandro Oliveira, mas com as chuvas do último dia 21 de setembro (10 mm), conseguiram iniciar a dessecação das áreas.
“Já dessequei 140 hectares e vou esperar as chuvas para plantar a soja. Mas a partir do começo de outubro já posso plantar nessa área, se tiver chuvas, claro. Preciso de pelo menos uns 60 mm para entrar plantando”, diz Pitelli. “Mas ainda tenho que colher uma área com milho e outra com trigo e dessecar na sequência, vamos ver quando conseguirei.”
Vizinhos felizes
Se a realidade geral é de falta de chuvas, em Mangueirinha já tem produtores plantando soja. O vencedor do concurso de produtividade do Cesb, Laércio Dalla Vecchia, é um dos produtores que está conseguindo semear um pouco de soja. Até o momento ele plantou 25% de sua área e destaca a importância de uma boa palhada.
“Consegui plantar em duas áreas que tinham boa umidade, após uma chuva que recebemos. Mas no geral o pessoal está sem chuvas, esperando para plantar mesmo”, conta ele.
A poucos quilômetros da fazenda do Laércio, ainda em Mangueirinha, o produtor Anderson Graminho, que participa do grupo de produtores do campeão do Cesb, também recebeu chuvas e conseguiu plantar 85 hectares com soja, dos 680 hectares que possui.
De maneira geral, Laércio espera ter uma produtividade tão boa quanto a conquistada na temporada passada, que lhe rendeu o título de maior produtividade nacional do Cesb.
“Choveu um pouco aqui e com a palhada que temos, a umidade foi bastante boa para plantar nessa parte. Ainda faltam chuvas para plantar o resto, mas por enquanto está tudo correndo bem. Imagino que no começo de outubro conseguiremos plantar mais soja”, diz Graminho.
A produção de soja no Paraná deve ocorrer em uma área de 5,67 milhões de hectares segundo levantamento da Aprosoja Paraná. Já a consultoria Safras & Mercado espera uma área parecida de 5,6 milhões de hectares. A Companhia Nacional de Abastecimento ainda não divulgou suas primeiras perspectivas para a safra 2020/2021, isso deve ocorrer em outubro.
Com isso a produção prévia aponta pela Safras pode chegar a 20,7 milhões de toneladas nesta temporada.
Fonte: Canal Rural